Capítulo 17

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Rafaella não viu mais a selvagem desde aquela noite de lua cheia; e não tinha tanta certeza assim se queria ver. Desencontravam–se constantemente, ou era o que Rafaella achava, até descobrir que de fato a morena evitava estar nos lugares onde ela estaria. E sempre que via Rafaella mesmo de longe, praticamente saía correndo. Frouxa. Covarde. Era tudo o que conseguia pensar. Elas precisavam conversar sobre o que havia acontecido, afinal.

Ninguém beijava outra pessoa daquela forma e simplesmente sumia como se nada mais importasse... Não era possível que Gizelly fosse daquele tipo cafajeste. E apesar de ouvir Ivy  passar por ela, contando vantagens de como Gizelly havia virado noites em sua cama, Rafaella sabia, em seu coração, que a morena não era daquele jeito.

Ou tinha esperanças de que ela não era.

Mas ela não deveria estar pensando em como Gizelly era ou deixava de ser; tinha um noivo com quem se importar. Um noivo pelo qual ela não tinha o menor interesse, por sinal, o que era péssimo e demasiadamente terrível. Ele deveria ser a pessoa em quem ela acordava pensando e dormia sonhando... Mas não era. Pelo contrário. A dona constante de seus sonhos mais profundos tinha nome, sobrenome e um cheiro muito perigoso.

Enquanto batia as roupas molhadas de Matthew, Camélia e suas próprias, contra a pedra começou a sorrir. Matthew Gonzáles era um homem tão doce, sempre que ele olhava para Camélia, mesmo que de longe, era nítido o amor que sentia. Eles estavam sempre se procurando na multidão, em qualquer lugar que fosse, os dedos sempre se entrelaçando casualmente.

Era bonito ver um homem que gostava de doçura.

E que não se importava em demonstrar afeto perante sua mulher em frente a ninguém. E como Matthew demonstrava afeto, até demais ocasionalmente. Era quase comum que Rafaella ouvisse os suspiros altos de seu quarto, apesar de eles estarem a metros de distância. Não que ela pudesse reclamar, não era seu direito; mas queria entender como alguém poderia gritar tanto e ainda assim... Pedir por mais.

Na noite da independência todos estariam reunidos para a festa na cidade. A banda andava ensaiando semanas a fio e tudo o que Rafaella queria era uma boa festa, uma boa dança e momentos bons para aproveitar ao lado de suas amigas – mesmo que isso significasse encontrar com quem ela não queria.

E mais queria, ao mesmo tempo.

Sentiu um pouco de raiva enquanto se vestia na noite de sábado. Não faria mal algum usar um vestido do Leste uma vez ou outra, mesmo que fosse um dos mais comuns que conseguia se lembrar de ter. Escolheu um verde, pois combinava com seus olhos era como raios de luar cintilando na floresta, um decote generoso que lhe realçava as curvas e os longos cabelos caindo como nuvens e cascatas por seu rosto e costas; seguira o conselho de Mari de deixar os cabelos soltos, apesar de seu decoro mandar prender com todos os grampos possíveis.

Gostava de seus cabelos soltos.

Calçou os sapatos brancos que sumiam na barra do vestido e encontrou Matthew, Camélia e Jared do lado de fora.

– Diabos... Tu estás uma miragem, Rafaella.

 – Obrigada Jared, és muito gentil. Estão todos elegantes também.

– Muito obrigada pelo vestido, senhorita Kalimann. – Camélia disse com sua voz tão doce quanto o mel. – Estou sentindo–me uma princesa.

– És uma princesa, amor meu. – Matthew disse para ela.

Não demorou para que eles rumassem à cidade e Rafaella queria encontrar com as amigas, mas teve o choque de encontrar Daniel esperando–a como um cão de guarda. Ele estava muito elegante com uma blusa preta como a noite e anéis de ouro nos dedos longos. Encarou–a com um sorriso.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora