Capítulo 11

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– Eu graduei na escola e voltei para a Filadélfia. As freiras choraram quando eu parti. – Rafaella começou a falar enquanto tomava um gole da cerveja. Encarou Gizelly e arqueou uma das sobrancelhas, sua boca formando um fino traço. – O que já lhe disse sobre o chapéu à mesa, senhorita Bicalho?

Rindo, como se estivesse tomando uma bronca de sua mãe, Gizelly tirou o chapéu e colocou–o na cabeça de Rafaella.

– Agora você está de chapéu à mesa.

Foi a vez de Rafaella gargalhar.

E então ela tirou o chapéu e colocou–o apoiado na cabeceira da cadeira. Gizelly encostou seu joelho no dela, quase o empurrando para lado, e Rafaella retribuiu por baixo da mesa. Riram uma para a outra.

– Continue, Rafa.

– Oh, sim. Perdão. – Ela disse, balançando a cabeça. Gizelly a havia desconcentrado. – Bom, meu pai faleceu. Logo que cheguei ao Leste, descobri. E descobri também que ele nunca morara no Leste.

– De fato. – Mari comentou depois de engolir um pedaço de carne. – Desde que me conheço por gente teu pai morava aqui, naquela mesma casa.

– É isso que eu não consigo entender. – Rafaella disse com o cenho franzido. – Por que ele mentiu para mim?

– Ele poderia achar que você merecia uma vida no Leste.

– Eu aceitaria qualquer vida com ele.

– Pais costumam ser idiotas. – Manu comentou, e então sorriu. – Mas sinto muito por seu pai.

– O que eu quero entender, é como aconteceu. Você que cuidou dele, certo, Mari?

– Bem, sim... – A morena começou a falar e trocou um olhar com Gizelly. – O encontraram na mina de sua propriedade. Houve uma explosão alguns dias antes.

– E ele morreu na explosão?

– Não.

– Porque você está hesitando tanto em me contar? – E então ela olhou para Gizelly como quem suplicava. – O que está acontecendo? Você precisa me dizer.

Como diabos alguém diria não para aqueles olhos verdes?

– Duquesa...

– Diga–me. Por favor. Eu rogo. Diga–me.

Mari e Manu trocaram um olhar preocupado.

– Duquesa... – A morena começou a falar com suavidade, pois aquele assunto era demasiado delicado. – Seu pai foi assassinado. Não creio que tenham sido índios.

Rafaella demorou vários instantes para se recuperar do choque.

– Como?

– Eu conheço índios, Rafaella. Seu pai não tinha uma flecha no corpo, tinha uma bala. Várias.

A Dama do Leste não conseguiu responder.

Gizelly segurou sua mão por cima da mesa, tentando passar qualquer tipo de conforto.

– Eu cuidei de seu pai, Rafaella. – Mari disse, chamando sua atenção. – Ele foi ferido gravemente. Mas não havia flecha alguma. Conheço pessoas atacadas por índios, seu pai pode ter sido assassinado por alguém que queria sua mina, seu ouro.

– O que significa que você também corre risco morando naquela casa. – Manu comentou. – Mas Gizelly nos disse que você estará protegida por Matthew.

– Sim. Ele irá para minha casa com Camélia.

– Ela é ótima na cozinha. Vai te ajudar bastante.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora