Problemas no paraíso

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Evitar o falatório infelizmente não foi possível.

Yosano e eu tivemos uma discussão calorosa sobre meu estado de saúde, onde eu afirmava com todo o meu ser que estava em condições de voltar para casa, enquanto ela praticamente cuspiu em mim ao dizer que eu estava frágil como porcelana.

Dazai não ousou proferir uma palavra para nenhuma de nós. Apenas ficou quieto e (muito bem comportado) enquanto tomava uma quantidade generosa de cafeína em pleno verão.

No fim, quando ela bateu os pés e deu sua palavra final de que eu não sairia daquele hospital antes do sábado, (estávamos em uma quinta-feira) eu a questionei sobre sua eficiência profissional. Afinal, ela tinha mesmo o poder de curar pessoas?

Eu obviamente sabia da capacidade de Yosano, porém essa era minha única cartada para convencê-la de uma vez por todas.

No final, deu tudo certo e eu voltei para casa na sexta-feira de manhã, muito contente e satisfeita com minhas próprias habilidades de persuasão e eloquência.

Passei o dia sozinha, como de costume. "Costume", pensei. Tinha que me acostumar, afinal Dazai não era apenas um dos pilares da agência, como também era o instrutor dos novos agentes. Ele era um homem atarefado, e diabos, eu teria que lidar com isso.

O insulto contra Yosano se provou ridículo. Estava ótima, andando e até correndo sem vacilar ou tropeçar.

Eu devo um pedido de desculpas...

Mesmo que não fosse minha intenção.

Já era 16:30 da tarde. Uma tarde bonita, ensolarada. Típico do verão.

Corri até a janela da sala, respirando aquele ar puro enquanto observava o pequeno jardim de Dazai.

Jardim. Quem diria.

Dazai tinha um pequeno jardim na lateral de sua casa, cheio de uma única espécie de flor. Sua preferida.

Lírios.

Dazai amava lírios. Ou melhor... Seu aroma.

Sorri com o pensamento. Eu sei que ele ama lírios. Quantas pessoas saberiam coisas assim sobre ele?

Pequenos detalhes que formam a intimidade...

Intimidade.

O dia na cozinha, a visita ao quarto no hospital...

"Intimidade" ganhou um novo significado entre nós.

Apertei a barra do meu vestido com força, como se isso pudesse trazer alguma sanidade de volta para mim.

Estava usando um vestido azul vibrante, de gola V. O comprimento quase chegava até os joelhos. Era verão, estava quente... Eu não iria me torturar com ternos ou coisas do tipo.

Não era incomum que eu usasse vestidos, mas eu evitava usá-los em público. Era mais um constrangimento bobo.

Mas como eu estava sozinha em casa, não fazia mal nenhum.

Olhei para o céu, me inclinando um pouco mais para sentir o vento úmido vindo de um pequeno lago que não ficava muito longe dali.

Desejei sair, correr pelos campos e mergulhar meus pés na água morna do lago mas, infelizmente, fui proibida com todas as letras de sair sem a aprovação do dono da casa.

Pro.i.bi.da. ele disse, enfatizando cada sílaba.

Quando eu o olhei nos olhos e perguntei se era uma piada, ele simplesmente manteve sua expressão gélida cheia de autoridade.

𝐋𝐞𝐭 𝐠𝐨 - 𝐎𝐬𝐚𝐦𝐮 𝐃𝐚𝐳𝐚𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora