Último Suspiro

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Até onde você iria por redenção? Por culpa? Por... Amor?

Eu não sei. Mas nesse momento, estou prestes a arrebentar a linha frágil da minha própria sanidade.

Respirei fundo, sentindo um arrepio percorrer pela minha espinha. Era inacreditável.

Me sentei, observando enquanto os homens de Bill cavavam fundo na cova improvisada de meu pai.

Bill acendeu seu cigarro, concentrado em mim, apenas em mim. Podia sentir sua preocupação sem nem precisar observá-lo.

Uma nuvem de ar quente escapou de seus lábios enquanto ele se agachava ao meu lado. Talvez fosse por seu cigarro, talvez fosse pelo frio.

Eu estava sentada no mesmo local onde o sonho havia começado. Na varanda, perto da piscina de água morna.

Mas a visão real era bem triste. A piscina estava totalmente suja, e coberta de gelo. Impossível de mergulhar os pés para relaxar.

Abracei meus joelhos, escondendo minha cabeça entre minhas pernas. Eu precisaria me encher de tarja preta se quisesse dormir em paz novamente.

Uma mão enluvada acariciou minha cabeça, e eu preferi não encarar o homem ao meu lado. Bill não precisava ter pena de mim.

— Tudo estará bem. Não fique triste — ele posicionou o queixo no topo da minha cabeça, esfregando o dedão no meu ombro em um abraço fraterno.

Ele é mesmo como um irmão mais velho.

— Depois disso, você vai ser a chefona! — sua voz subitamente ficou animada.

Levantei meu olhar, com a mesma expressão de sempre.

— Não sei se deveria — dei de ombros. — Eu já disse, Bill. Mas ninguém nunca acreditou em mim.

Ele deu um sorriso afetado.

— Ninguém acredita que você não quer a Máfia, não é? — ele se levantou, me puxando suavemente com ele.

Assenti, limpando a neve que havia no meu cabelo.

— É o que esperam de mim — dei de ombros.—  Todos aguardam ansiosamente o retorno da lendária herdeira, desde sempre.

Pensei sobre isso. Mas não... Não. Eu não deveria. Eu não podia.

A Máfia me tornou quem eu sou hoje, esse é um fato que eu não posso mudar. Comandar o que me criou me daria uma sensação maluca de poder? Absolutamente sim. Mas...

Olhei para Chuuya, que esperava ansiosamente ao lado de um SUV prata, olhando para nós.

Existem pessoas que nasceram pra isso.

[Dazai]

— Bom, então vocês não aceitam meus termos?

Sorri. E esse com certeza foi o sorriso mais falso que dei em toda a minha vida.

— Absolutamente não, senhor Francis —  fiz um esforço dolorido para não transparecer metade do meu descontentamento com aquela situação.

Esses estrangeiros... Acham que temos preço. Acham que somos facilmente vendidos, acham que seremos facilmente seduzidos por seus cabelos loiros e olhos verdes.

Atsushi não parava de coçar a nuca, mais nervoso que uma virgem na noite de núpcias.

Droga, eu não deveria ter chamado ele. Isso é pressão demais pra um garoto tão jovem.

— Quer mais chá, senhor? — Kyouka perguntou com a casualidade de uma garçonete.

Quase me fez sorrir. Eles eram o total oposto um do outro.

𝐋𝐞𝐭 𝐠𝐨 - 𝐎𝐬𝐚𝐦𝐮 𝐃𝐚𝐳𝐚𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora