Capítulo 41

652 106 30
                                    


Antes tarde do que nunca 😅


*****************************************



— Enlouqueceste!

Foi a primeira coisa que Gizelly conseguiu fazer sair de sua boca, enquanto agarrava—se às barras atrás de seu corpo; como se a mera distância fosse o suficiente para lhe proteger de Rafaella. Ou do que sentia por ela.

O pânico lhe corroía de dentro para fora, firme e intenso, como um chicote de ferro que passava com lentidão, mas rasgava sua carne com ferocidade. Sua respiração tornou—se pesada à medida que Rafaella a encarava. Sem parar. Seu coração acelerou de tal forma que ela achou que poderia morrer.

— Agora terás que escutar—me.

A morena respirou fundo.

Precisava manter a calma, a pose. Não era conhecida por deixar—se dominar por suas emoções; não era aquela Dama do Leste que a faria mudar. Nada a faria mudar. Continuaria como era. Cada uma seguiria seu caminho e por fim... Esqueceriam—se.

E enquanto tentava se enganar, deu um passo para trás.

— Estamos presas aqui, Rafaella. O Xerife não voltará por hora, talvez nem por hoje.

— Esplendido. Assim não terás como fugir.

A morena resmungou uma resposta, Rafaella deu um passo em sua direção; como Gizelly não tinha para onde fugir, enfiou as mãos nos bolsos da calça em claro sinal de desconforto.

— Vi tua escrita em meu caderno.

Gizelly não soube o que responder, Rafaella sentiu o corpo estremecer, como um arrepio firme, lhe atravessando os órgãos. Encararam—se por que era inevitável. E diante uma da outra, com toda a saudade que sentiam, ficaram em silencio. Até que o silencio tornou—se insuportável.

— Fale comigo, por favor.

— O que queres que eu diga, Rafaella?

A Dama do Leste hesitou apenas para formular as palavras em sua mente. Estava à frente da morena novamente, algo que ela não achou que aconteceria cedo, mas que desejou todos os instantes depois que viu—a subir em seu cavalo. Hesitou por que queria gritar com ela. E hesitou por que estava prestes a chorar.

— Por que estavas a brigar com o homem na rua? — A primeira pergunta saiu como um exaspero, como se doesse em sua garganta; como se estivesse arranhando. — Porque sumiste dessa forma? — A suavidade da dor saiu junto com as primeiras lágrimas. — Porque me abandonaste?

Gizelly resistiu ao impulso de amparar Rafaella em sua fragilidade, encostando as costas com tanto afinco contra as barras que poderia lhe causar hematomas.

— Estava a resolver assuntos meus com Smith. Sobre teus outros questionamentos, senhorita Kalimann... Sabes bem as respostas, estás apenas a fazer as perguntas erradas.

— E quais seriam as corretas?

— Não sei.

— Não me trate assim, desta forma seca.

— Não sei o que queres que lhe diga.

— Diga—me a verdade.

— Não sou uma mulher de palavra, senhorita Kalimann, portanto não sei como devo lhe responder.

A acidez não lhe passou despercebida.

— Nunca deveria ter dito o que lhe disse.

— Mas disse. — A morena disse sem alterar o tom de voz. — E eu lhe avisei do peso de tuas palavras, Rafaella.

A regra de ouro (Adaptação GiRafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora