A Origem das Chamas

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Mintaka olha para Saiph, em seguida para Meyssa.

-Por favor irmã, acho que chegou a hora de deixar de ser a supermãe e dizer para sua filha, antes que ela, despreparada, vá até o ponto crítico.

Meyssa pensou bastante, olhou para Saiph ao lado de Denebola... Então ela diz:

-Se tem alguém que tem de contar a verdade para ela, sou eu.
-Entendido. Vamos para fora, Denebola.
-Por que?
-É conversa de mãe e filha... Não devemos nos intrometer.

Assim, o cabeludo e a general do exército espartano vão pra fora da sala.

-O que está acontecendo mãe? O que está escondendo?
-Filha... - Meyssa mostra suas chamas que se tornaram brancas. -Quero que entenda o motivo dessas chamas mudarem de cor.
-Segundo a física, elas mudam conforme o que está queimando, no caso o ar? Eu já sei disso.
-Essa é a ponta da ponta... Você não sabe nada. Existem pessoas até hoje tentando pensar na forma mais científica de isso acontecer, mas a explicação religiosa também é coerente.
-Por que?
-Prometheus nos deu a Chama da Sabedoria. Com ela, nosso cérebro começou a crescer quando a alimentação fornecia mais nutrientes, que poderiam nutrir um cérebro melhor que conseguiam aproveitar melhor esses nutrientes e assim um ajudava o outro.
-Isso é básico.
-Sim, é só o início... As chamas se tornaram parte de nós, elas mudam de cor por um motivo: Desenvolvimento. Sabedoria pode ser uma maldição. Você anda escolhendo tanto o conhecimento ao invés da felicidade que suas chamas não param de progredir. Quanto mais desenvolvido o cérebro está, melhor é a queima.
-Isso significa algo ruim?
-Sim, minha filha... O espectro vermelho é a inteligência por natureza, o amarelo é desenvolvido uma grande perda...
-Então, você mentiu? Me disse que eu tinha despertado essas chamas por amar demais a minha irmã! - Disse desacreditada.
-Não grite comigo! Eu sou sua mãe! - Ela apaga as chamas. -Se soubesse o que estou passando entenderia que tentei esconder isso para você não sofrer como eu.
-Me desculpa. - Ela passa a olhar para baixo, como um cachorro quando sabe que fez coisa errada.
-Vem cá. - Meyssa estica os braços e Saiph caminha até ela, mãe e filha se abraçam. -Ainda não terminei...
-Por que as suas chamas são brancas? Isso é impossível, não é? Nunca ouvi falar de chamas que repelem luz.
-É um mecanismo de defesa da evolução cósmica. Elas refletem ataques baseados em laser.
-Isso não é tudo, né?
-Não... Ela também tem um significado na evolução do cérebro, despertada apenas depois de depressão profunda.
-Mãe.
-O que foi? Pode dizer.
-Não me faça chorar. - Isso surpreende Meyssa.
-Em toda minha vida, nunca te vi chorar. Você é uma menina forte.

Meyssa não fazia ideia de que sua própria filha, chora... E chora muito, escondida de qualquer um para evitar demonstrar fraqueza.

-Eu não consigo te imaginar chorando, ah, como te amo mais do que a vida.
-Me diz que foi só isso... Por favor.
-Não. Há um quarto nível, a Chama Azul é o último estágio. Ela representa... Suicídio. É por isso que seu pai deixou o povo ignorante, eles se matam quando estão conscientes da realidade.
-Então, quer dizer que eles não podem fazer nada a não ser viver na ignorância? Que tipo de vida é essa? Ou aceitamos correntes invisíveis ou morremos?
-A depressão que Esparta está sofrendo não é só econômica, mas psicológica em sua essência. A chama azul é a combustão completa, infelizmente... Não tem ninguém, no universo inteiro, que não tenha cometido suicídio.

Enquanto isso, Rígel estava enlouquecendo, planejando maneiras de como se matar. Ele ampliou tanto sua regeneração e resistência ao ponto de tudo o que tentou... Falhou. Sua mente está instável e enfraquecida, foi amaldiçoado a viver até que a profecia de Alnilam se torne realidade. Ele está consumido.

-Por isso lhe digo, você ainda tem salvação. Desista de buscar tanto o que te faz mal, estará viciada em veneno.
-Esse é o nosso destino? Aceitar ser alienado ou morrer?
-A vida não é justa... Se fosse justa, ela se chamaria Saiph.
-Por que tem de ser assim?
-Eu não sei. Já desisti de procurar sentido naquilo que não precisa ter.

SaiphOnde histórias criam vida. Descubra agora