Capítulo 6

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Gizelly acordou com os primeiros raios de sol, como sempre, e estava em alerta. Precisava saber se Rafaella estava bem, se havia ido se aventurar no riacho de novo, ou coisa pior. Ela precisava descobrir, era uma necessidade gritante em seu peito; e foi por esse motivo que ela devorou um pouco de carne defumada, que estava tão dura quanto possível, e saiu das pedras. Sua roupa provavelmente estava amassada, e ela estava com calor demais para se importar de colocar o casaco. Ajeitou a camisa, apenas para parecer apresentável ao bater na porta da Dama do Leste, e colocou o chapéu sobre os cabelos.

O sol ainda nem estava inteiramente no céu e ela já estaria batendo na porta da mulher? Não era nada educado, Gizelly pensou. Seria melhor conferir apenas se ela estava bem e segura. A casa não era grande, apenas um andar e quatro quartos, ela poderia facilmente olhar em todos os cantos sem ser vista; e queria apenas que Rafaella estivesse bem. Não poderia ser julgada por querer conferir se a Dama do Leste estava viva.

Não poderia ser julgada por nada.

Não duvidaria, de fato, se a mulher houvesse fugido no meio de seus cochilos por simplesmente não aguentar mais a vida no Oeste, mas ao mesmo tempo... Duvidava. Aqueles olhos dela. Gizelly não sabia explicar exatamente o porquê, mas soube que Rafaella era muito mais forte do que imaginava. Talvez fosse coisa de sua mãe e as malditas ideias sobre Gizelly conseguir ler as pessoas com facilidade; ou talvez fosse só por ela acreditar na força de Rafaella. Como sempre, haviam inúmeros motivos, e a morena não queria pensar em nenhum deles.

Tinha algo mais importante para fazer do que apenas pensar; precisava verificar que Rafaella continuava segura.

Começou pela sala, entrou pela janela sorrateiramente, nada de Rafaella, nem na cozinha ou nos banheiros. A mulher tinha um cheiro doce, quase inesquecível, diferente de tudo o que Gizelly já havia sentido. Talvez fosse lavanda, flores, algo entre isso. E o cheiro dela já estava por toda a casa. Enquanto a morena caminhava sem fazer barulhos, tomando cuidado com tudo, pensou em todas as reformas que poderia fazer ali para ajudar a moça. E a casa precisava de alguns cuidados.

Talvez pudesse falar com Mari, sua única amiga e médica da cidade... Não, falaria com o irmão dela, Matthew. É, Rafaella precisaria de certa proteção, e o rapaz estava precisando de um emprego. Gizelly poderia resolver aquilo em instantes. O último cômodo era o quarto, e era óbvio que Rafaella deveria estar ali.

Gizelly só não esperava encontrar aquela mulher nua sobre a cama. Diabos, ela estava completamente nua, com apenas o lençol cobrindo algumas partes de seu corpo, embolado nela, e não ao contrário. Seus longos cabelos espalhavam–se sobre o travesseiro e seu rosto delicado e angelical. Era a segunda vez que estava vendo aquela mulher nua, e seu corpo ainda não havia se acostumado. Definitivamente precisava encontrar com Ivy, ou qualquer uma das meninas.

Rafaella estava segura. Ela deveria ir embora.

Mas ficou parada admirando–a.

A Dama do Leste se virou na cama, murmurando entre os sonhos que provavelmente eram bonitos, e Gizelly pode vislumbrar melhor aquele rosto que, certamente, fora esculpido em mãos macias. Rafaella era um diabo de tão bonita. A morena nunca havia visto dama tão bonita; e aquilo não era apenas o desejo gritando em seu corpo. Apesar de tudo, Rafaella tirou seu fôlego; e estava tirando ainda mais enquanto suspirava sobre a cama macia. Mesmo sem querer, Gizelly imaginou que outros sons a refinada dama deveria fazer.

Certo, ela estava segura. Poderia ir embora.

Tinha que ir embora.

Um sinal no ombro de Rafaella foi o que chamou sua atenção, uma singela pinta no ombro, em contraste com aquele branca feito seda pura. Gizelly quis dedilhar o corpo dela inteiro, começando por ali... Não, começando pelos lábios. Gizelly queria começar pelos lábios de Rafaella e não terminar nunca mais.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora