O BEIJO

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Daniel me olhou por alguns instantes, seu sorriso ainda pairava na sua boca sexy. Correspondi com um sorriso tímido e continuei admirando nosso universo, onde milhares de estrelas brilhavam no escuro como jóias cintilantes. Sentei em silêncio, não havia necessidade de palavras, pois a imagem falava por si.

Ele sentou ao meu lado, o suficiente para nossos joelhos se tocarem. Eu respirei fundo, sentindo a leve brisa da nave acariciar meu rosto enquanto observava as cores vibrantes das plantas na estufa. O aroma doce das flores perfumava o ar, misturando-se com o cheiro fresco e limpo que preenchia o ambiente.

Meu coração acelerou ao sentir a proximidade de Daniel, um arrepio percorreu minha espinha enquanto meu corpo reagia à sua presença.

Será que ele estava sentindo arrepios quando nossos corpos se aproximavam. Pensei o olhando  de lado. Não mesmo. Eu não sabia se ele sentia o mesmo.

— Você gostou da surpresa?—Ele perguntou animado.

— Amei. — Respondi emocionada, deixando-me envolver pela magia do momento.

Ele tinha me levado para conhecer uma incrível estufa dentro da nave. A estufa era bonita e espaçosa, tinha muitas plantas diferentes e belas, borboletas voavam e pousavam delicadamente nas árvores, mas o que mais me chamou a atenção foi o teto de vidro que dava para ver a galáxia inteira,  magnífica, bilhões de pontinhos de luz dançavam alegremente, parecendo fogos de artifício no céu noturno.

— São realmente esespetaculares!— Sussurrei extremamente em êxtase.

Observei milhares de asteroides passando rapidamente, de longe via-se algumas nuvens de gás. E lá estava ela. A Terra. E ela é realmente redonda e azul. A nossa Via Láctea tinha um aspecto de espiral, deixando os planetas, satélites e estrelas todos alinhados.

—Incrível, né? — Ele comentou, sua voz suave ressoava  ao meu lado.  

— Sim. — Respondi, sentindo meu coração dançando de alegria dentro do peito.

A vista era realmente incrível, não tinha palavras para descrever o cenário perfeito diante de nós.

— Todos esses planetas são habitados?— Perguntei, observando uma borboleta que pousava delicadamente em uma flor em forma de espiral vermelha.

— Vocês humanos são engraçados. — Ele me olhou dando um sorriso sarcástico
Sério, Daniel? Pensei fechando a cara.

— Estou falando sério. — Retruquei, bufando.
Ele deixou escapar uma risada irônica.

—  O que é engraçado? — Questionei procurando a piada.

Daniel  olhou para cima, admirando o teto de vidro da estufa, que revelava a vastidão do espaço sideral. Seus olhos brilhavam com uma mistura de fascínio e nostalgia enquanto contemplava as inúmeras estrelas que pontilhavam o firmamento.

— Esse pouco tempo que passei ao lado de vocês, me fez entender um pouco, o porque os seres de outros planetas têm um pouquinho de raiva de vocês. — Ele disse, em meio sorriso.

Isso é preocupante! Pensei, sentindo o medo,  me atingi no estômago.

— Vocês têm raiva da gente? — Questionei, curiosa e receosa ao mesmo tempo.

— Eu não, não me leve a mal...
— falou rapidamente. — Mas Para falar a verdade, os terráqueos não são bem vistos fora da Terra...—  Começou ele, sua voz ecoava suavemente no ambiente tranquilo da estufa.

— Vocês terráqueos, sempre agem como se fossem os únicos habitantes deste vasto universo, quando na verdade, somos apenas uma pequena parte de algo muito maior.

Nem todos são assim.

— E vocês possuem o melhor planeta da nossa galáxia! — Ele disse envolvido em seus próprios pensamentos. — E não a valorizam.

Eu não tinha o que dizer, porque também concordava com ele, mas mesmo confiando nele, ainda me assustava o fato de imaginar outros serem nos observando a tanto tempo.
Sabe lá o que eles estão planejando.

— Carol, sabia que vocês são privilegiados?— Ele fez uma pausa, permitindo que suas palavras afundassem , antes de continuar.

— Todas essas estrelas, esses planetas, são habitados. Cada um deles possui sua própria história, sua própria vida. E nós, como viajantes do espaço, temos o privilégio de testemunhar essa diversidade e complexidade.

Seus olhos se fixaram em uma estrela distante, cujo brilho intenso parecia iluminar todo o espaço ao seu redor.

Eu apenas ouvia ele encantada, contando sobre o universo .

— Olhe para cima. — Murmurou, seu tom cheio de reverência.

Ergui os olhos para lindo quadro negro que se mostrava para nós.

— Veja a beleza e a grandiosidade deste universo. É um lembrete humilde de nossa insignificância diante da vastidão do cosmos.

Daniel respirou fundo, me fazendo sentir uma onda de emoção e admiração que percorria meu ser enquanto contemplava a imensidão do universo diante de mim.
Realmente o universo é muito vasto para acharmos que somos únicos.

As palavras de Daniel repercutiam em minha mente, fazendo-me refletir sobre minha própria existência e a noção de privilégio. Enquanto observava as estrelas cintilantes no teto da estufa, uma sensação de pequenez e insignificância me envolveu.

— Você ainda acha que não são favorecidos?

Ele esperou, que eu o respondesse, mas não o fiz, não fazia a mínima ideia do que ele estava falando. Eu sabia que o universo era perfeito, lindo e belo.

OLHOS NEGROS ( Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora