MOEDA DE TROCA

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O telefone virtual tocou duas vezes antes que um rosto familiar aparecesse na tela, já tagarelando. Era Gina.

— Filha, como você está? Estava tão preocupada que você tivesse desistido. — Gina falou apressadamente, antes mesmo de escutar uma resposta. Queria que Carol aceitasse, convencida de que estava agindo para o bem dela.

— Oi, para você também. — Carol respondeu, revirando os olhos.

— Oi, filha, como você está? ... Sabia que estou negociando uma loja incrível? Estamos indo bem... — Gina continuou, sem deixar espaço para Carol falar.

— Quero te contar uma coisa... — Carol tentou interromper novamente.

— A padaria está indo bem... — Gina continuou, ignorando Carol mais uma vez.

— Mãe... Mãe, posso falar? — Carol disse, tentando chamar a atenção dela. Ela pretendia contar que ia ficar aqui por um tempo, até descobrir algo que estava a incomodando, depois ia fazer algo muito grave e se expulsar.

Mas o que seria tão grave? Ela pensou, sorrindo. Nunca tinha feito nada de loucura em sua vida, sempre seguiu as regras, podia-se dizer que era uma menina obediente, até. Então, querer fazer algo errado parecia ser algo emocionante. O que ela poderia fazer?

— Comprei uma clínica para sua irmã... Depois que assinei o contrato da seleção... — Gina pensou um pouco, mas só o suficiente para não deixar Carol falar. — Então, no contrato, você tem que ficar aí, até o senhor Crusty não escolher você?

— O quê? — Carol gritou, brava. Ela não estava acreditando que sua mãe estava a vendendo. Ela suspirou, tentando entender a situação. Sua mãe ainda estava falando, mas ela não conseguia ouvir mais nada. Ela sentia que tinha sido traída. Ela esboçou um sorriso triste.

Burra, sua irmã tinha razão, nossa mãe não mudou nada. Só que usar a gente, agora que estamos maiores, e toda a responsabilidade de cuidar de duas crianças, ela voltou. Eu pensei que podia confiar nela. Carol pensou, sentindo um nó na garganta.

Você não vai chorar na frente dela, ouviu? Dani havia dito que uma pessoa que abandona a família não é confiável. Ela não quis ouvir sua irmã, e ali estava ela sendo uma moeda de troca.

— Caramba, deixa eu falar... — Carol gritou, fazendo Gina se assustar. Até ela se assustou, nunca tinha faltado com respeito com alguém mais velho. Ela suspirou gelidamente, encarou a tela, tentando ser forte e ver que sua mãe estava pálida e sem graça.

— Por que você fez isso, mãe? — Carol a questionou, tentando entender sua mãe.

— Aquele contrato nos dava tanta vantagem, filha, que não resisti... Era uma oportunidade de me redimir com vocês... Comprando a loja e a clínica. — Gina respondeu.

— Mas sem falar comigo? Eu sou de maior, sabia? — Carol disse, chateada.

— Sua irmã está grávida, não queria que ela passasse pelo que eu passei... — Gina explicou.

— O quê? — Carol perguntou, pasma.

— Pois é... Mas despesas. — Gina disse, triste.

— Quando ela descobriu isso? — Carol solicitou uma resposta, estupefata.

— Faz alguns dias.

— Por que ela não me disse nada?

— Você sabe que ela se preocupa com você. — Gina suspirou, cansada. — Ela não queria que você fosse forçada a aceitar nada.

— Mas a senhora pensa ao contrário, né, dona Gina. — Carol pensou, brava.

Meu Deus, por que minha irmã não me contou isso, isso muda tudo.

— Filha... É uma oportunidade única, podemos mudar muitas coisas em nossa vida. — Gina disse num sorriso terno. — Sei que não sou a melhor mãe do mundo, mas quero o bem de vocês...

— Sabe que está me vendendo, né?

— Me respeita, Carol. Só estou pensando no melhor para você. — Gina disse, arqueando as sobrancelhas, zangada.

Carol respirou fundo, sabia que era uma batalha perdida.

— Ok, mãe. Você venceu, vou dar o meu melhor, não prometo vencer, mas vou garantir que não falte nada para a Dany.

— Obrigada, filha. — Gina falou, animada. — Sei que fará o seu melhor. Agora vou desligar, tenho que ir à padaria. Estou tendo uma maravilhosa ajuda do José agora que você não está aqui.

Essa mulher é realmente minha mãe?

— Quem é José, mãe?

— Um ET, muito charmoso. — Gina confidenciou, rindo. — Até mais, filha.

Carol balançou a cabeça, indiferente.

— Mãe, espera um pouco...

— Sim, filha. — Gina falou com os dedos na tela, prontos para desligar a ligação.

— De onde tirou dinheiro para comprar uma loja para a Dany? Eles já te deram dinheiro?

— Não comprei, ainda. — Gina falou desconfiada. — Estou apenas na negociação.

— Você mentiu para mim?

— Eu estou indo. — Gina mandou um beijo e desligou o telefone rapidamente.

Quem é você, Gina? Ela pensou, deixando suas lágrimas caírem, enquanto se encolhia deitada na cama.

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Se laço sanguíneo representasse obrigatoriamente relação de família, não teríamos tantos órfãos de pais vivos.
(Paulo Bruno Ruinho)

Olá amores, a obra está passando por revisão. Peço desculpa os erros, estou estudando para melhorar.

Me conta o que vocês estão achando da historia?😍

OLHOS NEGROS ( Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora