A Princesa & A Santa - pt2

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-Me diga, Saiph... Como você sobreviveu a queda direta da nossa atmosfera para o chão?
-Tentei fazer de tudo para desacelerar, estava dando certo e mesmo assim caí com tudo.
-Mas você ficou com um buraco no corpo.
-Regeneração, absorvi muita energia térmica depois que quebrei a velocidade do som. Meu corpo tinha energia de sobra para usar como ATP, basicamente, virei uma bateria.
-Nossa... Aproveitando para te fazer mais perguntas, qual era o plano secreto para vencer o assassino da sua irmã?
-Bem... Meu plano era acelerar até romper ele.
-Ah, já entendi.
-A deformação viaja no metal na velocidade do som.
-Você ia explodir ele? Insano.
-Não diria explodir... Eu só queria separar ele no meio...

Denebola olhou para Meyssa, um tanto assustada.

-Dá para acreditar que sua mãe é capaz de fazer tudo aquilo?
-Estou mais surpresa que você, ela dizimou espaçonaves inteiras. Não era da melhor qualidade.
-As naves?
-Eu me referia à ela, voltou a lutar, mas está muito fraca depois do parto.
-Graças a ela, todos recuaram.
-Ou foram mortos...
-Campos de concentração...
-Bem, somos capazes de fazer algo?
-Na verdade, sim. Eu sou general, você é Princesa, tem poder executivo. Eu mando nos soldados e você administra a liberdade dos prisioneiros.
-Fácil assim?
-Se algo der errado, é só ameaçar eles com o nome do Rígel.
-Você tem criatividade para fazer planos.
-Por isso quis entrar no exército, eu penso rápido.

A loirinha deu outras voltas, estava triste, não entendia o motivo de muitas coisas, sua cabeça é confusa e inocente, mas com o desejo de continuar aprendendo.

-Acha que essa guerra tem algum sentido?
-Guerras não têm sentido, são o ápice da violência gerada por seres falhos por suas falhas. Estive comandando campos inteiros, vencemos em todos. Não precisei manchar as mãos de sangue, isso tudo me leva a crer nisso.
-E se eu morrer?
-Será a maior perda que posso ter, não conheço nenhuma outra coisa para apreciar mais do que seus olhos cheios de vida.
-Você é uma poetisa.
-Você é minha inspiração.
-O que você viu em mim?
-"Tudo o que falta em mim", era isso que você queria ouvir? Não, eu tenho amor próprio.
-Eu te invejo, Denebola. Admito isso, você consegue lidar com seu passado, consegue amar à si. Sou puramente falhas.
-Nasceu numa família rica, eu vivia na miséria mesmo com um emprego.
-Sei disso, nasci com o privilégio de ter uma vida equilibrada, moradia e outras qualidades. Aceito que sem isso, eu provavelmente seria nada.
-Que mentira. Você é filha daquela mulher, ela esbanja na cara que não queria estar casada com seu...
-Não fale aquela palavra.
-"Ele". Mesmo se não fosse filha daquele ditador, você poderia ser pobre, como eu, mas ainda teria a mãe mais fantástica possível. Só sei que minha mãe se chamava Zosma, meu pai Rasalas, ambos da constelação de Leão.
-Por isso você é uma gata.

Denebola deu uma risadinha.

-É, realmente.

Meyssa gritou ao fundo:

-Vai ter que assumir!

Saiph respondeu:

-Para com isso, mãe!
-Me beija logo. - Denebola fez a amiga ficar mais vermelha do que nunca.
-Não, eu... Eu assumo, eu sou bissexual, mas não tenho atração por você. É isso.

Apareceu o geminiano de antes na fortaleza, veio encher o saco.

-Ih, olha lá! As meninas estão de lacração!
-Cala a boca, intrometido! - Gritou Denebola.
-Vem me calar!

A garota de olhos pretos ficou com raiva, chamas saiam de suas mãos, mas ela aguentou e engoliu a vontade de sujar as mãos de sangue, pegou a sapatilha e jogou no rosto do intrometido. Apenas se aproximou para pegá-la novamente.

SaiphOnde histórias criam vida. Descubra agora