Império Errante

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As garotas acordam ainda doentes por respirar a atmosfera desconhecida, Denebola olha preocupada para sua companheira.

-O que foi? - Perguntou Saiph.
-Depois disso, tudo vai mudar... Não vamos mais ser as mesmas crianças, também não estou falando de virar mulher. Vamos nos tornar traumatizadas de guerra, o fim do mundo prestes a nos olhar nos olhos.
-Eu entendo, mas não quero mudar o meu jeito por causa de traumas.
-Obrigada por ser assim, seria trágico o seu sorriso sumir depois do que vamos enfrentar.

O clima estava tenso, mas tinha como piorar. Finalmente chega o momento, elas ultrapassam o satélite natural do planeta, saem das sombras do cosmo e entram na atmosfera, invadindo a casa dos inimigos. De pé, estão elas de mãos dadas.

-Eu confio em você, Denebola.
-Não me fale isso, é muita pressão nas minhas costas.

A moça de cabelos curtos começa a discutir a estratégia novamente, as outras espaçonaves já entraram em contato com a atmosfera, começam a descer violentamente até a cidade Cripta, cada um se coloca em uma cápsula atirada contra o solo, elas perfuram e chegam aos esgotos. Quase de imediato, já conseguem ouvir disparos, não eram feixes de elétrons, era munição, armas de fogo, aquela cidade é pobre. Saiph saiu de sua cápsula procurando por alguém nos esgotos, a luz é quase inexistente, as cápsulas danificaram os canos e o esgoto passa a feder ainda mais, ela começa a ouvir passos... Ela percebe que é uma mulher bem diferente, a maioria dos seltene macht é negro ou pardo, mas esta tem uma etnia até diferente de Denebola, que é branca... A mulher anda com os olhos fechados, um sorriso gentil, ligeiramente maior que a loira, tranças para trás, cabelos negros e longos, roupas pretas dos pés ao pescoço, uma longa capa branca com mangas até as mãos, jovem, ela parece um espírito folclórico que leva almas embora... Foi então que ela viu a espada curvada na bainha localizada na cintura daquela mulher.

-Procurando ajuda?
-Sim, senhora. Estou procurando os outros do meu grupo.
-Que coincidência, também fui atirada longe. Vamos procurar juntas?

A garota aceita. Aquela mulher desconhecida começa a puxar conversa enquanto caminham.

-Por que você tem cabelos azuis?
-Minha mãe antes de nascer foi modificada, engenharia genética...
-E qual foi o motivo?
-Pra falar a verdade, eu não sei. Por que você parece tão jovem?
-Estrogênio, é comum do lugar de onde vim.
-E de onde você veio?
-Athenas, agora é Shangri-Lá, onde o Monarca Sirius governa.
-Era bom?
-Eu não gostava muito da antiga Monarca. Ainda bem que Nuwang morreu.
-Nuwang? Esse nome não é "comum".
-Athenas não era parte do governo de Arcturus, era um planeta encontrado por trabalhadores explorados, fizeram a própria língua para abandonar de vez a vergonha que era servir aquele homem.
-O que Arcturus fez de tão ruim?
-Não te contam por causa de Rígel, que destruiu as informações, mas o governo de Arcturus estava longe de ser a maravilha que ele conta... Arcturus, nasceu como fazendeiro até se casar com a Rainha coroada recentemente, Tianshe, ele ficou popular como "Pai dos Pobres" e "Mãe dos Ricos", então tudo começou... Nossa espécie, que era conhecida por sua democracia e direitos, passou a ter discriminação quando imigrantes vinham até nós para nos conhecer, mas ele nada o fez. Deixou o ódio se espalhar até ao próprio filho, invés de corrigir o que tinha feito, provocou Rei Aktina I. Para evitar problemas, ele teria de dar um de seus filhos para ser educado pelos elements e mantê-lo como ponte de respeito entre as espécies.
-Ele deu Rígel?
-Ele deu o Monarca Vermelho, Betelgeuse, o mais velho. Por isso ele fala todo educado.

Ela compreende agora o "Minha pessoa", "Sua pessoa" e o jeito dele falar ser tão diferente dos irmãos.

-Ele viu Rígel começar a virar um monstro e não fez nada?
-Ah, na verdade ele fez sim, incentivou ele. Obrigou a pobre Rainha Meyssa a se casar com o desgraçado, mas ela deve ser uma víbora como ele, quem iria aguentar ficar milênios casada com aquele monstro? E ainda ter filhos com aquilo?
-Minha mãe não é uma víbora.

SaiphOnde histórias criam vida. Descubra agora