Capítulo XXIV - Harry Potter está morto!

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Alya Black

    Corro para o banheiro, sentindo as poucas uvas que comi no jantar voltarem pelo meu estômago, enquanto a falta de ar aumenta cada vez mais, junto com a sensação de morte.

      Não tenho tempo para quase nada além de me jogar na primeira cabine aberta, e abrir o vaso, vomitando até mesmo o que não tem em meu corpo, antes de me escorar na parede chorando descontroladamente.

       Quase dois meses. Mais especificamente quarenta e três dias desde que voltei para essa escola. Quarenta e três dias que não consigo andar por um corredor sem a sensação de ser perseguida. Que não consigo deitar em minha cama, sem lembrar da sensação da maldição em minha pele. Que não consigo olhar em um espelho, ou para meu punho, sem ver as marcas daquele dia.

       Que me entreguei para ele uma última vez, e encerrei nossa história.

       E quarena e oito dias que fui torturada até perder minha consciência.

       Não sei dizer como cheguei em Hogwarts novamente. Me lembro vagamente de quando fugi daquele quarto, a sensação de aparatar, de Hogsmeade, no ponto mais perto de Hogwarts. E então, tudo fica em branco, apenas pequenos flashs de vozes, acho que meus amigos, e madame Pomfrey mandando me sedar, enquanto grito, me debato.

       Acho que foi isso. Não falo com eles praticamente. Fujo de todas formas possíveis. Eles tentaram desesperadamente nos primeiros dias, mas eu não conseguia, não conseguia não chorar.

      Então apenas pararam.

      Ainda sinto eles me perseguindo pelos corredores, caso eu tenha algum surto. Ou entrando em meu quarto durante a noite, para ter certeza que não tirei minha própria vida.

      Eles estão sempre comigo, mesmo quando eu não quero estar.

      Diretora McGonagall, é estranho me referir a ela assim, tentou me dar todo apoio possível, me deixando livre das aulas, das quais escolhi voltar, acompanhamento médico e psicológico, me segurando em seu colo enquanto eu chorava desesperadamente, e denunciando para uma tentativa de justiça. Mas descobri que a denúncia feita ao ministério, sumiu, como se Thomas fosse intocável ao ponto de sequer ter uma denúncia de tortura. Ou Lucius, que abriga todos comensais.

     Luna tentou se aproximar na enfermaria. Mas fingi dormir, ainda magoada demais. Ela sabia que eu estava lá. Harry e Rony sabiam que eu estava naquela mesma mansão. Eles todos sabiam que eu estava lá, onde eles mesmos sofreram torturas, e foram, sem pensar duas vezes. Me abandonaram para morrer.

     E eu preferia ter morrido.

      Ouço uma porta se abrindo, mas não tenho forças para sair dessa posição, imaginando que deve ser a Murta. Até mesmo ela respeita minhas crises agora.
Após passar horas e horas lamentando sobre o que passou, sobre me contar das horas e horas que ele passava nos banheiros chorando, exatamente como faço agora. Mas ela parou, quando entrei em uma crise tão profunda, que conseguia chorar e gritar mais que ela.

     As cabines são abertas uma a uma, e sinto meu estômago revirando novamente, me fazendo apoiar na privada, enquanto choro desesperadamente, parando os soluços para despejar meu conteúdo gástrico.

A Black [REPOST] // Draco Malfoy Onde histórias criam vida. Descubra agora