Capítulo 45

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Rafaella acordou pela manhã sentindo falta do calor de sua Selvagem que havia saído em plena madrugada para resolver pendencias e prometera voltar para o desjejum. Por mais que soubesse que deveria faltar pouco tempo para ter a morena de volta em seus braços, Rafaella ainda estava órfã de seu calor. Ergueu—se da cama e trocou de roupa a tempo de descer para descobrir que Matthew e Camélia já haviam saído. Queria preparar o desjejum de Gizelly.

Mas uma batida na porta a interrompeu enquanto ela separava alguns ovos. Estava tão absorta na saudade que não reparara que Gizelly nunca batia na porta, tampouco da forma como aquilo soara. Rafaella parou no vão da porta e reconheceu o homem de algum lugar, sem saber exatamente de onde.

— Onde está Bicalho?

A jovem encarou o homem a sua frente com os olhos arregalados de pânico. A mão dele estava fechada em torno da coronha do revólver e Rafaella reconheceu nos olhos dele algo que nunca vira nos olhos de Gizelly: a vontade de matar.

— Quem és?

— Raylan Cogburn.

— Trabalhar para Daniel, não é?

— Sim, senhorita. Aonde está Bicalho. Sei que tem andando por estas terras.

— Não está aqui. — Rafaella surpreendeu—se por seu tom sair tranquilo, quando na verdade estava trêmula. O homem se aproximou da entrada de sua casa e a Dama do Leste estremeceu. — Não lhe convidei para entrar, senhor Cogburn.

O homem sorriu para ela enquanto dava outro passo a frente.

— Vais dizer que ela deixou uma mulher tão linda sozinha?

Por um lado, Rafaella pareceu aterrorizada com a ideia de que Gizelly ainda poderia demorar para chegar, por outro, sabia que não seria rápida o suficiente para alcançar o rifle que ficava perto da porta. E a pistola que Gizelly lhe dera, estava guardada em seu quarto.

— É curioso, pois seu cavalo foi visto na cidade. Mas ela não.

Então o homem estava andando até sua cozinha, Rafaella o seguiu, cautelosa.

— Ela está sempre aqui contigo.

— Ela vem me visitar quando convém. Em sua próxima visita, direi que lhe procura. — Ela disse com a esperança de que o homem a deixasse em paz. E saísse pela porta. — Se me...

— Faça isso, senhorita. — O homem pegou uma das torradas de Rafaella e sorriu para ela. Mas diferente do que Rafaella esperava, ele se aproximou ao invés de se afastar. — Já lhe disseram que a senhorita é muito bonita para estar sozinha nestas terras?

Rafaella umedeceu os lábios.

— Não estou sozinha. Matthew e Camélia...

— Também estão na cidade. Os vi antes de partir para cá.

— Senhor Cogburn, se me deres licença... — Ela tentou afastar—se, mas foi puxada de volta até que seu corpo batesse contra a parede ao lado da porta da cozinha. — Ora... Por favor.

— Conheci teu pai. Um homem bom, porém fraco. Uma lástima ter acontecido o que aconteceu. — Ele disse e sua voz pareceu ainda mais sombria. — Se ele fosse um pouco mais esperto, talvez sobrevivesse ao acidente.

— Ora... Que acidente.

— Sabes, ao ataque de índios. — Enquanto falava, ele levou a mão à frente da blusa dela, desatando o laço que prendia as duas pontas no meio, e consequentemente, cobria seus seios. — É uma pena, de fato. Mas talvez... Tudo aconteça por algum motivo.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora