Capítulo 48

754 96 14
                                    

No dia proposto, o casal partiu a cavalo.

Rafaella adorava cavalgar ao lado de Gizelly, mas havia algo de essencialmente especial em estar montada em Kato com os braços da morena lhe envolvendo com carinho enquanto trotavam rumo ao mesmo destino. Talvez fosse a forma como a morena respirava, como o chapéu causava a sombra entre elas, como ela conversava com Kato em uma língua que apenas os dois pareciam entender. E principalmente como o mustang parecia respondê—la. Também poderia ser a desculpa do frio que obrigava as duas a ficarem ainda mais abraçadas, ou só o fato de que se amavam acima das outras coisas, então tudo era motivo para felicidade.

Mas não negaria o nervosismo aparente.

Tampouco fazia questão de tentar, uma vez que estava trêmula e com a respiração entrecortada enquanto Kato as guiava rumo ao horizonte empoeirado. As bolsas estavam penduradas na sela e pendiam sem muito peso, uma vez que não estavam levando mais do que algumas peças de roupa. Iriam ficar alguns dias, caso pudessem. E Rafaella sabia que Gizelly estava nervosa também, por que algo poderia dar muito errado.

Tentou manter—se esperançosa enquanto o sol queimava seu rosto, quando pararam para Kato beber um pouco de água no riacho mais próximo. Rafaella aproveitou a situação para lidar com suas necessidades, tendo Gizelly para lhe proteger a retaguarda. Ao findar, as duas encontraram—se em um abraço suave.

— Como estás a se sentir, Duquesa?

— Nervosa, confesso. — Disse sem rodeios. Seus braços envolveram o pescoço da morena com lentidão. — E se tua mãe não agradar—se comigo?

Netis vai adorar—te, lhe juro.

— Estás com medo de não seres aceita na tribo?

— Não sou aceita na tribo de toda a forma, Duquesa. — Disse com simplicidade. Com um balançar de ombros que denunciava sua displicência. — Não nego que minha preocupação é fazerem algo contra ti. E então... Se algo acontecer...

Rafaella tocou o rosto de Gizelly com delicadeza.

— Posso defender—me, sabes.

Gizelly segurou a mão de Rafaella contra sua bochecha.

— Nada irá lhe acontecer. — Assegurou também para si mesma. — Mas se algo não sair como acreditamos...

— Não brigue com os seus por mim, meu amor.

Gizelly sorriu ao depositar um beijo na palma da mão da outra.

— Tu és mais minha do que sou deles.

Rafaella suspirou e seus lábios formaram um bico que denunciava sua surpresa com a constatação.

— O que dizes?

Rafaella para mais perto de si, e então as duas se encostaram contra a árvore.

— Nunca pertenci a lugar algum. — Gizelly disse e puxou a mão de Rafaella para colocá—la espalmada em seu peito, onde seu coração tamborilava por baixo dos dedos finos, de encontro à palma da mão macia. Seus olhos se encontraram. — Mas pertenço a ti.

As lágrimas não tardaram a marcar os olhos esverdeados.

— Meu coração falta sair de meu corpo toda vez que falas coisas com estas, meu amor.

— Falo—te apenas a verdade, Duquesa. É como me sinto.

— Sei que sim, mas... Ora, não estou acostumada. Deixa—me estupefata.

— Estúpida?

— Estupefata. — Corrigiu à tom doce. — Embasbacada. Espavorida. Atônita. Sem rumo.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora