As três estavam rindo de maneira despreocupada, jogadas no chão, como faziam nos velhos tempos. Deitadas lado a lado, suas cabeças encostavam-se suavemente uma na outra, formando uma estrela desajeitada.
O riso delas era carregado de lembranças, ecoando o som de uma amizade que resistiu ao tempo e às mudanças. Cada gargalhada trazia à tona memórias adormecidas, um lembrete do quanto já haviam vivido juntas.
Aquele momento, simples e espontâneo, fazia o passado parecer tão próximo, como se nada tivesse mudado.
- Você lembra, mana, a primeira vez que você menstruou e pensou que estava tendo hemorragia? - Carol riu, levando a mão ao rosto, envergonhada por aquela lembrança.
- Sim. - Dany balançou a cabeça, rindo também, os olhos brilhando com a memória. - Nossa vó era uma ótima pessoa, mas essas coisas eram tão tabus para ela. Tive que aprender muita coisa na marra... Sorte sua ser a mais nova.
- Mas você passou muitas informações erradas para a gente, Dany. - Ana suspirou, provocando.
- Verdade, Dany... - Carol concordou, o tom brincalhão.
- Agora pronto, estão fazendo um complô contra mim? - Dany perguntou, fingindo indignação, enquanto uma risada escapava de seus lábios.
As três caíram na risada juntas, uma harmonia que só anos de cumplicidade poderiam criar.Dany, ainda meio desajeitada com a barriguinha da gravidez, sentou-se e olhou para as duas, pensativa, com os olhos marejados.
- Sabe, vocês sempre me deram e ainda dão muito trabalho..., mas eu amo vocês com todo o meu coração. - Ela declarou, e as lágrimas finalmente escorreram pelo seu rosto.
- Ah, Dany... nós te amamos tanto. - Carol e Ana disseram em coro, movidas por uma onda de carinho, abraçando Dany com força.
Elas também choraram, sentindo a profundidade daquele momento.
Enquanto se abraçavam, Carol sentiu algo especial. Movida por um impulso carinhoso, ela passou a mão suavemente sobre a barriga de Dany. Antes que pudesse dizer algo, sentiu um chute suave, mas firme, vindo do bebê. Seus olhos se arregalaram de surpresa e uma risada emocionada escapou de seus lábios.
- O bebê chutou! - Carol exclamou, ainda com a mão na barriga de Dany, sentindo aquele pequeno ser cheio de vida.
Dany sorriu entre as lágrimas, enxugando os olhos.
- Ele deve ter sentido o quanto você já ama ele, Carol.
Carol olhou para Dany com ternura, ainda impressionada com o chute, o coração cheio de amor e gratidão por aquele momento.
Ana, observando tudo, riu levemente, afastando-se para limpar as lágrimas que escorriam por seu rosto.
- Pensando bem... quem te deu mais trabalho foi a Carol.
- Eu? - Carol perguntou, ainda surpresa, virando-se para as duas. - Como assim? Eu só tirava boas notas, ia da escola pra casa...
- Bom, Carol... - Dany a interrompeu, sorrindo de maneira afetuosa. - Você me dava trabalho porque sempre se metia em confusões, mas não porque era ruim. Eu sei que você estava sempre defendendo as pessoas.
- Oxe... - Carol murmurou, quase inaudível. - Nunca consegui ficar de braços cruzados vendo injustiças acontecerem.
- Eu sei. Mas a questão é que você sempre defendeu os outros, mas nunca foi boa em se defender. - Dany explicou, sua voz suave, mas carregada de verdade.
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OLHOS NEGROS ( Revisando)
FantasíaDois anos depois de uma pandemia que quase dizimou a vida humana. Carol tentar viver uma vida normal desacreditada da humanidade. Uma menina sonhadora, tentando ser realista, Sua única família Dany sua irmã mais velha e tutora, desde que foram ab...