Gizelly acordou mais tarde do que gostaria, do que estava acostumada e, principalmente, do que deveria. O balançar da rede a deixava tão relaxada que apenas perdia para o cheiro de Rafaella que estava, inevitavelmente, em cada parte que ela conseguia sentir, tocar e até respirar. Tudo o que ela sentia era Rafaella. O corpo macio, delgado e perfeito para suas mãos. Estava quente, como sempre, em qualquer manhã de sol, e elas ainda estavam embaixo da manta.
A pistoleira não quis abrir os olhos, com um medo sem fundamento — ou com um fundamento sobre o qual ela não queria pensar — de que tudo aquilo não passara de um sonho bom. E ela acordaria sozinha em seu quarto na pensão. Porém, para sua surpresa, a respiração suave e doce aquecia sua pele, por dentro e por fora. Estavam no mesmo compasso enquanto o ar esfriava do lado de fora da bolha que haviam criado.
Gizelly abriu os olhos, ciente de que Rafaella ainda estaria dormindo, porém foi surpreendida — apenas mais uma vez — pela Dama do Leste completamente acordada. Com aqueles olhos muito verdes encarando—a. A morena começou a se perder antes de pensar em abrir os lábios para proferir qualquer palavra que fosse. Rafaella estava sorrindo para ela.
— Bons dias.
— Olá Duquesa.
— Dormiste bem?
— De certo que sim, e a senhorita?
— Creio ser impossível dormir de qualquer forma que não seja exquisite com a senhorita.
— Qué?
Rafaella não conteve uma gargalhada.
— Extraordinário, Selvagem.
— Suponho que isto seja bom. — Resmungou.
— Delicioso.
Elas trocaram um olhar carinhoso. Rafaella suspirou e apoiou o rosto sobre as mãos.
— Certamente nunca lhe disseram que a senhorita fica linda ao acordar.
Rafaella viu a dificuldade de Gizelly em processar o que havia escutado, e ficou ainda mais divertido de ver que a morena se esforçava para pensar em uma resposta. De certo ela era muito pouco elogiada — o que a Duquesa achou um absurdo.
— Linda? Dificilmente. Nunca ouvi tal calúnia.
— Porque simplesmente não é calúnia. Digo apenas verdades. És linda, Selvagem. Gosto como teus olhos ficam apertados pela manhã.
— Ora, teus olhos também.
— Então me achas linda?
— Acho que a senhorita não tem noção do que és.
— Que sou?
— És.
A resposta vaga pairou entre elas até que Gizelly fizesse menção de começar a levantar. Rafaella deixou que a morena saísse da rede e então sentou sobre o pano confortável, mantendo a manta cobrindo seu próprio corpo. Encararam—se com um sorrisinho — um buscando o outro, como sempre.
— Temos mesmo que ir? Está tão cedo.
Gizelly pôs o chapéu sobre os cabelos pretos.
— Creio que seja melhor começarmos o dia, Duquesa. Logo os rapazes virão para começarmos o trabalhos na mina. Não quero que vejam a senhorita desta forma.
— De que forma?
— Da forma que apenas eu posso ver.
Rafaella achou deliciosa a possessividade por trás das palavras de Gizelly; havia um quê de sensualidade na Pistoleira mais temida do Oeste querendo vê—lá de forma única e exclusiva.
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A regra de ouro (Adaptação GiRafa)
FanfictionO sangue apache era o que corria nas veias de Gizelly Bicalho, junto com muito álcool. A mistura desses a tornavam uma mulher indomável e sem lei alguma. Conhecida nas redondezas pela velocidade de seu revólver, Gizelly era temida até por homens no...