The Dark Side Of Life.˙❥˙L.s

Chapter Twenty Seven: Back to Stylinson ❥

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BOSTON, 1819

Havia planejado minha viagem de volta para Stylinson com um entusiasmado típico de um funeral. Usando um saco de moedas de Adair, marquei minha passagem num navio de carga que zarparia de Boston para Camden, e de Camden em diante viajaria numa carruagem especial, com um cocheiro. O único transporte de ida e volta de Stylinson havia sido a charrete do fornecedor, que trazia mercadorias frescas para a mercearia dos Watford duas vezes no ano. Planejei chegar com estilo, exibindo uma carruagem maravilhosa, repleta de almofadas para amaciar seus bancos e com cortinas nas janelas, para mostrar a eles que eu não era o mesmo homem que tinha ido embora.

Era o começo do outono, e enquanto Boston estava apenas fria e úmida, os caminhões em direção ao norte até o condado de Arroostook já tinham neve. Fiquei surpreso por minha nostalgia ao ver a neve de Stylinson, os sulcos autos e profundos e a paisagem branca intocada, as pontas dentadas dos pinheiros surgindo através de grossas camadas de neve. Quando criança, olhava pela vidraça da janela do chalé de meus pais e assistia o vento soprar lufadas de neve tão finas quanto poeira, e agradecer por estar dentro do chalé com fogo e cinco outros corpos para me manter aquecido.

Mas naquela manhã, eu estava no porto de Boston, esperando para embarcar no navio que me levaria de volta até Camden em circunstâncias completamente diferentes das em que havia partido: dois baús de roupas maravilhosas, e presentes, uma bolsa com mais dinheiro do que o vilarejo inteiro virar em cinco anos e acomodações de viagens luxuosas. Sai de Stylinson como um jovem desgraçado e sem perspectivas, e voltando como uma “dama” refinada que encontrara, por acaso, uma fonte secreta de riqueza, da qual me valia. Obviamente eu devia muito a Adair, mas isso não me deixava menos entristecido pelo que estava fazendo.

Durante a viagem pelo mar, eu me escondia na cabine, ainda tomado pela culpa. Numa tentativa de encobrir minhas emoções, sentei-me com uma garrafa de conhaque, e gole após gole, tentei me convencer de que não era um traidor de meu ex amante. Eu apresentaria uma oferta a Edward em nome de Adair, um presente que alguém se poderia sonhar em ter: a capacidade de viver para sempre. Qualquer homem aceitaria prontamente esse presente até mesmo pagaria uma fortuna por isso, se lhe fosse oferecido. Edward fora escolhido para fazer parte desse mundo secreto, para aprender que a vida como conhecemos não era tudo que existia. Ele mal poderia reclamar do que eu estava lhe trazendo.

Porém, sabia que este outro nível de existência tem um preço; só não sabia qual seria, ainda. Não me sentia superior aos mortais, assim como não me sentia um deus. No máximo, sintia que tinha deixado a esfera da humildade e atravessado para uma esfera de segredos obscenos e arrependimentos, um submundo escuro, um lugar de punições. Mas com certeza, eu não estava totalmente perdido. Devia haver uma chance de me redimir.

Ao chegar a Camden, aluguei a carruagem iniciei minha viagem solitária para o norte. Então a ideia de me rebelar contra Adair começou a martelar e minha mente novamente. Afinal, o ambiente a minha volta era tão diferente de Boston que Adair parecia estar muito longe. Negociei comigo mesmo: se depois de chegar a Stylinson, e visse que Edward estava vivendo feliz com sua família dominadora e sua esposa criança, teria misericórdia dele. Eu poderia arcar com as consequências: fugiria e faria meu próprio caminho no mundo, pois nunca poderia voltar a Boston sem Edward. Ironicamente, o próprio Adair me dera as armas para fugir: tinha mais dinheiro do que precisava para um novo começo. Todavia, essas fantasias duravam pouco; eu não conseguia me esquecer dos avisos de Adair para fazer o que havia mandado ou sofreria em suas mãos. Adair nunca me deixaria ir!

Diante deste quadro infeliz, me enche de coragem força para entrar em Stylinson naquela tarde de outubro, para encarar a surpresa de minha família e conhecidos por estar vivo e a provável decepção com aquilo que eu havia me tornado.