Capítulo 24 - Inseguranças

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Raul

Finalmente o final de semana havia chegado, mas os alfas não poderiam vir, pois estavam ocupados com o lançamento de um novo produto, mas até foi bom porque precisava me organizar para a minha mudança e conversar com os meus amigos.

Ontem trabalhei a noite na boate e acabei não conversando com eles, só trocamos mensagens de boa noite, mas achei o Felippo um pouco estranho, mais pensativo e até mesmo triste, mas ele disse que estava tudo bem, não quis forca-lo, não me sinto no direito.

Hoje pela manhã fui mais cedo para trabalhar no restaurante, já que levei o Elias para fazer o teste, ele estava muito nervoso,  visto que está seria uma grande oportunidade, pois seu sonho era se tornar um grande chef.

Não foi fácil, na verdade foi bem puxado, mas o dono teve paciência, a princípio eles conversaram sobre a parte técnica da cozinha, sobre segurança e normas da Vigilância Sanitária, depois conheceu o fluxo de trabalho e suas etapas, que eram um pouco diferentes  da cozinha do hotel e por fim acabou ficando na área de pré-preparo (alimentos crus), mas como eu havia dito, ele aprende rápido e sua experiência no hotel ajudou, por ser um beta seu corpo não era tão pequeno como de um ômega, nem tão forte como um alfa, mas mesmo assim ele tinha uma boa estatura para sua idade e corpo com músculos fortes que ajudariam na parte mais bruta do dia a dia no restaurante, no final do expediente ele foi aceito para ficar no upgrade do meu cargo, já que ele ficará como auxiliar da cozinha e isso me deixou muito feliz.

Agora já era final de tarde e início da noite e estou em casa aconchegado no meu ninho na laje, que ainda tem o aroma de Felippo, mas engraçado como sinto a falta do aroma do Heitor, enquanto do Felippo é cedro com maresia, o Heitor tem o aroma de pau-rosa com orvalho e sempre me acalmava.

Estava com os fones escutando/estudando algumas música novas e não percebi que o telefone tocava, quando o peguei já haviam cinco ligações perdidas dos alfas, retornei em vídeo chamada na mesma hora, não queria preocupa-los e poderia ser algo importante.

— Raul você está bem? Aconteceu alguma coisa? - Heitor fala antes de Felippo, todo preocupado, olhando pela tela, como se procurando algo de errado.

— Calma gente, só não ouvi as ligações, estava estudando algumas músicas novas e não tenho o hábito de ficar com o celular na mão. - falo meio irritado, pois acabei me explicando demais.

— Só estávamos preocupados... - vejo que Heitor faz um semblante triste, não era minha intenção.

— Desculpe, só que... - dou um suspiro. — não estou acostumado a ter alguém se preocupando comigo. - vejo um sorriso se formar nos lábios de Heitor que me olha com carinho. "Alfa bobo", penso e retribuo o sorriso.

— Tudo bem, nos entendemos!!!! - Felippo se pronúncia com uma voz melodiosa.

— Como vocês estão? Vão sair hoje? - pergunto com uma pontada de ciúmes e medo do que me responderiam... Tsc... Quando comecei a me sentir assim?

— Até poderíamos, mas você não está com a gente. - Felippo fala me olhando  profundamente.

— Não se prendam por minha causa. - não era o que queria dizer, mas foi o que falei. Nem sei o que somos, não estamos namorando, não posso exigir nada... Pensando bem... Mesmo se estivéssemos, não sou dono de ninguém.

— Raul entenda, não estamos nos privando de alguma coisa, não é penoso deixar de sair para estar com você, mesmo que por vídeo chamada, gostamos de estar com você e é nossa opção. - Felippo fala todo carinhoso e de alguma forma isso aqueceu meu coração.

— Podemos disputar algum jogo on-line se vocês quiserem, o que acham? - Heitor propõe.

— Como faremos isso? - fico curioso.

— Heitor é um "expert" neste tipo de coisas. - Felippo fala com certo orgulho do amigo.

— Pode deixar que dou um jeito por aqui. - Heitor falou e logo o vi ir até um computador com várias telas e digitar várias coisas e de repente estavamos logados em um jogo de guerra, em primeira pessoa.

Ficamos parte da noite jogando e conversando, Carlos até trouxe lanche e suco para mim, já que viu que não havia descido e estava jogando com os alfas.

— Acho melhor irmos descansar, já está tarde. - estava com sono e cansado, então voltamos a vídeo chamada, Felippo parecia um pouco triste ainda, mas não falou nada sobre isso em nenhum momento, será que já está desistindo da idéia de querer ficar comigo?

Pare de pensar besteiras. - Kamaria fala um pouco nervosa.

— Kamaria, mas pode acontecer, ele voltou para o país dele e pode ter pensado melhor sobre tudo isso, porque como Heitor mesmo disse ele pode ter qualquer um, qualquer ômega.

Eu não acredito, naquele dia que eu tomei a sua consciência e ele veio atrás de nós, depois do passeio de iate, vi que algo havia mudado, como se os muros que ele havia construído se ruíssem e ele estivesse vulnerável.

— Talvez ele não goste dessa sensação, porque não dá pra negar que ele está diferente... - sou interrompido pela voz de Heitor.

— Raul??? - vi Heitor me chamar com uma sombrancelha levantada.

— Er...desculpa, Kamaria falou comigo. - falo envergonhado, percebendo que havia ficado uns instantes calado.

— Tudo bem?

— Sim!!! - menti, mas achei melhor ficar com minhas inseguranças.

Acabamos nos despedindo e fiquei um bom tempo conversando com Kamaria que tentava me fazer mudar de idéia, mas ainda pensava que Felippo havia mudado de opinião e até teria já aceitado o casamento com alguma ômega compatível com sua posição, mais bonita e mais interessante que eu e estava só protelando pra me contar.  Hoje iria falar com eles sobre Juilliard, mas achei melhor não falar nada, as vezes seja melhor assim.

[...]

Acontecimentos anteriores

Felippo

Heitor chegou na minha sala muito rápido, sem nem minha secretária pedir para ele vir.

— Felippo precisamos fazer alguma coisa sobre a Srta Savóia, porque ela não vai te deixar em paz. - Heitor fala logo que entra, demostrando preocupação.

— Percebi... ela quiz me beijar...

— E você a beijou?

— Lógico que não, idiota!!!! Algo nela deixa Kai enojado e até os feromônios dela me causam enjôo.

— Melhor assim, Raul não merece... - o interrompo bruscamente.

— Heitor quer levar um soco de novo? Porque você claramente parece que não me conhece... Nem com Emanu... - não consegui pronunciar o nome dela e engulo em seco. — bem... apesar do que ela fez, nunca a trai, mas mesmo assim fui traído, então sei muito bem como é essa dor, não a desejo para ninguém.

— Me desculpe... Mas não confio nela e ela poderia ter te beijado a força. - ele fala gesticulando as mãos.

— Eu não quero perder o Raul, agora que aceitei o que sinto, não quero que ele ache que sou o que dizem de mim. - isso me deixa desconfortável, essa vulnerabilidade, mas mesmo assim não vou desistir do Raul... A não ser que ele não queira ficar comigo e está possibilidade me deixa triste e meu coração dói.

— O que você sabe sobre ela, Heitor, preciso saber?

— Digamos que ela não é o que aparenta, ainda não posso falar sobre isso, só depois de sua cerimônia de juramento. - Heitor me olha preocupado.

— Como assim Heitor? Isso pode demorar e meu pai está armando situações agora, para tentar me unir a Srta Savóia.

— Você sabe que nesse caso, não posso falar nada sobre o que sei, com pessoas fora do bando e além do mais você deveria falar com seu pai sobre Raul e cortar logo isso, antes que as coisas saiam do controle.

— Eu sei, falei pro meu pai que iria almoçar na casa dele amanhã, já que pela manhã iremos trabalhar no projeto final da apresentação.

IRONIAS DO DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora