Capítulo 51

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Enquanto o sol banhava sua pele nua, dando lhe uma coloração mais vermelhada, Rafaella se ergueu de um mergulho, afastou os cabelos para trás com as mãos, apenas para encontrar o olhar de uma Gizelly nua, com aquele sorrisinho presunçoso, típico de quem sabia o que estava fazendo. Sorrindo, como sempre fazia, acabou por se perguntar sobre a possibilidade de uma conversa apenas por pensamentos, e tinha certeza de que sabia exatamente o que sua Selvagem estava lhe dizendo com aquele olhar.

Aproximou—se dela até ser segurada pelas mãos firmes, e então enlaçou o quadril da morena com suas pernas. Colou—se a ela e sorriu ao sentir o nariz quente roçando seu pescoço. Enquanto era segurada com firmeza, notou, também, a delicadeza do toque da morena; e era sempre surpreendente sentir as nuances de cada segundo de Gizelly. Como lhe tocava, olhava, sentia. Como respirava.

E mesmo nos toques mais simples e inocentes, inofensivos, Rafaella sentia o corpo inteiro esquentar. Nem mesmo a água gelada era párea para frear as reações de seu corpo. Gizelly, por sua vez, sorriu ao notar o arrepio percorrer a pele de Rafaella — imaginando que era causado por seu toque. E sentindo—se ainda mais orgulhosa, apesar de apavorada, do quanto estava sendo corajosa.

Nunca, em toda a sua vida, imaginou experimentar tal vulnerabilidade, nunca pensou em apaixonar—se, entregar—se... Mas com Rafaella não havia outra opção, outra possibilidade. Como as pulseiras e alianças que pendiam em suas mãos e pulsos, estavam entrelaçadas. Eram o par uma da outra.

A Pistoleira nunca pensou que estaria tão familiarizada com o aperto no peito, ou a pistola apontada para seu coração; mas estava sempre certa de que não trocaria os momentos com Rafaella por tiro no mundo. Por nada. Deixou que seu nariz deslizasse pela pele branca, banhada de sol, de sua mulher, e então subiu de encontro à bochecha macia. Percebeu o sorriso de Rafaella.

E afastou o rosto para encontrar aquele olhar.

— Podemos ir à cidade hoje?

— Claro que sim, Duquesa. — Disse solenemente. — A hora que quiseres, preciso, também encontrar com Doc. Devemos despedir—nos. Creio que ele partirá com Katherine em breve.

— Achei que ele fosse arranjar morada aqui.

— Arranjou. Ele irá buscar as coisas e então voltar. Pediu minha ajuda, por sinal.

— Irás viajar com Doc?

— De certo que sim.

Os lábios de Rafaella se fecharam em um bico adorável.

— Que há, Duquesa?

— Até o Arizona são muitos dias. Irei sentir tua falta.

— E eu a tua. — Confessou o óbvio e pressionou o corpo de Rafaella contra o seu, caminhando com ela por dentro da água fria. — Mas voltarei sem demora, prometo—te.

— Acredito em ti, meu amor. — Seus braços envolveram o pescoço da morena. — Só gostaria de poder ir contigo, mas...

— As aulas hão de voltar.

— Sim. Não quero perder este momento.

— Voltarei para ti, Duquesa. Sem demora.

— Já lhe disse o quanto tu és linda?

Gizelly abriu um sorriso que beirava a timidez.

Era sempre inexplicavelmente delicioso ver como a pistoleira mais temida do Oeste reagia a ela. Encantadoramente. Na cama ou fora dela, no quarto, ou fora dele. Em qualquer lugar. Tempestuosa, calma, divertida ou de qualquer forma.

— Lhe disse o quanto faz—me sentir coisas que nunca pensei que fosse entender? E que agora entendo de tal forma que consigo nomear exatamente cada sensação?

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora