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BOSTON, 1819
Uma noite, uma luz cinzenta me fez levantar as pálpebras e me acordou. Taylor apareceu ao lado de minha cama, uma pequena lamparina a óleo balançando em sua mão. Devia ser muito tarde, pois a casa de Adair estava silenciosa como uma cripta. Os olhos dela imploravam para que eu saísse da cama, e foi isso o que eu fiz.
Ela saiu sorrateiramente do quarto, silenciosa como de costume, seguindo a minha frente. O som dos meus chinelos sobre os tapetes mal podia ser ouvido, mas, em uma casa quieta, ele ecoava pelos corredores. Taylor tampou a lamparina enquanto passávamos pelos outros quartos, assim tínhamos um mínimo de luz possível e ninguém nos notou até alcançarmos as escadas para o sótão.
O sótão era dividido em duas seções: uma, transformada em quarto para os criados, e um espaço menor, inacabado, transformado em depósito. Esta era a área onde Taylor se escondia. Ela me guiou através do quebra-cabeça de baús que funcionava como sua barreira contra o mundo, e então, por um corredor inacreditavelmente estreito, que dava numa porta pequena. Tivemos que nos agachar e nos dobrar para passar pela porta e emergir do outro lado, no que parecia a barriga de uma baleia: asnas no lugar das costelas, uma chaminé de tijolos em vez da traqueia. A luz do luar entrava pelas janelas descobertas, possibilitando de avistar o caminho sem adornos até onde ficavam as carruagens. Ela escolhera morar nesse espaço cavernoso para fugir de Adair. Era um lugar difícil para se viver, muito quente no verão e muito frio no inverno, tão solitário quanto à lua.
Passamos pelo que assumi ser seu ninho, escondido pelos esvoaçantes tecidos que ela usava como sarongue, pendurados a partir das asnas como um varal de lavanderia. A cama era composta de dois cobertores da sala de visitas, enrolados no padrão circular, não muito diferente do ninho de um animal selvagem, desorganizado e improvisado. Vários ornamentos empilhavam-se ao lado da cama: diamantes do tamanho de uvas, um véu de uma fina rede dourada para usar como o xador. Mas também havia bugigangas, coisas que uma criança poderia esconder: um lindo e gélido punhal, lembrança do lugar onde nascera: sua lâmina serpenteada parecendo uma cobra em movimento; um espelho de mão de bronze.
Ela me levou até uma parede, não havia saída. Mas, onde eu não via nada, ela se ajoelhou e retirou um par de tábuas, revelando uma espaço escondido. Pegando a lamparina, mergulhou sem medo dentro da escuridão, como um rato acostumado andar entre as paredes. Respirei fundo e a seguir.
Depois de percorrer, sobre as mãos e os joelhos, quase seis metros saímos em um quarto sem janelas. Taylor ergueu a lamparina para podermos ver onde estávamos: era um espaço inacabado, parte do quarto dos criados, com uma pequena lareira em uma porta. Fui até a porta e tentei abri-la, mas estava fortemente trancada por algumas coisas do lado de fora. O quarto era dominado por uma grande mesa coberta de garrafas e jarros, e de recipientes de todos os tamanhos e formas, a maioria deles cobertos por um tecido encerado ou tampados com rolhas. Cestas enfiadas debaixo da mesa estavam cheias de tudo: de pinhas e galhos indecifráveis partes de corpos de animais. Alguns livros antigos e despedaçados, estavam enfiados entre jarros; velas sobre os pratos no canto da mesa.
Inspirei profundamente; o quarto continha uma grande variedade de cheiros, especiarias ervas e poeira, e outros odores que não conseguia identificar. Posicionei-me no meio dele e olhei ao redor, vagarosamente. Acho que soube imediatamente o que era aquele quarto e o que significava sua existência, mas não queria admitir.
Tirei um dos livros da prateleira. A capa era de linho azul prensado, enfeitada com letras escritas à mão e diagramas intrincados de símbolos dentro de símbolos. Virando as páginas pesadas, vi que não havia uma só página imprensa em todo o livro: cada parte foram feito no roteiro cuidadoso, anotada com fórmulas em ilustrações (a melhor parte a ser mantida em uma planta, por exemplo, ou uma dissecação ornamentada do funcionamento interno de um homem), tudo em uma idioma
que eu não reconhecia. Os desenhos eram mais reveladores, pois eu reconhecia alguns dos símbolos de minha infância assim como dos livros das bibliotecas de Adair. Pentagramas, o olho que tudo vê, esse tipo de coisa. O livro era uma obra maravilhosa, o produto de centenas de horas de trabalho, e cheirava aos muitos anos em que ficara escondido, a segredos e intrigas, e sem dúvida, fora cobiçado por outros homens, mas seu conteúdo era um mistério para mim.
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The Dark Side Of Life.˙❥˙L.s
Fiksi Penggemar"Os leitores não serão capazes de tirar os olhos dessa hipnotizante história." No turno da noite de um hospital no estado do Maine, o Dr. Harry Styles espera ter outra noite tranquila com lesões causadas pelo frio extremo e ocasionais brigas domésti...