Capítulo 23

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Rafaella sabia que, vez ou outra, tinha alguma ideia completamente reprovável para as freiras da Filadélfia, a irmã Lucia provavelmente a bateria com uma régua se visse a vida que Rafaella estava levando, mas pouco lhe importava naquele momento. A única coisa que sabia era que estava com calor, um calor infernal, um incomodo no peito absurdo, que começou a ser resolvido quando ela se desfez de suas roupas na beira do riacho.  Dobrou a blusa e a saia sobre uma das pedras, tirou a combinação que usava por baixo e então, completamente nua, se jogou contra a água fria do riacho.

Mergulhou, afundou e subiu, jogou os cabelos para trás e sorriu ao sentir a água escorrer por sua pele. Amava sua banheira, incondicionalmente, mas nada superava um banho de riacho. A sensação da água correndo da nascente e escorregando por seu corpo, passando por entre suas pernas. Ela fechou os olhos e suspirou por um momento. E então encarou o céu escurecido acima de sua cabeça.

As estrelas brilhavam forte junto com a lua cheia.

Fazia um mês desde que vira a selvagem, e ninguém fazia ideia de onde Gizelly estava; ninguém tinha qualquer notícia dela, nada. Rafaella não deveria estar preocupada, afinal, se a mulher havia sumido daquela forma era porque não se importava tanto quanto Rafaella achava. Mas ela estava inevitavelmente preocupada, e até um pouco irritada.

A movimentação por entre as pedras chamou sua atenção.

Ela arregalou os olhos verdes ao notar uma sombra parada perto de uma das árvores, os braços cruzados, as botas gastas e um chapéu sobre os cabelos pretos. Ela reconheceria aquele sorriso de longe, mas não impediu que ela fizesse menção de cobrir o corpo, já coberto pela água. Afundou até que a água estivesse em seus ombros e encarou a sombra.

— Sumiste.

— Sim.

Enquanto Rafaella respirava fundo, notou que a morena começava a se mover, e então percebeu o que ela fazia. Estava se despindo. Ela entraria na água com Rafaella? Diabos. A Dama do Leste arregalou os olhos quando Gizelly deixou a camisa de botão em cima da pedra. E foi tirando peça por peça, lentamente.

— O que estás fazendo?

— Despindo—me Duquesa.

— Por que diabos?

— Sua delicadeza me encanta, mas o jeito que pragueja me fascina. — A morena confessou e então deixou a calça cair sobre seus pés. Livrou—se dela e do resto de suas roupas. Em questão de instantes que só deixaram Rafaella estática, a morena estava em sua frente na água. — Olá, Duquesa.

— Selvagem.

— Como tem passado?

Rafaella achou a audácia da mulher fascinante.

Estavam nuas, de frente uma para a outra, com apenas alguns centímetros de água separando seus corpos e mesmo assim, depois de tudo, Rafaella ainda sentia como se o corpo estivesse quente. Em frente a uma fogueira, e não embaixo d'água. E Gizelly tinha o mesmo sorrisinho de sempre.

— Tens muita coragem de sumir e voltar como se nada houvesse acontecido, não é?

A morena arqueou uma das sobrancelhas, mas seu sorriso indicava uma clara provocação. Rafaella era boa naquele jogo.

— E aconteceu algo que eu não esteja sabendo?

— Porque foi embora?

— Precisava.

— Por quê?

— Ficar perto não traria paz para ninguém.

- O que queres dizer com isso?

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora