Capítulo 50

650 101 31
                                    


Rafaella adorava ver Gizelly se mover.

Fosse como estava, na mina, com o suor lambendo a pele por baixo da blusa preta — enquanto ela balançava a picareta como se não pesasse nada, quebrando as pedras em pedaços para retirar o ouro que dali saía — ou quando estavam juntas em sua cama depois de acordar. A forma como a morena abria os olhos com lentidão, coçava o nariz e então sentava na cama a espera de que Rafaella a acompanhasse. Também havia como ela sempre fazia questão de arrastar a jovem para o banho, mesmo que as duas não tivessem nada para fazer — só pelo prazer de estarem juntas.

Era sempre fascinante ver os músculos de seus braços, os grunhidos que ela soltava quando fazia esforço e principalmente como ela sorria para Rafaella de tempos em tempos. E naquele momento, enquanto admirava a morena, Rafaella só conseguiu sorriu ao vê—la se aproximar, ofegante. Foi enlaçada pela cintura e deixou suas mãos escorrerem pelos cabelos pretos.

— Não estás cansada de tanto trabalhar?

— Ora Duquesa, ainda não. — Confessou e usou de esforço descomunal para manter—se longe da moça para que não lhe sujasse ou molhasse com o suor. — Mas posso estar se quiseres. Rafaella se aproximou ainda mais de Gizelly, colando os corpos de tal modo que sentia o suor escorrendo entre elas.

— Falta muito para terminares por hoje?

— O que gostarias, Duquesa?

O sorrisinho de Rafaella foi sutil e suave, mas o suficiente para que Gizelly arqueasse uma das sobrancelhas. Era impossível manter—se séria quando a Duquesa lhe sorria daquela maneira — ou de qualquer outra, caso fosse.

— Ora, meu amor, não posso querer apenas a companhia de minha Selvagem?

— Creio que é possível. — Murmurou com um sorrisinho. — Mas pouco acredito, pois conheço—te.

Rafaella sorriu por que era sua única opção.

— Gostaria de roubar—te por alguns instantes, para conversarmos, digo.

— Conversar?

— Sim.

— Fiz algo? — A expressão de preocupação que adornou os olhos da morena foi demasiado adorável. — Aconteceu—te algo?

— Não, meu amor. — Rafaella assegurou com um sorrisinho, e deixando o risinho frouxe lhe escapar. — Juro que não. Só gostaria de um tempo a sós contigo. Sinto a tua falta.

O alívio evidente fez Rafaella sorrir mais ainda.

— Está certo, então.

Gizelly deixou Rafaella pelo espaço de tempo suficiente para vestir a camisa de botão novamente, e enfiou apenas a parte da frente dentro do cós da calça. Voltou—se para a Duquesa enquanto arrumava a camisa e colocava o chapéu sobre os cabelos negros. Rafaella ficou sorrindo enquanto observava Gizelly se arrumar — a mulher era uma visão definitivamente pecaminosa.

E Rafaella duvidava que as divindades, se é que existiam, poderia julgá—la por ser perdidamente apaixonada. E se a julgassem, de fato, ela ficaria plenamente satisfeita em ir de encontro ao inferno. Afinal, o calor dele, já conhecia muito bem, pensou consigo mesma.

Como sempre fazia, e Rafaella adorava, Gizelly lhe estendeu a mão. Rafaella entrelaçou—lhe os dedos. Era sempre deleitante como a morena fazia questão de segurá—la perto todo o tempo, fosse um entrelaçar de dedos ou o braço lhe envolvendo a cintura; completamente diferente da castidade de Daniel — que Rafaella conhecia. Tudo com Gizelly era novo, ainda, apesar de estarem juntas a tanto tempo que parecia eterno.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora