Saiph

Lágrimas invisíveis

As espaçonaves conseguem se infiltrar em um dos satélites naturais do Império Errante, elas pousam para buscar hidrogênio como combustível. As garotas estão usando trajes espaciais, a atmosfera desse lugar é desconhecida. Esta Lua é um deserto arenoso, silício por toda parte, mas tem mais do que isso, a areia tem pó de platina.

-Acha que a gente consegue encontrar vida por aqui? - Indagou Saiph.
-Provável que não seja lá algo tão complexo, coisas mais simples como bactérias, fungos, talvez algo semelhante à insetos... - Respondeu Denebola.
-Você não está preocupada?
-Não. Vida alienígena não é somente as figuras egocêntricas de nós, nem sempre são parecidos conosco. O cachorro do seu tio.
-É um lobo.
-E gigante, a espécie dele cresce mais do que nós. Ainda bem que graças a genética não somos compatíveis com outros planetas, imagine só, ter a cabeça de uma formiga.
-Os elements são capazes de gerar híbridos.
-A genética deles é assim, se adaptam ao ambiente, são anfíbios, são capazes de fazer mutações no DNA e RNA até ficarem compatíveis com algumas espécies.
-Queria poder conhecer eles sem estar em guerra...
-Eu sei. Uma pena.
-Olhando para o alto, não tem nuvens, mas tem atmosfera azul.
-Bem observado. Ao menos aqui deve ter riqueza em hidrogênio, deixa eu testar uma coisa.

Denebola usou suas chamas, mas nada ali aconteceu.

-O que foi?
-Eu estou sentindo elas, mas... Não vejo.

Isso as deixou confusas, Saiph pensou, pensou, mas não encontrou a resposta.

-Vamos perguntando para os outros tripulantes, eles devem saber.

Depois de muitas tentativas, finalmente encontraram alguém que sabia: Kaizer Magno.

-É isso o que acontece quando queima o metanol, é a reação química dele, o que significa que há bastante hidrogênio e oxigênio, deve ter água, nem que seja no subsolo. Para variar a nossa falta de sorte, paramos no lugar errado, não tem nuvens nessa região.

Ambas agradecem e começam a andar, discutem enquanto procuram por rios.

-Por que gosta tanto de ciência, Saiph?
-Gosto de estudar. Estudar é minha vida, eu literalmente não sei o que faria além disso.
-Poderia trabalhar.
-E estudar, só trabalhar não iria me animar, me faria parecer uma adulta triste dos filmes clichês...
-Já é meio caminho andado, triste você já é.
-Melancólica, sem autoestima, carente... Eu nasci tão... Imperfeita.
-Depois piora.
-Nossa... Me sinto tão motivada agora.

Elas dão uma risadinha besta. A leonina atende à carência de abraço da amiga, mas sem perceber, acabam escorregando na areia daquele deserto.

-Você está bem? - Disse a loira, que teve a queda amortecida pela garota de cabelos negros.
-Sim, você cair em cima de mim é um privilégio.

Safira ficou vermelha e sem graça, ela se levanta, estende a mão para que ajude a leonina a se levantar, começam a caminhar de mãos dadas sem perceberem. Ao longe, elas avistam uma praia, a Princesa prepara uma rajada de plasma e a lança para cima, explodindo como fogos de artifício, embora a chama não possa ser vista, os outros puderam ouvir de onde veio. Ao se aproximar mais, ela percebe uma figura que conhece muito bem... Era seu tio. Ela chega até ele numa alegria linda de se ver, o abraça, sente paz, sente o sangue ferver... Está tão feliz que agradeceria até o ar por qualquer motivo de tão besta que ficou.

-Oh menina, parece que mesmo o Universo sendo infinito, ele é pequeno demais.
-Tio Mintaka, eu senti saudades.
-A gente se viu agora pouco.
-Quê?
-A relatividade temporal, eu passei perto de estrelas bem massivas.
-O quê está fazendo aqui?
-Fazendo uma parada para esticar as pernas. Astronautas não conseguem andar quando chegam em solo devido a ausência de gravidade, o corpo fica "desacostumado". Não queria estar perto do Império Errante, mas era isso ou ficar de cadeirante temporariamente. E vocês?
-Ah bem...
-Vi que vocês estavam de mãos dadas, o que me faz ter o direito da fala de tiozão... E as namoradinhas, Saiph?