𝐋𝐞𝐭 𝐠𝐨 - 𝐎𝐬𝐚𝐦𝐮 𝐃𝐚𝐳𝐚𝐢

Lealdade

[Dazai]

O que eu poderia fazer?

O que eu poderia dizer?

Talvez ela quisesse as estrelas do céu. Talvez ela as desejasse com toda sua alma, mas, mesmo assim, ela não as tomaria para si.

S/n é, com certeza, o ser humano mais apaixonante que eu já encontrei em toda a minha vida. Mas, entretanto... Ela tinha uma única falha.

A falha de se achar uma falha.

Ela nunca toma o que deseja. Ela sempre tem em mente que não deveria, e que se quisesse de fato algo, ela teria que se provar digna.

Se provar, é o que ela faz o tempo todo. Ela foi tão acostumada com esse hábito, que mesmo que ela não perceba, ela está o tempo todo se provando. Nem mesmo ela sabe para quem.

Ela provavelmente acha que para "me merecer", ela teria que ser "limpa".

Portanto, alguém como eu, não deveria entrar em seus conflitos obscuros, pois isso é algo que ela mesma deve eliminar para finalmente poder viver em paz e sem nenhuma dívida com seu passado.

Isso me irrita. Me deixa triste.

Me parte profundamente o coração saber que ela não se sente digna de receber todo o amor do mundo.

Mil pensamentos passavam pela minha mente enquanto observava sua sombra; de costas para mim, observando a neve cair pela janela da pequena cabana onde estávamos.

As luzes estavam todas apagadas, exceto o abajur que estava ligado ao lado da cama em que acordei.

Ela provavelmente me trouxe aqui quando eu fiquei inconsciente.

Me levantei da cama, encolhendo os ombros ao ouvir o barulho infernal das molas da cama estalando, que acabaram com quaisquer que fossem as chances que eu tinha de andar até ela sem ser notado.

S/n rapidamente se virou, agarrando-se a janela com o rosto virado em minha direção.

— Você acordou! — sua voz era surpresa, quase como um grito de susto.

Eu pude ver apenas uma parte de seu rosto se curvando no que pareceu ser um sorriso. Sua têmpora era a única visão clara que eu tinha de seu rosto, iluminado pela luz da lua. O resto de seu rosto pareceu ter se misturado com as sombras da cabana.

Me assustei ao sentir uma coisa úmida cair no meu peito, mas ao tocar, senti que era uma toalha molhada.

Passei o indicador pela minha testa, apenas para ter certeza de que havia caído de lá.

E eu nem havia notado.

Coloquei a toalha sobre a cabeceira da cama, encontrando as palavras certas para iniciar uma conversa.

— Estou acordado há algum tempo — admiti.

Ela emitiu um pequeno "ah", mais como um suspiro.

S/n pareceu procurar por algo, ou fingir que estava procurando algo.

Mas ao parar na direção de uma poltrona, vi ela puxar algo e se virar para mim novamente. Ela inicialmente se deteve, mas andou até mim.

Cada passo parecia doer em seu corpo, pesar em sua alma.

— Aqui — ela estendeu o que eu identifiquei como meu sobretudo. — Está frio.

Ao estender minha mão para pegá-lo, nossos dedos se tocaram por acidente. O contato pareceu atingí-la como um choque, que retirou imediatamente as mãos.