Amanhecer

927 68 148
                                    

O sol nasceu.

O dia se iniciou.

Dazai e eu corríamos feito loucos pelas ruas de Yokohama, empurrando algumas pessoas no percurso, atravessamos ruas sem se importar com o trânsito, saltitando de mãos dadas como duas crianças.

Risadas incontroláveis escapavam de nossas bocas o tempo todo. Risadas contidas por mais de oito anos.

Estamos livres. Livres para sempre!

Vinte e dois anos de vida. Doze anos de Máfia. Incontáveis anos morando na rua.

E apenas agora... Bem aqui no meio da rua, eu soube o significado de liberdade.

Me sentia liberta. Sem mais dívidas, sem mais perseguições!

Parei em uma fonte, simplesmente enfiando minha cabeça por baixo da água sem ligar para o quão louca eu pareceria aos olhos dos pedestres.

A água escorria pela minha testa, por trás das minhas orelhas e inundava meus olhos.

Eu respirava de forma rápida e irregular pela boca, recuperando o fôlego depois de saltitar por Yokohama pelo que pareceram ser dois quilômetros.

Uni minhas duas mãos em formato de concha e joguei água no meu pescoço e nos meus braços, lutando para tirar o sangue seco que havia impregnado na minha pele.

Quando voltei minha atenção para a rua que graças ao bom senhor estava quase vazia por ser muito cedo, vi Dazai conversando com uma senhora no que pareceu ser uma floricultura.

Ele se agachou perto de um arranjo de rosas brancas, retirando somente uma e entregando algumas moedas para a senhora.

Ele se virou na minha direção, com um sorriso que foi gradativamente sumindo e dando lugar para uma expressão boquiaberta.

Segui o seu olhar, vendo que a água fez minha blusa branca virar uma cortina transparente.

Fiz uma careta para ele, jogando meus cabelos por cima dos meus seios na intenção de esconder meu nada discreto sutiã rosa bebê.

— Tentando me seduzir, senhorita? — ele perguntou caminhando até mim com a rosa entre o indicador e o dedão, girando a flor de forma preguiçosa.

Passei as costas das mãos na testa, secando um pouco da água que estava escorrendo até meus olhos.

— Depende. Está funcionando? — brinquei dando uma piscadinha.

Dazai passou as pétalas macias na minha bochecha, depois cheirando a rosa.

— Acho que posso responder sua pergunta mais tarde.

Caímos na risada novamente. Como isso era bom.

Ele me estendeu a rosa, e eu a segurei sentindo meu peito martelar de emoção.

Por algum motivo, tive vontade de chorar.

— É linda... Obrigada meu amor.

Os olhos dele brilharam quando sua mão se fechou por cima da minha, segurando a rosa ao mesmo tempo.

— Eu te conheci como morte branca. — Dazai falou olhando nos meus olhos. — Mas hoje-

— Hoje ela não existe mais. — interrompi com um sorriso fraco, porém sincero nos lábios.

Ele tirou alguns fios de cabelo que estavam grudados na minha bochecha, pressionando aquela área com a palma da mão.

— A morte jamais foi branca. Você... É... — ele respirou fundo, tomando algum tempo para falar. — Esperança. Vida. Você é tudo que representa euforia e felicidade para mim.

𝐋𝐞𝐭 𝐠𝐨 - 𝐎𝐬𝐚𝐦𝐮 𝐃𝐚𝐳𝐚𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora