Capítulo 7

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Depois de vestir a saia e blusa mais antigas que havia encontrado em suas coisas, resolveu ir até a cozinha para fazer um levantamento de tudo o que havia naquela casa, fosse comida, mantimentos, ou qualquer coisa do tipo. Precisava saber exatamente com o que estava lidando enquanto o noivo não aparecia para cumprir suas promessas. Não que estivesse ansiosa para o casamento, só queria ter um pouco mais de conforto; ora, não poderia ser julgada por estar acostumada com conforto.

Rafaella saiu da casa e piscou contra o sol forte que invadiu sua visão, sendo rapidamente tampado por uma sombra que a cegou mais do que o sol. Aquilo só poderia ser uma miragem, ela pensou, mas miragens não tem cheiro de tabaco e madeira, e muito menos um sorriso já conhecido. Ela sentiu o cheiro de carne assada.

– Que diabos estás fazendo aqui?

Gizelly Bicalho parou em sua frente e ergueu uma panelinha com café em sua direção, serviu na caneca de estanho e sorriu para Rafaella.

– Café da manhã.

Rafaella aceitou a caneca e tomou um gole, deliciando–se com o sabor quente que era exatamente o que precisava.

– Você não cavalgou por todo esse caminho apenas para me trazer café.

Gizelly serviu mais café para Rafaella e então caminhou de volta para as pedras aonde dormira, sem responder. Abismada, Rafaella ergueu as saias e foi com os pés descalços atrás da morena selvagem. Arregalou os olhos ao ver que ela assava a carne e que seus pertences estavam ali como se ela morasse entre aquelas duas pedras grandes.

– Gizelly...

– Não vim para trazer seu café. Apenas não fui embora.

Como se fosse algo óbvio, a morena balançou os ombros.

Rafaella não soube o que responder.

– Por que não?

– Queria me certificar de que a Duquesa ficaria bem. – E então, surpreendendo Rafaella novamente, a morena lhe ofereceu um pedaço de carne. – Coelho?

– Coelho?

– Sim.

– A senhorita caçou um coelho?

– Sim.

– E está me servindo um coelho?

– Estou tentando, de fato.

Gizelly parecia estar se divertindo absurdamente.

Rafaella aceitou a carne por que estava morrendo de fome, e viu–se sentada no chão ao lado da morena, de frente para ela, na verdade. Encaravam–se entre goles e mordidas. Gizelly parecia tão acostumada com aquele cenários...

-  O que a senhorita faz para viver, senhorita Bicalho?

– Qué?

– Sua profissão. O que faz para ter dinheiro.

– A Duquesa não vai querer saber.

Rafaella encolheu os ombros.

– Vives aqui tem muito tempo?

– Qué?

– Vives aqui em Albuquerque, tem tempo?

– Algum tempo, talvez.

– De onde és, senhorita Bicalho?

– Por que queres saber?

– Eu... – O olhar quente de Gizelly fez Rafaella recuar um pouco, sentindo os ombros pesados. – Simples curiosidade.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora