Dark Age [03]

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Dizem que a confiança excessiva é a ruína de um homem.

Olhei por cima do ombro, observando Mori sorrir com uma expressão perturbadora enquanto segurava uma mala cheia de diamantes, mais do que satisfeito.

— Está vendo, Dazai? — olhou para mim com orgulho em sua voz. — O senador nos mandou isso. Tão desesperado em nos agradar... Parece um cão patético.

Revirei os olhos.

Mas é claro, ele não quer ser um alvo nosso. Além disso, não é novidade que as autoridades ou pessoas importantes nos mandem uma "bonificação" pelos nossos serviços.

— Ah, e eles também mandaram algo especial para você, meu rapaz — se levantou procurando por algo em uma de suas gavetas, até enfim encontrar um grande pacote e estender ele em minha direção. — Tome, é seu.

Ah, que merda.

— Eu não quero isso. Pode dar para o Chuuya se quiser.

Ele deu de ombros, se preparando para guardar o pacote novamente, mas se deteve e olhou para mim.

— Tem certeza de que não quer nem... — deu uma pausa, chacoalhando o pacote. — Ver o que tem dentro?

Suspirei, sentindo a irritação bombear pelo meu corpo. Esse idiota não desiste mesmo.

— Sim, chefe. Eu...

— Pode ser algo que a morte branca goste — sorriu satisfeito. — Quem sabe ela adore ganhar um presente.

Morte branca.

Ela.

Desde que ele aprendeu que pode me convencer a fazer qualquer coisa apenas citando o nome dela, ele não soube a hora de parar. Mas, eu mesmo, sou muito teimoso. Muito mesmo.

— Obrigada pela sugestão, chefe. Mas... — caminhei em direção a porta. — Eu sei do que ela gosta. Eu mesmo posso comprar algo se esse for o caso. E realmente não tenho interesse nessas coisas fúteis que eles nos oferecem em troca de misericórdia.

— Ora mais! — Mori se levantou, erguendo a voz e sem decoro. — Veja logo o que tem no maldito pacote! É uma ordem, seu teimoso.

Ergui uma sobrancelha.

— Estou sendo obrigado a receber um presente?

Inacreditável.

Mori caminhou com o pacote idiota, aterrissando em minhas mãos.

— Faça bom proveito, Dazai — disse com uma piscadela enquanto apontava para a porta, me dispensando.

Francamente.

Horas depois, realmente possuindo uma grande montanha de 0 interesse naquele pacote dos infernos, eu decidi que iria levá-lo para fora.

Eu o sacudi algumas vezes, ouvindo algum som metálico e um farfalhar de tecidos, então me tornei mais desinteressado ainda.

Essas coisas me dão nos nervos. Eu não aceito presentinhos de velhos imundos com medo, como se eu fosse uma vadia.

Com presente ou sem presente Senador Shing, se eu quiser te matar, eu vou te matar.

Levantei o meu presente indesejado, me dirigindo até o lado de fora antes que 2 pares de olhos curiosos me espiassem pelas costas.

Parei, rindo desacreditado. Essas duas eram tão discretas quando um carro alegórico no carnaval.

— Em que posso ajudá-las, senhoritas? — me virei, esperando que elas saíssem de onde elas achavam que estavam super escondidas. — Kouyou? S/n?

𝐋𝐞𝐭 𝐠𝐨 - 𝐎𝐬𝐚𝐦𝐮 𝐃𝐚𝐳𝐚𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora