Amber Henderson.

1.2K 115 9
                                    

Respirei fundo ao tocar no cano gélido e cinza escuro da pistola que estava sobre a cama. Há quanto tempo eu não tocava ou usava uma dessa, para me livrar de algum filho da puta. Embora eu tivesse feito isso pouquíssimas vezes, não era um hábito — nunca foi e eu nunca permiti que fosse — manchar suas mãos com o sangue de outras pessoas, sejam elas ruins ou não, te marcará para a vida toda, o tormento, o psicológico mais abalado que nunca, sua mente vira um verdadeiro tabuleiro de xadrez e você nunca jogou esse jogo.

A pasta de dados estava sobre a mesa circular de madeira, todas as informações que eu precisava estavam ali, a minha mercê. As poucas e miseráveis coisas que eu havia conseguido durante uma semana, o dossiê perfeito para saber com quem eu realmente estava lidando. Mas, toda aquela cena teria que ser desfeita, os passos firmes do outro lado da porta, faziam com que a madeira começasse a ranger, me alarmando e me deixando ainda mais atenta, endireito-me naquela cadeira velha também de madeira.

A porta se abriu e o homem que entrou por ela, começou a me olhar sério, tateou os bolsos procurando seus cigarros, assim que os encontrou acendeu e fechou a porta com as solas do sapato. Estávamos em um certo "encontro" em um hotel de beira de estrada, tudo para não deixarmos rastros, afinal tudo teria que sair perfeito.

— Esse lugar é uma espelunca — Diz com nojo mostrando sua indignação, eu concordei. Pelo preço que eles cobravam, admirava-me ter algum tipo de luxo, era mais um hotel para motoristas cansados que não se importavam com a porcaria de comida ou com a cama fedida e usada por vários outros clientes, sem nenhum tipo de higiene. — Seja direta, não tenho todo o tempo do mundo. — Vociferou caminhando em direção a janela. O quarto chulo estava claro, mas lá fora era noite, por volta de umas nove e meia. — O que descobriu com aquele idiota?

— Vasculhei as coisas e encontrei seu arquivo junto do caso. — Engoli em seco. — Ao que parece darão entrada essa semana ainda. Vi muito pouco, não tenho um minuto de paz naquela merda. Hoje eu procuro seu arquivo lacrado, com certeza está lá em algum lugar ou até mesmo com ele em sua pasta. — Explico engolindo em seco.

— Não estou ligando pra essa sua vida de merda, ou melhor, esse teatrinho. Apenas quero saber sobre mim e meus negócios. — Virou-se para mim, ainda encostado na janela. — Tendo ele culpa ou não, quero ver Mike na sarjeta, no fim do poço ou até mesmo morto. Então faça seu trabalho bem feito, antes que sobre para você Henderson. Sua cabeça está mais a prêmio do que a minha, disso temos absolutamente certeza e para eu te entregar pra aqueles filhos da puta novamente, não precisa nem piscar.

— Já entendi, caralho! Pare de me ameaçar. — Rangi os dentes o olhando raivosa. Eu estava trabalhando igual a uma cadela para lhe dar confiança, mas era impossível ter alguma coisa com essa gente. — Estou fazendo o que posso, o possível e o impossível! Não fique jogando na minha cara, o que você fez e o que não fez por mim, é extremamente ridículo, principalmente para você. — Vejo ele cerrar os punhos, mas não ligo. Ele era louco, poderia me acertar com uma arma, dar-me uma surra, mas ao mesmo tempo ele não teria coragem, ele precisava de mim para essa missão.

— Eu acho bom você começar a medir as suas palavras, eu não preciso de você, como você imagina — Riu sarcástico, parecia que aquela filho da puta lia meus pensamentos. — Você que precisa de mim, caso contrário estaria morta, um pedaço podre de carne humana morta. Meça suas palavras, ou sua língua vai a prêmio numa bandeja de ouro, juntamente com a sua cabeça. — Vem até mim em passos lentos, me intimidando. Segurou minhas bochechas apertando-as com força. — Continue seu trabalho Henderson, continue sendo essa boa cadela pro seu maridinho otário, que você só tem a ganhar comigo. — Deu dois tapinhas de leve nos dois lados do meu rosto. Em nenhum momento abaixei o olhar, ou demonstrei medo, embora meu coração estivesse pulsando num ritmo frenético. Ele saiu batendo a porta, o repúdio que eu sentia por ele era enorme, eu tinha a oportunidade de ferrar com esse merda, mas não conseguia. Estava sendo o tempo todo vigiada, qualquer passo em falso eu caiu.

Sinful Angels - jeonggukOnde histórias criam vida. Descubra agora