Depois de vestir a saia e blusa mais antigas que havia encontrado em suas coisas, resolveu ir até a cozinha para fazer um levantamento de tudo o que havia naquela casa, fosse comida, mantimentos, ou qualquer coisa do tipo. Precisava saber exatamente com o que estava lidando enquanto o noivo não aparecia para cumprir suas promessas. Não que estivesse ansiosa para o casamento, só queria ter um pouco mais de conforto; ora, não poderia ser julgada por estar acostumada com conforto.
Rafaella saiu da casa e piscou contra o sol forte que invadiu sua visão, sendo rapidamente tampado por uma sombra que a cegou mais do que o sol. Aquilo só poderia ser uma miragem, ela pensou, mas miragens não tem cheiro de tabaco e madeira, e muito menos um sorriso já conhecido. Ela sentiu o cheiro de carne assada.
– Que diabos estás fazendo aqui?
Gizelly Bicalho parou em sua frente e ergueu uma panelinha com café em sua direção, serviu na caneca de estanho e sorriu para Rafaella.
– Café da manhã.
Rafaella aceitou a caneca e tomou um gole, deliciando–se com o sabor quente que era exatamente o que precisava.
– Você não cavalgou por todo esse caminho apenas para me trazer café.
Gizelly serviu mais café para Rafaella e então caminhou de volta para as pedras aonde dormira, sem responder. Abismada, Rafaella ergueu as saias e foi com os pés descalços atrás da morena selvagem. Arregalou os olhos ao ver que ela assava a carne e que seus pertences estavam ali como se ela morasse entre aquelas duas pedras grandes.
– Gizelly...
– Não vim para trazer seu café. Apenas não fui embora.
Como se fosse algo óbvio, a morena balançou os ombros.
Rafaella não soube o que responder.
– Por que não?
– Queria me certificar de que a Duquesa ficaria bem. – E então, surpreendendo Rafaella novamente, a morena lhe ofereceu um pedaço de carne. – Coelho?
– Coelho?
– Sim.
– A senhorita caçou um coelho?
– Sim.
– E está me servindo um coelho?
– Estou tentando, de fato.
Gizelly parecia estar se divertindo absurdamente.
Rafaella aceitou a carne por que estava morrendo de fome, e viu–se sentada no chão ao lado da morena, de frente para ela, na verdade. Encaravam–se entre goles e mordidas. Gizelly parecia tão acostumada com aquele cenários...
- O que a senhorita faz para viver, senhorita Bicalho?
– Qué?
– Sua profissão. O que faz para ter dinheiro.
– A Duquesa não vai querer saber.
Rafaella encolheu os ombros.
– Vives aqui tem muito tempo?
– Qué?
– Vives aqui em Albuquerque, tem tempo?
– Algum tempo, talvez.
– De onde és, senhorita Bicalho?
– Por que queres saber?
– Eu... – O olhar quente de Gizelly fez Rafaella recuar um pouco, sentindo os ombros pesados. – Simples curiosidade.
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A regra de ouro (Adaptação GiRafa)
FanfictionO sangue apache era o que corria nas veias de Gizelly Bicalho, junto com muito álcool. A mistura desses a tornavam uma mulher indomável e sem lei alguma. Conhecida nas redondezas pela velocidade de seu revólver, Gizelly era temida até por homens no...