Demorou dois dias para que Gizelly e os rapazes finalizassem completamente a sala de estar de Rafaella, incluindo moveis novos e bonitos. Aquele lugar estava impecável e dava até para comer do chão; Rafaella fez boas vendas de ovos e carne, por isso conseguiu pagar a mais para todos os rapazes trabalhando. E principalmente para Gizelly. Deu aulas na escola e descobriu que alguns de seus alunos estavam ali escondidos do pai ou de uma mãe. E todo dia quando voltava para casa, Gizelly ainda estava lá, suada, trabalhando, martelando, cortando, serrando, o que quer que fosse. Era extremamente sensual.
E estranho, no mínimo, que ela estivesse achando uma mulher tão sensual no meio de um monte de homens sem camisa. Mas inevitavelmente ela só tinha olhos para Gizelly. Aquele pensamento em especifico a deixou apavorada, momentaneamente; não que ela já houvesse estado interessada em qualquer pessoa antes em sua vida — as coisas com o próprio Daniel sempre pareceram tranquilas, não havia nada de avassalador. E com Gizelly... A mulher deveria ser o sinônimo de avassalador. Ou algo além disso.
Manu encontrou Rafaella no momento em que a mulher saía da escola; enlaçou seu braço ao dela e sorriu enquanto as duas caminhavam na direção de sua casa. Combinaram de tomar um chá juntas, algo que não faziam tinha muito tempo. E Manu soube de longe que Rafaella precisava conversar.
— Melhor falares logo antes que seja tarde demais.
Rafaella suspirou ao sentar na mesinha da varanda da casa que Manu dividia com Mari. Recebeu a xícara de chá e assoprou a fumaça antes de tomar um gole.
— Por que tens tanta certeza de que tenho algo para falar?
— Conheço—te.
A resposta fez Rafaella sorrir.
— E até sei qual é o assunto.
— Qual seria?
— Certa pistoleira selvagem do Oeste.
A xícara tremeu entre os dedos de Rafaella.
Manu sorriu ao constatar o fato.
— Ela tem passado bastante tempo em tua casa.
— Ela está ajudando na reconstrução.
— Não só de tua casa, pelo visto.
— O que queres dizer com isso?
— A verdade, oras. Há algo acontecendo entre vós.
— Não há.
— Claro que há. E tu sabes disso tão bem quanto ela.
— Como posso ter algo acontecendo com uma mulher se nunca me interessei nem por um homem? Ou por ninguém? Como vou saber que é algo?
— Pelo jeito que tu ficas quando ela está por perto.
— Manu...
— Estou falando sério. — A pequena disse com um sorrisinho. — Existe algo entre vós, sim. Não há como negar. Resta descobrir o que é. E se querem descobrir, de fato.
— Não podemos ser apenas amigas?
— Claro que podem. Mas tu consegues olhar para ela e imaginar que seriam apenas amigas pelo resto da vida?
Aquela pergunta ficou ecoando na cabeça de Rafaella o resto da tarde, e mesmo enquanto elas mudavam de assunto, falavam de trivialidades ou qualquer outra coisa, ela ainda estava pensando na morena. Nos beijos, e em como ela pareceu extremamente carinhosa nos últimos dias. Será possível que algo estava mudando entre elas, de fato?
E como Rafaella poderia saber?
Bom, não havia como negar que existia desejo entre elas, especialmente quando Gizelly estava perto demais; e Rafaela não estava acostumada a sentir desejo, ou qualquer coisa parecida. E Gzelly a fazia sentir diversas coisas bem diferentes.
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A regra de ouro (Adaptação GiRafa)
FanficO sangue apache era o que corria nas veias de Gizelly Bicalho, junto com muito álcool. A mistura desses a tornavam uma mulher indomável e sem lei alguma. Conhecida nas redondezas pela velocidade de seu revólver, Gizelly era temida até por homens no...