Capítulo 8

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Enquanto esperava Rafaella comprar roupas novas na loja ao lado do saloon, Gizelly fumava seu cigarro e olhava as pessoas à sua volta; reconhecia alguns, via o medo em outros, crianças indo de encontro à Manu em sua pequena escolinha, homens embebedando–se antes do almoço, algumas das garotas de Ivy e viu até o pai de Daniel, noivo de Rafaella Mas foi um homem saindo do saloon que chamou sua atenção.

Depois de tantos anos de experiência, Gizelly era perfeitamente apta a reconhecer um apache mesmo que ele vivesse ou se escondesse entre os homens brancos. Não conhecia todas as tribos, até porque era impossível; e poderia até não saber de que tribo algum apache pertencia, mas reconheceria um índio quando o via, mesmo que de longe. Mesmo pelo cheiro.

E aquele homem tinha índio escrito por todo seu corpo.

Mas não era de sua tribo, ela sabia bem. Reconhecia um dos seus. Os Cherokees eram um dos povos pacíficos ameríndios. Antes que fossem expulsos do Leste, sua mãe, Márcia, protetora da tribo, e esposa do Chefe, decidiu junto ao conselho que deveriam sair em busca de novas terras. Era o mais seguro. No caminho para perto do Oeste, foram recrutando, encontrando, e juntando–se com outros povos, tornando–se um pouco maior. Mas também se espalhavam pelo país inteiro.

Alguns mais rebeldes que os outros.

Cheveyo.

Ela balançou a cabeça em um cumprimento, apenas um índio reconhecia outro. E falar o nome de índio era uma questão de segurança, para você saber que o outro não te quer mal. Gizelly aprovou a atitude do homem.

Waya.

– Não vim em busca de confusão. Chamam–me de Thomas por aqui. – Ele logo disse, sabendo quem ela era, deu um sorriso de lado. – Fugi de minha tribo.

– Por que motivo?

– Paixão.

Gizelly soprou fumaça do cigarro contra o vento que lambeu seu rosto.

– Boa sorte.

– Sou grato.

– Vai ficar pela cidade?

– Não. Mudarei para Utah com a minha mulher.

– Compreendo.

– Ouvi dizer que precisas tomar cuidado. Encontrei Kange, estão querendo sua cabeça.

– Quem?

– Ele também não sabe. Disse que era um homem branco.

– Para Talles estar sabendo, provavelmente foi o estupido que se meteu comigo em minha última viagem. Sabes de mais alguma coisa?

– Não.

– Tome cuidado em seu caminho, rapaz. São poucos os homens brancos em que podemos confiar.

Cheveyo, ou Thomas, como era seu nome americano, despediu–se dela e entrou no saloon. A morena viu Rafaella se aproximar, com um sorriso tão bonito, parecendo uma criança em noite de ganhar presentes, e correu para ajudá–la com as bolsas que trazia cheias de vestidos. Resmungou ao segurar tudo em uma das mãos.

– Diabos, Duquesa, para que isso tudo?

– Se vou morar por aqui, preciso de roupas condizentes com a temperatura daqui. Terei que fazer tudo do zero, mas será rápido e é melhor do que as minhas roupas pesadas.

– Compreendo.

– Obrigada por me ajudar.

- É claro, Duquesa. Não há de que

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora