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Cresceu uma grande amizade entre Edwad e eu durante a infância. Nós nos encontramos depois das cerimônias aos domingos e em eventos sociais, como casamentos ou até funerais, ou quebravamos totalmente as regras e caminhávamos para dentro da floresta para podermos concentrar nossa atenção um no outro. Cabeças balançavam em sinal de desaprovação e, sem dúvidas, muitas línguas se rendiam às fofocas, mas nossas famílias nada fizeram para impedir nossa amizade ou, pelo menos, não fui informado disso.
Foi nessa época que percebi o quanto Edward era mais solitário do que eu imaginava. Os outros meninos procuravam companhia dele muito menos do que eu pensava. Quando um grupo chegava perto de nós nos eventos sociais, ele os afastava. Lembro de uma ocasião, numa reunião da igreja durante a primavera, Edward se desviou quando viu um grupo de garotos vindo em nossa direção. Não tinha ideia do que aquilo significava e, após alguns minutos de ansiosa contemplação, resolvi perguntar.
– Por que preferiu caminhar por aqui? – perguntei. – É porque tem vergonha de ser visto comigo?
Ele emitiu um som, zombando de mim.
– Não seja estúpido, Lou! Posso ser visto com você agora. Qualquer um pode nos ver caminhando juntos. – Isso era mesmo verdade, e um alívio. Mas não podia deixar de saber a razão.
– Então por que você não gosta deles, daqueles garotos?
– Não é que não goste deles. – ele respondeu irritado.
– Então por que... – ele me cortou.
– Por que está me questionando? Acredite no que estou dizendo. É diferente comigo Lou, e isso é tudo.
Ele começou a andar mais rápido e eu tive que erguer um pouco o casaco grosso que usava para alcançar o passo dele. Ele não havia me explicado aqui o maldito "diferente" se referia: o que era diferente? Tentei imaginar, quase tudo, até onde conseguia enxergar. Os meninos podiam ir para escola, se a família tivesse condições de pagar as taxas de seus tutores, enquanto a escolaridade das meninas não passava daquilo que as mães conseguiam lhes ensinar: as artes domésticas das costuras, limpeza e cozinha, talvez um pouco da leitura da Bíblia. Os meninos podiam lutar entre eles só para se divertir, correr e brincar de pega-pega sem o desconforto das saias compridas. É verdade que eles tinham tarefas mais difíceis, e que precisava aprender todo tipo de coisa: uma vez Edward me contou, que seu pai fez consertar a base do depósito de gelo, pedra e argamassa, só para que soubesse um pouco sobre marcenaria, mas, a meu ver, a vida de um garoto era muito livre. E aqui estava Edward reclamando disso.
Não tive a oportunidade de nada disso, até porque eu nasce com um útero, e fui criado como uma garota. Para costurar, lavar e cozinhar para seus maridos, como minhas irmãs.
– Queria ser tratado como um menino que sou. – murmurei, quase sem fôlego, tentando manter o ritmo dele.
– Não queria nada. – respondeu me olhando sobre os ombros.
– Não vejo o que... – ele virou-se para mim.
– E seu irmão, Nevin? Ele não gosta muito de mim, gosta? – Eu parei, atônito. Não, até onde me lembrava, Nevin não gostava, nem nunca gostou de Edward. Lembro-me da briga com dos dois, e de como Nevin voltou para casa mancando e com a casca de sangue seco em seu rosto, e do orgulho silencioso do meu pai. – Por que acha que seu irmão me odeia?
– Não sei.
– Nunca dei motivo a ele, mas ele me odeia mesmo assim. – Edward disse, esforçando-se para não atrair a mágoa na voz. – É assim com todos os meninos. Eles me odeiam. Alguns adultos também. Sei disso, posso sentir. É por isso que tento evitá-los, Lou. – Seu peito estava ofegante, cansado de explicar tudo para mim.
– Pronto agora você sabe. – ele disse e se apressou, fiquei olhando para ele surpreso.
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The Dark Side Of Life.˙❥˙L.s
Fiksi Penggemar"Os leitores não serão capazes de tirar os olhos dessa hipnotizante história." No turno da noite de um hospital no estado do Maine, o Dr. Harry Styles espera ter outra noite tranquila com lesões causadas pelo frio extremo e ocasionais brigas domésti...