Karma

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O dia havia acabado de começar... E eu já estava terrivelmente cansada.

Estava com a cabeça latejando de dor, uma pequena cortesia por ter bebido demais.

Mal se lembrava do que havia acontecido ao decorrer do dia anterior, tudo o que você lembrava era de ter chegado cansada de uma "missão" e ter bebido uns bons goles de vinho com o Chuuya, um dirigente da máfia do porto, assim como você.

— Droga... O chefe vai me matar...

Como sempre, você deveria reportar imediatamente o status das missões ao chefe da Máfia assim que você finalizava elas, isso era uma regra para todos os dirigentes.

E você não havia feito isso.

E as consequências iriam vir, obviamente.

Mori Ougai não era a bem a descrição de uma pessoa violenta, mas mesmo assim... Regras são regras.

Você havia ficado nervosa na noite anterior, não lembrava bem o motivo. E então veio o Chuuya, todo sorridente te chamando para experimentar um daqueles vinhos extremamente caros que ele se gabava por poder comprar.

Você aceitou imediatamente. Não que você gostasse dele, na verdade você nunca foi muito com a cara do Chuuya. Mas tinha algo te assombrando... Um nervosismo interno que te fez querer encher a cara até esquecer do próprio nome.

A última vez que você tinha bebido tanto assim foi quando o Mori assumiu o cargo de chefe da Máfia, matando o chefe anterior... Que era seu pai.

E você tinha ajudado ele a assassiná-lo.

Você nunca foi muito próxima do seu pai, e as poucas palavras que ele dirigia a você eram ordens. Ordens de matança, de eliminação de facções inimigas.

Ele fazia questão de te mandar nessas missões, desde os 10 anos...

O desgraçado não queria uma filha, ele queria um soldado.

Um soldado sem sentimentos, uma máquina de matar.

E você havia concordado com todas as ordens dele. Obedecia mesmo que te faltasse a maldita coragem para cumprir, porque você se sentia em dívida com ele. Ele te tirou da miséria, te deu um lar.

As memórias da época em que S/n era uma moradora de rua ainda estavam cravadas na sua mente... Depois que a mãe morreu foi deixada nas ruas, vivendo entre becos escuros, roubando dos outros... Vivendo na pura miséria.

Então aquele velho homem te deu um lar, e um motivo para viver com alguma dignidade.

Um motivo obscuro e pecaminoso, mas ainda assim... Era um motivo.

Mas depois de alguns anos, ele começou a enlouquecer... Dar ordens sem sentido algum, falar coisas sem fundamento, dizer que tinham inimigos e que deveriam matá-los antes que eles nos matassem.

E então... Veio aquele homem.

| Flashback on |

— Eu sinto muito, senhorita. — o homem dizia olhando na sua direção.

Você olhava para baixo, incapaz de olhar pro médico diante de você.

— Então ele... — você fez uma pausa, criando coragem para terminar a pergunta. — ... enlouqueceu?

— Ele está alucinando, e não é só isso. Ele está fraco e...

— Como é seu nome mesmo?

O homem piscou algumas vezes, surpreso por você ter feito uma pergunta fora de contexto em uma situação como aquela.

𝐋𝐞𝐭 𝐠𝐨 - 𝐎𝐬𝐚𝐦𝐮 𝐃𝐚𝐳𝐚𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora