𝐋𝐞𝐭 𝐠𝐨 - 𝐎𝐬𝐚𝐦𝐮 𝐃𝐚𝐳𝐚𝐢

Sempre foi você

[Não revisado]

***

Mágoa, ressentimento, raiva.

Todos esses sentimentos são péssimos de se sentir, um só deles já acaba com o dia de alguém.

Imagine como é senti-los de uma vez só.

Eu corri o mais rápido que eu pude, esbarrando em todos que estavam no meu caminho.

Minha vida havia mudado da noite para o dia, eu perdi e ganhei muitos companheiros. Perdi minha casa, perdi minha família e caí fora de uma promessa que eu não deveria ter quebrado...

Merda... Sempre que eu bebo eu lembro desse dia.

[Yokohama, 2010.]

- Papai! Papai! - a garotinha chamava a atenção do homem alto, puxando a manga de sua camisa. - Eu achei um morceguinho olha!

O homem de meia idade observou com atenção na direção em que a garotinha estava apontando: Uma árvore alta, cheia de galhos secos.

- E você está com medo, querida? - ele perguntou.

A menininha negou violentamente com a cabeça, pulando de empolgação logo em seguida.

- Eu sou um morcego papai! - ela disse em um tom estranhamente animado.

O homem explodiu na risada, chamando a atenção de alguns pedestres que passavam na rua naquela hora.

- E por que você acha isso, meu bem? - ele perguntou intrigado.

A garotinha ficou estática, provavelmente pensando no que dizer.

- Ora papai! Que pergunta boba! - ela sacudiu os braços. - É só olhar pra mim! Eu tenho cabelo escuro, que nem o de um morcego. E eu também consigo sugar o sangue dos outros...

Ela disse orgulhosamente, com os braços na cintura.

- Ah, s/n querida... Eu já te disse que você não suga o sangue de ninguém. É diferente.

Ela pareceu ter se irritado.

- Eu seeeeeei papaaaaaaai. É só um jeito de dizer! - ela gesticulou com as mãos fazendo um sinal de "isso é óbvio, tá na cara."

O homem riu novamente, ainda de olho na garotinha.

- Sabe s/n... Eu tenho fé de que um dia você vai ser como eu. - O homem fez uma pausa, olhando para o céu.

Mas depois, ao encarar os olhos confusos da garotinha, pareceu ter se surpreendido com algo.

- Não! Absolutamente não. - ele disse a pegando no colo, e ergendo-a na direção do morcego. - Você será muito melhor do que eu. Mal posso esperar para passar o meu trono para você!

Os olhos dela pareciam ter capturado todas as estrelas do céu, cheios de brilho e fascinação.

- Então um dia eu vou mandar em tudo isso?! - ela disse apontando para os prédios da Máfia com empolgação.

- Vai, querida. Papai promete.

[...]

Yokohama, tempos atuais.

Porra... Que dor de cabeça do caralho...

Correr definitivamente foi uma péssima idéia. Só uma pessoa burra balançaria sua cabeça latejando de dor feito uma louca enquanto corre.

Burra. Eu sou uma burra mesmo.

Burra por acreditar no Mori.
Burra por acreditar no Chuuya.
Burra por ser... traidora.