Capítulo 35

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Gizelly acordou mais tarde do que gostaria, do que estava acostumada e, principalmente, do que deveria. O balançar da rede a deixava tão relaxada que apenas perdia para o cheiro de Rafaella que estava, inevitavelmente, em cada parte que ela conseguia sentir, tocar e até respirar. Tudo o que ela sentia era Rafaella. O corpo macio, delgado e perfeito para suas mãos. Estava quente, como sempre, em qualquer manhã de sol, e elas ainda estavam embaixo da manta.

A pistoleira não quis abrir os olhos, com um medo sem fundamento — ou com um fundamento sobre o qual ela não queria pensar — de que tudo aquilo não passara de um sonho bom. E ela acordaria sozinha em seu quarto na pensão. Porém, para sua surpresa, a respiração suave e doce aquecia sua pele, por dentro e por fora. Estavam no mesmo compasso enquanto o ar esfriava do lado de fora da bolha que haviam criado.

Gizelly abriu os olhos, ciente de que Rafaella ainda estaria dormindo, porém foi surpreendida — apenas mais uma vez — pela Dama do Leste completamente acordada. Com aqueles olhos muito verdes encarando—a. A morena começou a se perder antes de pensar em abrir os lábios para proferir qualquer palavra que fosse. Rafaella estava sorrindo para ela.

— Bons dias.

— Olá Duquesa.

— Dormiste bem?

— De certo que sim, e a senhorita?

— Creio ser impossível dormir de qualquer forma que não seja exquisite com a senhorita.

— Qué?

Rafaella não conteve uma gargalhada.

— Extraordinário, Selvagem.

— Suponho que isto seja bom. — Resmungou.

— Delicioso.

Elas trocaram um olhar carinhoso. Rafaella suspirou e apoiou o rosto sobre as mãos.

— Certamente nunca lhe disseram que a senhorita fica linda ao acordar.

Rafaella viu a dificuldade de Gizelly em processar o que havia escutado, e ficou ainda mais divertido de ver que a morena se esforçava para pensar em uma resposta. De certo ela era muito pouco elogiada — o que a Duquesa achou um absurdo.

— Linda? Dificilmente. Nunca ouvi tal calúnia.

— Porque simplesmente não é calúnia. Digo apenas verdades. És linda, Selvagem. Gosto como teus olhos ficam apertados pela manhã.

— Ora, teus olhos também.

— Então me achas linda?

— Acho que a senhorita não tem noção do que és.

— Que sou?

— És.

A resposta vaga pairou entre elas até que Gizelly fizesse menção de começar a levantar. Rafaella deixou que a morena saísse da rede e então sentou sobre o pano confortável, mantendo a manta cobrindo seu próprio corpo. Encararam—se com um sorrisinho — um buscando o outro, como sempre.

— Temos mesmo que ir? Está tão cedo.

Gizelly pôs o chapéu sobre os cabelos pretos.

— Creio que seja melhor começarmos o dia, Duquesa. Logo os rapazes virão para começarmos o trabalhos na mina. Não quero que vejam a senhorita desta forma.

— De que forma?

— Da forma que apenas eu posso ver.

Rafaella achou deliciosa a possessividade por trás das palavras de Gizelly; havia um quê de sensualidade na Pistoleira mais temida do Oeste querendo vê—lá de forma única e exclusiva.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora