Chapter Forty: Pain ❥

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Boa Leitura, votem e comentem.
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CIDADE DE QUEBEC, HOJE

Sentam-se à mesa no quarto do hotel, Harry e Louis, um elegante conjunto de louça de café de porcelana branca colocado à frente deles, com prato de croissants intocado. Quatros pacotes de cigarro, pedidos com o restante do serviço de quarto, dentro de uma tigela de prata.

Harry toma outro gole de café, cheio de creme. A noite interior foi difícil, com toda a bebida e a maconha, e enquanto pode-se notar a fadiga no rosto dele, o rosto de Louis não mostra nada além de uma pele viçosa, macia e lisa. E tristeza.

– Imagino que tenha tentado aprender sobre esse feitiço. – Harry diz em algum momento. Sua pergunta traz um brilho confuso ao rosto de Louis.

– Claro que sim. Não é fácil encontrar um alquimista, um de verdade. Toda cidade onde fui, procurava pelos mais sombrios, você sabe, aqueles com as inclinações mais sinistras. E eles estão em todas as cidades, alguns a o céu aberto, outros escondidos. Em Zurique, encontrei uma loja numa ruazinha estreita bem perto da via principal. Vendia artefatos raros, crânios antigos com inscrições esculpidas no osso, manuscritos escritos em pele humana, cheios de palavras que não se entendem mais. Achei que, se alguém conhecer se a verdadeira arte da necromancia, seriam as pessoas donas da sua loja, que colocaram  suas vidas em busca da mágica arcana. Mas eles só sabiam rumores. Não cheguei a lugar algum. Foi assim até deste século, mais ou menos cinquenta anos atrás, quando finalmente ouvi algo que tinha um longínquo de verdade. Foi em Roma, num jantar. Conheci um professor, um historiador. A especialidade dele era a Renascença, mas sua vocação pessoal era alquimia. Quando perguntei se conhecia uma porção que conferia a imortalidade, ele explicou que um verdadeiro alquimista não precisaria de uma porção para a imortalidade, porque o verdadeiro propósito da alquimia era transformar o homem, transformá-lo num ser superior. Assim como a suposta busca para transformar metal comum em ouro: ele disse que isso era uma alegoria, que buscavam transformar um homem comum em um ser mais puro. – Ele empurrou a xícara um ou dois centímetros, o pires deixando um pequeno rastro sobre a toalha branca adamascada. – Fiquei frustrado, como pode imagina. Mas, então. Ele continuou a dizer que ouviu falar de uma poção rara, com um efeito parecido ao que eu tenho descrito. Transformava um objeto em algo bem familiar, é o melhor termo. Trazer um objeto inanimado à vida, como um golem, e transformá-lo num criado do alquimista. A poção podia reanimar os mortos, fazer morto de volta à vida. Esse professor achava que o espírito que preenche a pessoa morta, ou o objeto, vinha do mundo do demônio – ele disse, tremendo de medo. – Um demônio com o objeto de obedecer às ordens de alguém. Isso foi tudo o que eu suportei ouvir. Não fui atrás de explicações desde então.

Eles se sentam em silêncio e observam o tráfego a distância. O sol da manhã começa a aparecer entre as nuvens, deixando os talheres e a tigela de prata em fogo. Tudo em branco, prata e vidro, limpo e estéril, e tudo sobre o que eles estiveram conversando, escuridão e morte, parece estar a um milhão de quilômetros de distância. Harry pega um cigarro, rola entre os dedos antes de colocá-lo o de lado, apagado.

– Então, você deixou Adair dentro da parede da mansão. Alguma vez voltou lá para ver se ele havia saído.

– Eu me preocupava se ele havia escapado, claro. – ele diz. – Mas aquela sensação, aquela conexão havia desaparecido. Não havia nada para prosseguir. Voltei lá uma, duas vezes. Tinha medo do que ia encontrar, sabe, ver se a casa ainda estava em pé. E estava. Por muito tempo foi usada por uma família. Eu andava ao redor do quarteirão, tentando sentir a presença de Adair. Nada. Então, uma vez voltei e vi que a casa havia sido transformada numa funerária, se é que pode acreditar. A vizinhança estava passando por tempos difíceis... Podia imaginar os quartos onde eles trabalhavam nos corpos, no porão, apenas a alguns passos de onde Adair estava enterrado. A incerteza era muito... – Louis descarta o cigarro em sua mão e imediatamente acende outro. – Então, pedi a meu advogado que entrasse em contato com a funerária com uma oferta para comprá-la. Como disse, havia a recessão; foi um valor melhor do que os outros proprietários esperavam ver em suas vidas... então, aceitaram. Assim que eles se mudaram, fui lá sozinho. Era difícil imaginá-la como uma casa que eu conhecia, tanta coisa havia mudado! A parte do porão, embaixo das escadas da frente, tinha sido reformada. Chão de cimento, fornalha e aquecedores de água. A parte de trás não foi modificada. Não havia eletricidade e permanecia escura e úmida. Fui até o local onde... pusemos Adair. Não dava para dizer onde a parede original terminava e onde a parte que Edward construiu começava. Tudo havia envelhecido junto àquela altura. Mesmo assim, não havia nenhuma sensação vinda de trás das paredes. Nenhuma presença. Não sabia o que pensar. Fiquei quase em tentação, quase a colocar a parede abaixo. É como aquela voz perversa em sua cabeça que diz para pular quando está bem perto da borda. – Ele sorri com pesar. – Eu não fiz nada, obviamente. Na verdade, mandei reforçar a parede com barras de aço e cimento. Tinha que ser cuidadoso, não queria que a parede fosse estragada durante a construção. Está bem selada e fechada agora. Durmo muito melhor.

Ele não dorme bem; Harry aprendeu  pelo menos isso durante o curto tempo que estiveram juntos.

Harry o alcança do outro lado da mesa e pega sua mão.

– Sua história... ainda não terminou, não é? Então, você e Edward saíram juntos da casa de Adair, o que aconteceu?

Louis parece ignorar a pergunta por um momento, estudando a bituca do cigarro em sua mão.

– Ficamos juntos por mais alguns anos. A princípio, ficamos bem porque era, acima de tudo a melhor coisa a fazer. Podíamos cuidar um do outro, dar cobertura um para o outro, como de fato aconteceu. Foram tempos aventureiros. Viajávamos muito, por que precisávamos, por que não sabíamos como sobreviver. Aprendemos a criar novas identidades, a nos tornarmos anônimos, apesar de ser muito difícil para Edward não chamar atenção. As pessoas eram sempre levadas por sua beleza excepcional. Ficava cada  vez mais evidente que estávamos juntos porque era o que eu queria. Uma imitação de casamento, mas sem intimidade. Éramos como um casal velho num pacto de amor, e eu forçava Edward a desempenhar o papel do marido sem-vergonha.

– Ele não precisava se extraviar. – Harry retrucou.

– Era a natureza. E as mulheres que se interessavam por ele... era uma fila interminável. – Ele bate a cinza no pires que estão usando como cinzeiro. – Nós dois nos sentíamos muito mal. Chegou a ponto de ser doloroso ficarmos na presença um do outro, não nos entendíamos e dizíamos coisas dolorosas um ao outro. Às vezes eu o odiava e queria que ele fosse embora. Eu sabia que teria que ser ele a me deixar, pois nunca teria força para ir embora. Então, um dia, acordei e encontrei um recado no travesseiro a meu lado. – Ele ri, ironicamente, como se estivesse acostumado a observar sua dor a distância.

Ele escreveu: “Me perdoe. É melhor assim. Prometa que não virá me procurar. Se eu mudar de ideia, eu o encontrarei. Por favor, respeite o meu desejo. Seu querido, Ed.”.

Ele para, amassando cigarro no pires. Sua expressão é dura e levemente distraída, enquanto olha fixamente através das janelas altas.

– Ele finalmente encontrou coragem para partir, como se estivesse lido meu pensamento. Claro, sua ausência foi agonizante. Queria morrer, certo de que nunca mais o veria de novo. Mas a vida continua, não é? De qualquer jeito, não tinha escolha, porém ajuda a pensar que se tem.

Harry se lembra de como é sentisse exaurido pela tensão, lembra-se daqueles dias que ele e Trícia não suportavam está no mesmo quarto. Quando ele se sentava no escuro e tentava imaginar como se sentiria se eles se separassem. Não havia dúvida de que ela teria que ir embora, e ele não deixaria suas filhas nem sua casa de infância, mas quando sua família foi embora e ele ficou sozinho na casa da fazenda, não se sentia sozinho. Era como se algo tivesse sido violentamente arrancado dele, como se tivesse sido amputado.

Harry dá um momento, para Louis dobrar a dor e guardá-la ela de volta em seu lugar.

– Não estava terminado, não é? Obviamente vocês se viram de novo.

Expressão dele é inevitável, clara e sombria.

– Sim, nós nos encontramos.


Espero que tenham gostado do capitulo ;)

Demorei mais voltei !!!

Beijos da Sunflower 🌻

The Dark Side Of Life.˙❥˙L.sOnde histórias criam vida. Descubra agora