Capítulo 24

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Dia triste hj, se cuidem galera, cuidem dos seus!!

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Rafaella pensou em começar a gritar.

— Tire as mãos da minha mulher.

Foi a voz que interrompeu todos os seus pensamentos. Os índios colocaram—se todos de pé, flechas, facas e rifles preparados. Rafaella reconheceu a voz rouca e suave, mortal. Ela quis correr até a mulher, mas estava impossibilitada, e mesmo quando o homem da cicatriz soltou seus cabelos, ela se viu segurada pelos ombros por outro homem igualmente alto e forte. Gizelly estava realmente ali? Aquilo não era apenas um delírio? Ela não estava mais sonhando?

A morena se aproximou do grupo, não fez nenhum sinal para Rafaella, sequer olhou para ela. E então falou em uma língua que Rafaella não entendia. E não queria entender. Só queria sair dali o quanto antes.

— Muito tempo que não o vejo, Grande Urso.

— Não achei que a veria de novo, Waya.

— Não deveria. Mas estás com a minha mulher.

Grande Urso estendeu a mão e os dois se estreitaram com força. Gizelly sorriu para ele, apesar de seus olhos estarem frios e duros como aço.

— Venha comer conosco.

Gizelly assentiu e sentou ao lado do fogo para compartilhar a carne. Pelo rabo de olho viu que Rafaella a observava, e parecia atônita, apesar do rosto pálido de medo, de cansaço. Tinha a roupa rasgada e sabia que ela deveria estar tremendo de frio enquanto ela estava lá comendo e bebendo. Mas conhecia bem a tribo em que estava, e se queria salvar—lhe a vida, tinha que seguir suas tradições.

— Onde estão os outros?

— Mortos. Perdidos. Fugindo. — Grande Urso encarou o fogo com tristeza. — Os espadas—largas têm nos caçado como animais. Sobraram poucos. E tua tribo?

— Estão da mesma forma.

Falaram sobre as recordações dos tempos em que passaram juntos, Gizelly fora parar ali em sua primeira fuga da tribo de sua mãe. Acolheram— na porque ela era como eles, a maioria era apenas meio apache. Encontraram conforto nas desgraças da vida, mas como sempre ela era fechada demais. A única coisa que sabia era que havia feito uma promessa à Grande Urso quando eles eram apenas adolescentes. Um não poderia levantar a mão contra o outro — depois de terem matado, juntos, um invasor.

Entre várias conversas sobre as pessoas amadas e dores compartilhadas, Gizelly se lembrou do vínculo forte que tinha com eles; ali se sentia uma apache de verdade. Mas os dois sabiam que o tempo havia passado por demais e que nada seria como era quando se viram a última vez, dez anos antes.

Quando acabaram de comer, Gizelly levantou.

— Levaste a minha mulher, irmão. Vim pega—lá de volta.

— Não é minha prisioneira. — Ele disse e mexeu nos longos cabelos cobertos pelo chapéu com a pena de águia. — Braço Torcido está com ela. Não cabe a mim devolve—lá.

Gizelly assentiu e sorriu.

— Então nossa promessa seguirá guardada.

Enquanto Rafaella observava a morena se aproximar, ameaçadora, desejou ter forças para gritar com ela. E desejou ter mais forças ainda para lutar contra o homem enorme que a segurava no colo. A selvagem se dirigiu ao homem da cicatriz.

— Levaste a minha mulher, então. E não se recordou quando eu disse para manter tuas mãos imundas longe dela.

— Não terminei com ela.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora