A Princesa & A Santa - pt1

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Denebola atrapalhou a leitura, a garota de cabelos negros se aproximou, Saiph fechou o livro.

-Oi, o que aconteceu?
-Tenho uma estratégia para nos infiltrarmos no planeta deles, achei que fosse importante falar contigo sobre isso, já contei para sua mãe e Aldebarã, a propósito, sua irmã estava com ele.
-Sério? Onde ela está e que estratégia é essa?
-Não se emocione, você pode ver ela depois.
-Então, tudo bem. Me conte, o que está pensando?
-Vamos invadir logo o planeta-capital, mas vamos ter que passar por sistemas estelares que ficam no caminho, não temos como contornar, precisa ser ataque rápido, sem deixar vestígios.
-Credo, desse jeito que está falando parece que vamos cometer um crime.
-O plano é o seguinte: Vamos passar pelo território estelar dele, você vai estar nessa área dando cobertura, eu estarei liderando o ataque na linha de frente.
-Você quer se matar?
-Durante esse período, minha tropa vai estar infiltrada no sistema estelar deles. A grande pergunta que tenho, é como não ser percebida, vai ser muito óbvio atacar tão diretamente... Mas eu não ligo, não ligo para nenhum orgulho, quero me sacrificar.
-Mulher, você ficou doida?
-Eu não estou. Vi em pleno campo de guerra um rapaz da minha idade, se sacrificando por um bem maior, estou inspirada a fazer tudo o que for possível para acabar com a guerra.

Denebola estava lacrimejando, aos poucos se aproximou mais ainda.

-Por isso, quero dizer a você, a única pessoa que realmente me importo, que te amo.

Essa declaração foi bastante inesperada, Saiph ficou tímida, ficou nervosa e sem o que falar.

-Não me importo que não sinta nada de semelhante por mim, você é a pessoa que eu amo e quero que fique bem, quero que seja feliz mesmo sem mim.

Denebola a abraçou.

-É a única que não aguentaria perder.
-Mas e o seu irmão?
-Que se dane aquele babaca, estou melhor sem ele. Aqui, com você é bem melhor.

A loira ficou corada, a general espartana se afastou e retirou as lentes de contato, pegando de seus bolsos o óculos.

-Pegue as lentes, quero que fique com alguma lembrança minha se eu morrer. Ao chegar no parlamentar daquele planeta, vamos destruir tudo com fissão atômica, se não houver ninguém até lá que tenha coragem para fazer isso, eu vou. Vou acelerar rápido o suficiente para meu corpo se desfazer e explodir o lugar. Com a falta de políticos, estragos e principalmente, vidas sendo gastas, eles terão que desistir.
-Isso é insano! Vocês nem vão conseguir chegar até o satélite natural deles, é suicídio.
-Já conversei com a Rainha Meyssa, ela aprovou minha decisão.

Saiph mordeu a língua acidentalmente, isso deixou a cara dela até mais emocionada do que parecia.

-Depois de mim, Esparta vai precisar de outra vidente para guiar. Quero que fique na luta exterior, impedindo os exércitos de avançarem, honre meu legado.

O maldito "suor dos olhos" escorreu pelo rosto da órfã.

-Acima de tudo, lute contra o seu pai, faça esse lugar melhor. - Denebola sentiu os ombros caírem, os dentes tremerem, o coração no peito ficar quente, a respiração parar por um momento. -Por favor, me faria um último pedido? Não chore por mim, use meu nome como inspiração para as próximas gerações, para lutarem contra Rígel no futuro.

E Safira nada conseguia falar, o peso das palavras é visível, ela apenas acenou que sim com a cabeça. Os cabelos escuros da órfã formaram uma franja até seus olhos, a garota balança-os e desfaz o volume em sua face.

-Me prometa outra coisa, continue sorrindo, não sabe o quanto me doeu ver você tentar suicídio, sua louca... Eu quase me joguei para ir atrás do seu corpo, teria feito se não tivesse juízo.
-Me desculpe, Denebola... Mas é que... Eu não te amo.

SaiphOnde histórias criam vida. Descubra agora