Não tenho nem tempo de raciocinar, era tão cedo e Harry já batia na minha porta. Claro que era ele, Yoongi passou toda a noite comigo e saiu a alguns minutos atrás. Levanto-me daquela cama bufando, abro a porta com brutalidade e nem olho pra ele e já volto pra cama novamente.
— Bom dia pra você também! — Fechou a porta. Afundo-me no meio dos lençóis não o respondendo. Mas em um movimento rápido Harry tirou os lençóis de cima de mim e eu sinto a brisa fria da manhã subir por meu corpo quente.
— Harry! São oito da manhã! — Bufo sentando na cama irritada. Ele me jogou os lençóis e sentou-se na beirada da mesma e sorriu. — O que aconteceu? — Pergunto preocupada fazendo uma vozinha fofa mas nem tanto forçada. Ele suspira e molha os lábios.
— Estou saindo do hotel. — Diz silábico. — Na verdade, estou indo ficar com a minha mãe, o apartamento dela é enorme e eu não tenho motivos para continuar aqui, pagando uma fortuna, tendo uma casa com todo o conforto do mundo, né?
Mas... — Engoli em seco. Eu estava ali com a ajuda dele, Harry pagava metade da minha residência ali no hotel. Eu estava perdida agora, definitivamente. — Como eu fico? Você sabe, estou aqui porque você me ajuda.
— Desculpa, eu não posso ou minha renda acaba antes do nosso tempo de viagem. — Ele me olhou com um olhar triste, engulo em seco. — Você me entende? Volte para casa do seu pai, tenho certeza que ele amaria te ver lá novamente.
— Pode riscar isso da lista, pois está fora de questão eu voltar para lá. — Cruzo os braços seriamente.
— Madson William — Vociferou sério demais, me olhando de canto de olho. — Que modos são esses? Está parecendo uma garota mimada e convenhamos, você está muito longe desse patamar. Deixe seu orgulho de lado, você precisa, ele é seu pai, aquela é sua casa, quer você queira ou não! — Eu fico em silêncio, aquilo tinha feito-me calar subitamente. — Você está se mostrando uma outra Madson e eu não conheço essa, e não pretendo conhecer. O que está acontecendo? Parece que você mudou apenas físicamente, sua vinda para Atlanta fez sua cabeça mudar completamente.
— Me desculpa — Sinto meus olhos encherem. — Eu não sei o que está acontecendo comigo, eu só quero ir embora.
— Não fuja dos seus problemas, não seja tão fraca assim. Você mudou, você mais do que ninguém sabe disso. — Ele me olha sério. — Se você ama Jeongguk, resolva-se com ele. Se você odeia Amber Henderson, seja clara. Mas, não entre nesse personagem, eu te amo demais para ter que brigar com você. Porém está sendo necessário.
Nem falo mais nada, apenas o abraço num ato desesperado, deixando algumas lágrimas caírem sobre o meu rosto. Ele tinha razão, não precisava ser um gênio para saber que eu havia saído do que eu era pra entrar nesse personagem revoltado, que não sabe o que quer.
— Olha... — Afasto-me dele, limpando meu rosto úmido, e sorri fraco em meio aquilo tudo. — Eu já sei até para onde ir. — Ele me olhou com um sorrisinho bobo, e eu me ajoelho na cama suspirando. Num movimento rápido ele me puxou e nós caímos na cama, olhando para o teto.
— Quando você menos esperar, vamos estar novamente em casa. — Entrelaçou nossas mãos e eu viro minha cabeça para o encarar, dando-lhe sorriso mais do que sincero.
— Eu te amo demais.
[...]
Se alguma vez eu cogitei a idéia de morar com os meninos, achando que seria legal, eu definitivamente não sabia a loucura que aquilo seria. Só estou dividindo o apartamento com os meninos há doze horas e já estou enlouquecendo. Não posso nem reclamar, eles me acolheram sem fazer cara feia alguma.
Bagunça por todos os lados, eles sempre retrucam tudo o que eu sugiro para comermos. Já estou me arrependendo amargamente de não ter ido morar novamente com o meu pai.
— Não! Vamos comer hambúrguer com batata frita. — Ryan diz convicto me fazendo bufar. Ele estava uma pilha hoje, havia brigado com a namorada — que nem cheguei a conhecer ainda — e está descontado sua raiva em nós.
— Pelo amor de Deus! — Jimin disse perdendo a paciência e eu ri baixinho com aquilo. — Vamos comer uma pizza e alguma coisa doce, assim fica balanceado. — Reviro os olhos, lá estavam eles travando uma outra batalha: a decisão da comida.
— Gente. — Eu tento argumentar, mas eles me ignoram completamente. Eles falavam sem parar nem me davam atenção. — GENTE! Vocês são tão irritantes cara, qual a dificuldade de cada um pedir seu próprio lanche? — Questiono olhando-os com raiva, sem paciência para qualquer infantilidade. Os garotos me olham completamente sem jeito, eu dou um longo suspiro e vou até a sala sem falar nem mais uma palavra. Aquela casa era um verdadeiro pé de guerra, peguei minha jaqueta que estava jogada no encosto do sofá e antes que eu alcance a porta a voz do mais velho soa, fazendo-me parar.
— Aonde vai uma hora dessa?
— Atrás de sossego, volto quando tiver mais calmo. — Embora quem estava uma pilha era eu, completamente perdida. Eu havia chegado aqui com um único propósito, ver meu irmão feliz, fingir simpatia e ir embora um mês depois. Mas, absolutamente tudo saiu do meu controle.
Eu queria desesperadamente achar um culpado para todas as minhas merdas, mas não existia, na verdade, as palavras de Mike não fizeram um efeito enorme em mim, aquilo me deu liberdade, força para ir embora, mas porque eu não consigo ir embora totalmente? por que ainda fico remoendo o passado? Só queria simplesmente seguir em frente, mas ainda me sinto a mesma, porém de cara nova. Porque tudo, absolutamente tudo dentro de mim ainda continua o mesmo, a bagunça interna, meus medos e sentimentos.
[...]
Eu me lembro de como aquilo era bom pra mim, me desconectar do mundo, dos problemas que rondavam o lado de fora do meu quarto. O medo de ser descoberta sempre, a adrenalina correndo solta a cada movimento lento que meu corpo fazia, a música, a atenção que eu tinha, os comentários maliciosos, entre tantas coisas. Minha vida dupla me mudou. Eu amava colocar aquela máscara, a peruca que eu quase nunca usava, as roupas provocantes.
Olhando agora, o site em que aquela menina passava suas noites dançando, eu vejo a ultima live salva. O moreno sentado na cadeira, ofegante, louco para me tocar, com os olhos vendados e a boca entreaberta. Ela estava se divertindo, como nunca havia se divertido antes; mal sabia ela, que depois daquela dança, teria uma de suas melhores noites de amor. Aquela menina nunca esqueceu aquela noite, as coisas que ele o proporcionou, as palavras, cada toque. Poppy, sortuda, teve o diabo em sua cama por uma noite, mas aquilo não era nada, pois eu Madson, tive o coração dele.
Meus olhos estavam fixos na tela daquele minúsculo aparelho que estava grudado em minha mão. Olhando cada movimento meu feito ali, meu subconsciente trabalhava a mil por hora.
"Eu posso fazer tudo diferente" — As palavras dele ecoavam em minha cabeça. Era uma tortura aquilo, uma tortura comigo mesma. Mordi meus lábios quando sinto meus olhos marejarem.
"Posso fazer você conhecer o inferno em apenas uma noite" — Aquela noite foi uma das melhores que eu tive em toda minha vida. A noite em que tive total convicção do que eu sentia por ele.
Quatro anos, tempo o suficiente para esquecer uma pessoa, eu tentei, reprimir, ignorei, chorei, mudei fisicamente, para no final de tudo, eu estar em frente ao prédio dele, olhando nosso último vídeo, morrendo de vontade de falar com ele, de abraçá-lo.
Mas eu não posso.
Sorri fraco quando vejo o rosto familiar abaixar o vidro da Range rover preta e sorrir pra mim com ternura, um sorriso amarelo foi depositado em meu rosto.
Eu não posso porque preciso esquecê-lo de uma vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sinful Angels - jeongguk
FanfictionMadson, desfrutando do prazer que seu segredo proibido lhe propunha, num cômodo de sua casa, deslizava seu belo corpo sensualmente, ao ritmo da melódia provocante, enquanto a Canon captava cada detalhe seminu de seu corpo, decorado pela vermelha lin...