Chapter Forty one: A Century Later: ❥

15 1 0
                                    


Boa Leitura, votem e comentem.
xxxx

.

PARIS, UM MÊS ANTES

Dia cinzento. De trás das cortinas, dei uma olhada no fino trecho do céu visível do terceiro andar de minha casa, umas das muitas antigas do quinto Arrondissement. Era o início do inverno em Paris, o que significava que quase todos os dias seriam cinzentos.

Liguei meu computador, fiquei em pé ao lado da escrivaninha e mexi o creme dentro do café enquanto o computador iniciava. Acho a série de zunidos e cliques inconscientemente reconfortante, como o chilrear dos pássaros ou algum outro sinal de vida externa à minha. Gosto muito da normalidade e anseio por uma rotina com a qual possa me fartar; do contrário, minha existência é completamente sem sentido.

Dei um gole no café. Embora não precise dele como a maioria, para se pôr em estado de alerta, bebo por hábito. Mal dormir, apenas cochilei; fiquei acordado até as primeiras horas da manhã, como sempre, fazendo a pesquisa necessária para o livro que eu fui contratado para escrever, mas que, agora me entediava a ponto de perder a paciência. Quando cansei, comecei a catalogar minha coleção de cerâmica enquanto assistia reprises de séries americanas na televisão. Tinha chegado ao ponto de pensar em enviar minha coleção de cerâmica para alguma universidade ou museu de arte, algum lugar onde pudesse ser vista. Havia me cansado de ter tantas coisas amontoadas ao meu redor o tempo todo, elas me assombraram como mãos saindo do túmulo. Senti necessidade de me desfazer de algumas delas.

Meu e-mail terminou de carregar e olhei para a lista de remetentes. Negócios, na maioria: meu advogado, meu editor da pequena cambaleante editora que publicará minhas monografias sobre cerâmica antiga da Ásia, um convite para uma festa. Que vida surpreendente tinha construído nos últimos vinte anos, como uma falsa especialista em xícaras de chá chinesas. Minha identidade falsa foi inspirada numa coleção de xícaras de valor inestimável que meu entregador chinês colocar em minhas mãos enquanto embarcava no navio britânico para escapar dos saqueadores nacionalistas. Isso aconteceu na época de O templo de Jade, uma vida anterior a essa, outra história que ninguém sabia.

Então percebi, na lista de e-mails um endereço que não reconhecia Do Zaire. Ah, é chamado de República do Congo agora! Eu me lembrava de quando ainda era Congo Belga. Fiz uma careta; Será que conhecia alguém no Zaire? Provavelmente era só um pedido de caridade ou um engano, um falso artista se passando por um príncipe africano que precisava de um pouco de ajuda para resolver um dilema financeiro temporário. Quase o apaguei sem lê-lo, mas mudei de ideia no último minuto.

"Caro Louis" , eu li. "Olá de quem pensou que nunca mais ia ouvir falar. Antes de mais nada, deixe-me agradecer por honrar meu último pedido e não tentar me encontrar desde que nos separamos... "

Malditas palavras inocentes, escrita em pixels trêmulos na tela. "Imprimir", eu apertei no botão do mouse. "Imprima, maldito, preciso segurar essas palavras em minhas mãos."

"... Espero que me perdoe por dirigir a você dessa forma. Apesar de toda conveniência, nunca deixei de achar que a correspondência por e-mail é menos educada e correta do que escrever uma carta. Tenho dificuldades em usar o telefone pela mesma razão. Mas tenho pressa, e então tive que recorrer ao e-mail. Estarei em Paris em alguns dias e gostaria muito de vê-lo enquanto estiver aí. Espero que sua agenda nos permita isso. Por favor responda dizendo se poderá me ver... Com carinho, Edward."

Sentei-me apressadamente na cadeira, os dedos colocados sobre as teclas. O que dizer? Tanta coisa guardada depois de décadas de silêncio! De querer conversar e não tem ninguém com quem falar. De falar com as paredes, com os céus, com os pombos, com as gárgulas penduradas nos pináculos da Catedral de Notre-Dame. "Graças a Deus; achei que nunca mais fosse ter notícias suas. Me desculpe, me desculpe. Isso quer dizer que você me perdoou? Fiquei esperando por você. Não faz ideia do que é ver seu nome escrito na tela do meu computador. Você me perdoou?"

The Dark Side Of Life.˙❥˙L.sOnde histórias criam vida. Descubra agora