19. Lanterna dos Afogados

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Leiam com "Hands to Myself - Selena Gomez"

Boa leitura, y'all.


A fronha de linho mexia-se preguiçosamente, o toque macio do tecido balançando a pele quente  de Potter que se remexia com louvor pelo colchão. O branco de seu edredom foi expulso, deixando as coxas desnudas expostas ao frio.

Os dedos estavam apertando forte como se pudesse premeditar que iria ter algo em que realmente fosse valer a pena prender a respiração. As orbes verdes tão claras estavam fechadas como um anjo, a face breve a um querubim.

Harry se remexeu, o travesseiro macio beijando a pele de seu rosto que suava com, o que parece que pela primeira vez, um bom sonho. Um sonho no qual Potter se recusava a acreditar que estava tendo.

Sua mão direita estava pousando entrelaçada e confidenciada a de Draco, em sua mania tão comum e peculiar de dividirem a dor dos pesadelos de Potter sempre juntos.

Era meio estranho para quem visse de fora, os dois exemplos de pessoas que mais se implicam dormindo de mãos dadas apenas para abrandar a dor da insônia. Soava como um romance fajuto.

Harry balbuciou levemente, os olhos tornando-se perturbados. A euforia de seu sonho ao menos acordou Malfoy como sempre, afinal, não era dor que o moreno sentia...

— Você está lindo — elogiou a voz profunda que tanto amaldiçoava os sentidos de Potter. Malfoy nunca esteve tão lindo.

— Você também não está nada mal — rebateu Harry, o sonho tão lúcido.

— Dança comigo?

O primeiro pensamento que veio à mente de Harry era um comentário tão sarcástico que destilou em sua boca, contudo, ele sorriu.

Por que ele sorriu?

Contrariando seu verdadeiro consciente, ele empurrou suas mãos pequenas em direção a de Draco, apertando e sentindo a textura calosa e quente.

Malfoy o puxou firme, os anos de habilidade reforçando-se em seu aperto, os dedos descendo lentamente em uma doce dança perigosa em direção a cintura pouco delineada de Potter.

Harry soltou uma lufada tão lenta pela boca entreaberta que chicoteou no rosto de Malfoy, o fazendo se aproximar tão rente ao seu nariz que os olhos verdes se fecharam.

Potter só pensava em uma maldita coisa:

"Me beije. Me beije. Me beije."

Draco, parecendo ler seus pensamentos, levou seu indicador com o anel de serpente até o rosto macio, empurrando a mecha de cabelo para trás, chegando próximo aos lábios rachados e secos.

Harry queimava em antecipação. O queria.

Me beije. Me beije. Me beije.

Malfoy sorriu e sem parecer controlar seus lábios, Potter sorriu também. O jazz tocando baixinho ao fundo, parecendo presenciar aquela cena com regozijo. A troca de olhares estava intensa, o jeito que as respirações se misturavam deixava claro.

— Seria muita burrice dizer que eu quero te beijar? — Draco questionou com a voz profunda, tão lenta que rastejou pelos sentidos de Harry e se aprisionou em seus ossos, o deixando tão embalado.

Era tão linda.

— Seria burrice se não o fizesse.

Draco sorriu, passando a língua entre os lábios e se aproximou vagarosamente. A antecipação crepitando pelas entranhas, os dedos tornaram-se gélidos de forma nauseante.

Elementais e o Herdeiro de Godin | DRARRY (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora