Cuidado amores, esse capítulo tem gatilhos( Crise de ansiedade).
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QUARENTA E OITO
Tudo que eu mais temia estava prestes a acontecer: eu poderia perder a pessoa mais importante da minha vida. Fiz de tudo para protegê-la, entrei em um mundo estranho só para melhorar nossas vidas, aceitei ficar onde não queria, tentei de todas as maneiras escudá-la. Mesmo assim, ela se machucou. Eu deveria ter ido para casa com ela, por que resolvi ficar? Ela estava grávida, e só consegui pensar em mim... Que bela irmã eu sou. Esses pensamentos giravam na mente de Carol, enquanto ela sentia os batimentos cardíacos se acelerarem, cada pulsação ecoando em seu peito como marteladas dolorosas.
O quarto onde estava era frio e estéril, as paredes metálicas refletiam a luz fria e artificial, fazendo com que tudo parecesse ainda mais impessoal e distante. O cheiro de desinfetante impregnava o ar, quase sufocante, enquanto o zumbido baixo e constante da nave parecia amplificar sua ansiedade. Carol sentia o ar se tornar denso, difícil de respirar. Ela tremia levemente, tentando controlar as sensações que tomavam conta de seu corpo. A cada segundo, a angústia crescia dentro dela, como uma tempestade prestes a explodir.
As dores aumentavam, acompanhadas de uma palpitação incontrolável. Seu corpo estava frio, rígido, e uma sensação de falta de ar a consumia. Ela precisava sair dali, precisava encontrar sua irmã. A náusea subia, quente e insuportável, enquanto sua mente mergulhava em um turbilhão de emoções conflitantes.Ela fechou os olhos por um momento, tentando focar em algo que a acalmasse, mas a imagem de Dany ensanguentada e frágil inundava seus pensamentos, aumentando seu desespero.
Imaginar algo acontecendo com Dany me assusta.
Carol olhou pela janela de vidro e viu que adentravam na Terra. A nave tremeu com o impacto, ela se segurou na cama, junto com Ana que dormia, depois de passar também a noite toda chorando.
Depois de quase um ano longe, estavam voltando para casa, mas tudo parecia tão diferente. Ou será que eu que estou?
Carol tremia, mas estava tentando se controlar. Ela deixou escapar um longo suspiro, percebendo que a náusea passava apenas momentaneamente.
Por que a Sabine estava no quarto dele? Não acredito que estou pensando nisso agora... E minha mãe... Por qual motivo ela pediu que eu não soubesse do que aconteceu com a Dany? Se alguma coisa acontece com a Dany... Não... Não Carol, ela vai ficar bem, para de pensar negativamente. Carol repetia para si mesma, tentando se acalmar, mas o medo de perder sua irmã era esmagadora.
Ela suspirou, vendo sua amiga ainda dormindo em suas pernas. Passou a mão alisando com carinho os belos cabelos loiros de Ana. A conexão entre elas era forte, mas naquele momento, Carol se sentia mais sozinha do que nunca. Ela sabia que precisava ser forte, mas tudo dentro dela gritava o contrário.
— Ah! Ana, minha melhor e única amiga... — sussurrou, enquanto acariciava os cabelos da amiga.— Você sempre esteve ao meu lado, puxou minha orelha quando necessário, rimos juntas... Você é a pessoa mais louca e incrível que todo mundo deveria ter.
Ela sorriu, lembrando do que já passaram juntas.
Somos as três mosqueteiras. Dany, Ana e eu, uma sempre protegendo a outra... Como amo vocês. Carol pensou sentido paralisada, mesmo com seus pensamentos e corpo estarem em completo conflito e angustia ela só conseguia ficar parada deixando aqueles misto de sensações se despistarem aos poucos para não alarmar Ana.
— Licença... — Lúcio bateu na porta de metal, interrompendo os pensamentos de Carol. Sua voz era suave, mas firme.
— Claro! — Ela respondeu, afastando a amiga com cuidado para a cama e a cobrindo.
Lúcio entrou, observando Carol com preocupação. Ela estava com uma expressão cansada, os olhos abatidos e inchados, o que não passou despercebido por ele.
— Fiz algo para a gente comer... Você aceita? — Ele convidou.
Ela olhou para ele e ia responder que não, mas sua barriga foi mais rápida e roncou. Ela sorriu sem graça e riu, afastando um pouco da porta.
— Sei que parece estranho... Esse momento, mas eu não mordo. — Ele brincou, tentando aliviar a tensão.
— Mas eu sim... Não tente nenhuma gracinha, senão você verá o que acontece — Carol respondeu, passando por ele e o encarando.
O que vai acontecer se ele tentar algo? Ela se perguntou em pensamentos. Eu não sei, mas minha avó sempre me ameaçou assim e dava certo, nunca cheguei na parte que era pra ver o que ia acontecer. Ela concluiu rindo internamente, embora a sensação de náusea voltasse a cada momento.
— Qual é a graça? — Ele perguntou curioso.
Ela ficou envergonhada ao perceber que estava rindo dela mesma. Algo normal, mas que naquele momento parecia fora de lugar.
— Ah... Não é nada — ela respondeu, sentando de frente a um balcão cheio de deliciosos lanches, doces, panquecas, sanduíches, frutas e muito mais.
Carol sentia fome, mas seu estômago não parecia muito bem.
Eu preciso comer alguma coisa. Pensou.
Ele só mostrou um sorriso de lado e sentou de frente para ela.
— Você parece uma amiga que eu tinha quando era criança.
— Sério? E como ela era? — Carol perguntou, começando a comer lentamente, tentando segurar a comida que mal descia pela garganta.
— Um pouco doida, brava e... Bom, uma pessoa incrível — ele disse, pensativo. — Éramos inseparáveis, como nossas famílias eram próximas, vivíamos brincando juntos... Ela era uma pessoa especial para mim, assim como sua irmã é para você... Eu daria minha vida por ela... — Ele confessou triste. Olhando pela janela de vidro as matas.
A nave estava quase chegando ao seu destino.
— E o que aconteceu com ela?
— Ela se apaixonou por outro.
De quem será que ele está falando? Carol pensou, sentindo uma leve vertigem.
O mundo parecia girar ao seu redor, e ela precisou segurar a borda da mesa para se estabilizar.
— Você ainda são amigos?
— Isso não importa — ele respondeu friamente. — Foi uma amizade de criança. Agora, deixa eu te perguntar uma coisa... Passamos dois dias aqui nessa nave e quase não conversamos, porque você passou o tempo todo chorando. Você ama tanto assim sua irmã?
Por que ele ficou bravo? Carol se perguntou, sentindo uma leve pontada no abdômen.
— Que pergunta estranha — Carol falou, tomando um gole de suco de laranja, tentando esconder o mal-estar. — Claro, como você mesmo falou da sua amizade de anos atrás... Eu daria minha vida pela Dany.
— Por que ela é sua irmã?
— Não só por isso... Porque eu a amo. Ela é muito importante pra mim. Não sei onde você quer chegar com essa pergunta e não sei como é no seu mundo, mas aqui... — Ela apontou para a Terra, ainda visível pela janela. — Amar alguém significa cuidar, proteger e querer o bem da pessoa.
Ele não falou nada, apenas ficou pensativo. Carol se levantou e foi até a janela, e sorriu quando viu que muita coisa havia mudado para melhor, tudo estava limpo, as vegetações bem cuidadas, não havia desmatamento, os animais passeavam pelo seu habitat natural tranquilamente, os rios estavam cheios. Parecia uma Terra totalmente diferente da que ela havia deixado antes de sair.
— Bom eu vou acelerar e deixar vocês na sua casa...
— Não. — Ela se virou para ele. — Por favor, nos deixe no hospital.
Ele concordou e foi para a cabine minúscula, mudando o percurso. Enquanto Carol foi acordar Ana para comer algo, ela sentiu outra pontada, mais forte, fazendo-a parar por um momento e respirar fundo.
Lúcio Abollyan, um homem respeitado, sério e poderoso, cheio de compromissos, estava dando carona para duas pessoas completamente estranhas.
Por que ele aceitou? Por que sempre que olhava para essa garota, lembrava dela? Essas perguntas o rodeavam enquanto acelerava, surpreso quando avistou uma pessoa conhecida, ou será que estava vendo demais?
Seu dispositivo tocou, ele atendeu, enquanto colocava os fones em seu ouvido.
— Sim? — Ele escutou, direcionando a nave até um prédio enorme, organizado no meio da cidade. — Compreendo... Devo estar de volta daqui a alguns meses, tive que passar na Terra antes... — Ele suspirou, parecia ser uma notícia séria, o que o deixou exausto. — Farei o possível para reverter isso, não se preocupe... Obrigado.
Ele desligou e desviou de um carro voador.
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OLHOS NEGROS ( Revisando)
FantasyDois anos depois de uma pandemia que quase dizimou a vida humana. Carol tentar viver uma vida normal desacreditada da humanidade. Uma menina sonhadora, tentando ser realista, Sua única família Dany sua irmã mais velha e tutora, desde que foram ab...