15. Blues da Piedade

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Oi! Pessoal, mudei o nome da "Cho Chang" para "Cho Watanabe" porque Cho é um nome japonês e Chang chinês; sendo assim não quis ser racista quanto as origens do nome dela. Deixei tudo japonês, mas é a caracterização da mesma personagem.

Leiam com "Wrecked - Imagine Dragons"

Boa leitura, y'all.

Era complicado para Harry conseguir pensar e discernir alguma coisa com toda aquela nuvem de fumaça que jogaram em seu rosto. As pessoas se movimentavam em sua frente, o puxavam para os lugares, tentava conversar, mas... ele não escutava muito bem.

Um apito fino e irritante soava em sua orelha direita e ele esboçou uma careta, apertando seus indicadores para cima e para baixo em sua mania de nervosismo. Os cabelos volumosos e rebeldes pendiam em seu rosto anguloso, o óculos redondo repousava parecendo ferro em seu nariz afilado.

Ele se sentia meio perdido. Respirar era complicado e ele teve que soprar um pouco o ar pela boca para lembrar que ainda estava ali. Era um ser humano com sentimentos e preocupações.

As memórias de minutos atrás refrescavam sua mente como um doce veneno da cobra mais peçonhenta; denso e doloroso. Consumia suas entranhas. De forma quase teatral, o menino pendeu seu rosto em suas mãos suadas e escorregadias, deixando algumas lágrimas vazarem sem permissão de seus olhos assustados.

Parecia demais como o reflexo de alguém miserável precisando de amparo, contudo, as pessoas ao seu redor pareciam muito mais preocupadas em manter a ordem dentro do castelo.

Os tenentes estavam ocupados, os diretores nem se contavam e seus pais tiveram a infelicidade de terem sidos pedidos com gentileza a se retirar da escola. Já tinham vencido a cota suportável de tempo com trouxas naquele lugar.

Harry sabia. Sem família, sem amigos de verdade, sem ninguém ao menos perto; a chance de desabar estava cada vez mais palpável. Saía lentamente da ideia abstrata e tomava uma forma cada vez mais sólida, de forma tão ingênua, que Harry teve que soprar de novo para lembrar que respirava.

Para lembrar que estava ali.

A sala de reuniões do castelo parecia tão gigante e aconchegante. O teto com estrelas manipuladas por magia a serem radiantes e brilhantes passava a sensação de que o mundo não era tão ruim assim.

"Ora, Harry, a magia existe! Alegra-se! Você é um bruxo e não um trouxa com atraso mental que não sabe focar em nada de forma decente HAHAHA."

Ele conseguia ver isso. Ouvir as pessoas cochichando o quanto era perigoso.

Edele.... a palavra que incendiava a sua boca com uma amargura nauseante, chutando seu estômago e provocando sua bile a ser posta a prova.

Quis vomitar.

O menino deixou mais algumas lágrimas caírem molhando a ponta de seu Allstar surrado e meio fosco pela sujeira de dias andando de skate e quebrando coisas caras e importantes da Castelobruxo. Lembrava-se exatamente do dia que tinha comprado esse tênis vermelho com Olívia e ela reforçou a ideia de que vermelho era a cor dele.

Porque Harry tinha uma aura marcante que demonstrava presença até mesmo no inferno. Ele refletia uma luz.

Edele. Espelho. Refletir.

O moreno levou seus dedos curtos e grossos com as unhas roídas e cutículas destruídas pelos dentes irregulares ao seu tênis, puxando o cadarço e refazendo o nó.

Queria ocupar sua mente com qualquer coisa que não fosse a discussão ao seu redor sobre o futuro que o aguardava. O que estava acontecendo para que tudo fosse tão imediato e preocupante.

Elementais e o Herdeiro de Godin | DRARRY (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora