- Ei, eu posso cantar também!
John afastou outra madeixa que se colava à testa suada e ficou com uma crista esculpida de uma forma estranha no topo da cabeça. Olhou para Ringo.
- Queres cantar?
- Sim, Johnny! Vamos improvisar outra canção – respondeu o baterista ajeitando as baquetas nas mãos.
- Certo!
- Vamos lá improvisar outra canção, alinho – concordou George com um sorriso cintilante. – Temos estado a arriscar e ainda não nos expulsaram do palco. Aquela balada foi... foi indescritível. Parabéns, Paul!
- Obrigado, George.
As palmas prosseguiam e eles quase que não se ouviam no palco. Os quatro fizeram outra vénia e a aprovação do público tornou-se mais ruidosa. O gerente tinha os braços pendurados ao longo do corpo e, se não estivesse na contraluz, eles podiam ver que estava embasbacado e de boca aberta. O apresentador imitava-o.
- Continuamos com esta loucura... Porque não? – opinou Paul divertido, retomando a viola-baixo. Ajeitou o instrumento, passou a palheta pelas quatro cordas alternadamente, num riff típico do rock. Queria retornar a sonoridades mais simples. Piscou o olho a John.
- Eles estão a gostar... Finalmente! – exclamou John.
- Era impossível ficarem parados com os estragos que temos feito – tornou Paul.
- Ei, menos conversa. Eles estão a ficar agitados – apontou Ringo que, do seu banco tinha uma vista privilegiada sobre a sala.
O público tinha-se tornado exigente. Após as palmas amainarem, alguém rude vociferou:
- Ei, vão continuar a tocar, ou não?
Paul, temerário, disse ao microfone:
- Boa noite! Como estão? Sim, vamos continuar a tocar. Só estamos a conferenciar se queremos cerveja ou whisky com coca-cola para matar a sede. Cantar seca a garganta, sabiam?
Uma gargalhada geral, palmas, assobios, uma frase solta a indicar que dessem um copo aos músicos desgraçados. John debruçou-se e disse-lhe alguma coisa ao ouvido, Paul assentiu.
A bateria deu o arranque. Ringo estava determinado a prosseguir com a sua exibição e as guitarras, espicaçadas pelo ritmo impaciente, voltaram a soar em ritmo de rock 'n roll. O microfone tinha sido colocado junto ao baterista e Ringo cantou, abanando a cabeça. Os cabelos voavam no ar e ele ficou com um aspeto infantil e desajeitado.
If you've got trouble
Then you got less trouble than me
You say you've worried
You can't be as worried as me
Se tens problemas
Então tens menos problemas do que eu
Dizes que tens preocupações
Não podes estar tão preocupada quanto eu
Era uma canção divertida, em contraste com o tema mais sério e comovente da balada que Paul criara ao piano. A exigência musical era também menor, mas os rapazes não esmoreceram e continuaram a apoiar Ringo na sua primeira intervenção como cantor.
You're quite contend to be bad
With all the vantage you had over me
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Na Minha Vida
FanfictionE se o João, o Paulo, o Jorge e o Ricardo... Não! Vamos recomeçar. E se John, Paul, George e Richard, depois Ringo, se tivessem conhecido em circunstâncias diferentes daquelas em que se conheceram, adolescentes dotados para a música, apaixonados pel...