[Chuuya]Sem dor, sem incômodo, sem arrependimentos.
Acordei em uma cama confortável, em um ambiente escuro e desconhecido. Eu deveria estar em alerta, mas por alguma razão eu estava mais tranquilo do que nunca.
Minha memória não havia sofrido nenhum dano considerável, apesar da minha cabeça ter ido ao chão diversas vezes durante a luta na cafeteria.
A maioria das pancadas foram de S/n, e eu mereci cada uma delas.
Pestanejei, tentando me levantar. Apesar de não estar dolorido, meu corpo estava terrivelmente pesado. Era como se uma bigorna estivesse me puxando para baixo.
Esfreguei os olhos, bocejando e olhando ao redor.
Ao lado da minha cama, vi uma moça jovem escrevendo alguma coisa em seu caderno. Seus cabelos estavam soltos, escorrendo pelos seus ombros. Ela usava um vestido tomara que caia branco e um belo bracelete prata, com um aglomerado de palavras que não faziam sentido para mim.
Eu me movi mais para perto dela, o som do farfalhar dos lençóis chamou sua atenção, que soltou o lápis em uma folha do caderno e levantou o olhar para mim.
— S/n? — pus a mão na nuca, ciente de que poderia estar mais enganado do que nunca.
— Você está sentindo alguma dor? — ela possuía uma expressão serena no rosto, sua voz me revelando que realmente era minha velha amiga.
Suspirei, aliviado.
— Que bom que você está bem, e — me afundei no travesseiro enquanto recebia um copo de chá gelado de uma enfermeira. — Estou ótimo.
Bebi um gole, logo percebendo o quão faminto eu estava.
— Merda, cara — olhei para ela, que voltou a escrever em seu caderno. — Parece que eu não como desde o ano passado.
— Você estava em coma por três dias — anunciou simplesmente, com a naturalidade de uma mãe colocando o filho para dormir.
Me engasguei, e com tosses violentas acabei cuspindo o chá.
— Pois é — ela retirou uma mecha solta e a colocou atrás de sua orelha. — Do que você se lembra?
Tossi mais algumas vezes, bebendo um gole do chá para me normalizar minha voz ríspida.
— Lembro do seu namorado me enchendo de perguntas — me sentei na cama, apoiando minha nuca na cabeceira. — E de ter ido parar no chão. Tela preta.
Ela praguejou e começou a mover o lápis mais violentamente, e ela parecia estar incrivelmente concentrada nisso.
— É mesmo um infortúnio, mas... — ela colocou o lápis e o caderno em uma pequena cômoda, me olhando com os olhos mais profundos que eu já vi. — Você sabe. O mundo não paralisa só por você não conseguir seguir em frente.
S/n caminhou até mim como se cada passo pudesse esmagar o chão, com uma leveza impressionante. Eu estava começando a ficar nervoso.
Me ajeitei na cama e ela se sentou na beira, de costas para mim.
Pude ver algumas cicatrizes em seus ombros, linhas grossas e doloridas que ficaram esbranquiçadas com o tempo.
— O mundo é um mar de monstros, Chuuya — ela virou o rosto para mim, um sorriso fraco acentuado em seus lábios. — E se você simplesmente se deixar levar pela maré, ele pode te consumir.
— Ou te levar para algum lugar desconhecido — acrescentei, claramente falando sobre nossa situação atual.
Ela deu de ombros.
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𝐋𝐞𝐭 𝐠𝐨 - 𝐎𝐬𝐚𝐦𝐮 𝐃𝐚𝐳𝐚𝐢
FanfictionS/n cometeu um pecado terrível. Um erro pelo qual ela se arrependeria até o dia de sua morte. Como herdeira do antigo chefe da Máfia do Porto, ela guardava sentimentos confusos sobre o pai. Mas nunca sobre Dazai. Ele rapidamente se tornou sua obsess...