Nada mais a perder

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Perspectiva do Dazai

Naquele momento, eu estava enfrentando uma confusão interna infernal. Minha mente e meu corpo não estavam entrando em um acordo, o que tornava as coisas ainda mais difíceis.

Dizer que eu me sentia cansado seria um belo de um eufemismo. Eu não estava cansado, eu estava absolutamente exausto.

Assim que o presidente da ADA abriu as portas da sua sala, eu já sabia do que se tratava.

As ordens eram claras: Capturar a 3° dirigente da máfia do porto, interrogá-la, e depois entregar ela para a polícia.

Mas eu não ia deixar isso acontecer, jamais.

【Algumas horas antes】

- Presidente, se entregarmos ela aos policiais ela será executada.

O homem sentado próximo a janela nem se deu ao trabalho de olhar para mim. O presidente Fukuzawa era firme quando se tratava de decisões.

- Ela está colhendo o que plantou, eu não posso fazer nada. - disse ainda olhando pela janela, parecia estar observando um gato.

- Deveríamos dar uma chance a ela, senhor.

- Ela é mafiosa, Dazai. Tudo o que ela conhece é destruição e-

- Nada disso. - disse interrompendo o presidente, que agora estava olhando para mim.

Ele estava me olhando com os olhos semicerrados e os lábios entreabertos. A típica expressão que alguém faz depois de ouvir o pior dos absurdos.

Mas aquilo não era um absurdo, era verdade.

- Escute, senhor presidente. O senhor não está tendo nenhum "deja vu" com esta situação?

- Pare. Se está tentando me convencer a mudar de idéia com o argumento de que você também era da Máfia pode ir parando. Minha resposta é não.

Teimoso feito uma mula.

Eu sorri gentilmente, tentando não mostrar minha impaciência.

- Presidente... O senhor sabe o motivo de eu ter entrado na Máfia aos 14 anos?

Ele se virou para mim, claramente surpreso com a minha pergunta.

- E por acaso existiu algum motivo?

ele disse com um incômodo notável na voz.

- Ora, presidente... Assim o senhor me ofende. Acha que eu entrei em uma organização criminosa guiado pelo calor das minhas emoções? - disse com um sorriso irônico no rosto. - Não. Eu posso até ser suicida, mas não sou nenhum inconsequente.

Ele parecia estar prestes a rebater quando eu me dei a liberdade de interromper sua fala mais uma vez.

- Eu entrei na Máfia do porto porque eu esperava que existisse algo nela pra mim. Eu esperava morte, eu esperava violência. O instinto, o desejo... Ao nos expor a essas emoções cruas nos colocamos com a verdadeira natureza humana. Eu achei que assim poderia... - fiz uma pausa, tentando ignorar o sentimento podre que se acumulava no meu peito. - Que assim eu poderia encontrar uma razão para poder viver.

- Dazai, eu... - ele se deteve por um momento, ficando imóvel. - E você não encontrou essa razão pelo jeito.

Quem sabe...

- Esse vazio inexplicável era algo meu. Algo só meu. Até que eu conheci a S/n, e eu vi nos olhos dela... Eu vi que compartilhávamos do mesmo sentimento. Eu tive a chance de mudar, e eu também quero que ela tenha. Por isso, presidente, eu te peço... - dei alguns passos adiante, e peguei a foto dela que estava próxima ao copo de chá do Fukuzawa. - Ela merece vir para a luz.

𝐋𝐞𝐭 𝐠𝐨 - 𝐎𝐬𝐚𝐦𝐮 𝐃𝐚𝐳𝐚𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora