É SO AMIZADE?

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As perguntas pareciam fáceis, Carol não teria problema. Estava sendo sincera, afinal ela não tinha nada a esconder. Ela estava feliz, estava se saindo bem, pensava que seria mais difícil. E até agora não tinha levado nenhum choque, ela estava se saindo muito bem, ela não entendeu, porque o Daniel parecia preocupado.

Ele se preocupou demais, é só eu ser sincera e nada vai acontecer.

— Quem é a pessoa mais importante da sua vida e por quê?

— Minha irmã Dany. — Essa era a pergunta mais fácil de responder.

Ela sorriu.

Se for sobre a Dany as questões, não vou levar nenhum choque.

Tudo estava indo bem, e enquanto respondia, ela se via mergulhando em memórias profundas de sua infância.

Enquanto descrevia seu amor por sua irmã Dany, sua mente vagava para os momentos ternos que compartilharam juntas.

A cena se desdobrava com fluidez, mostrando o cuidado e o apoio que Dany sempre oferecia a ela, desde os tempos mais difíceis até os mais felizes.

— Porque ela que cuidou de mim a vida toda, somos muito unidas, ela é uma pessoa incrível. — Carol respondeu sentindo as lágrimas ameaçarem  caírem em seu rosto. — Quando nosso pai morreu, minha mãe foi embora nos deixando com nossa avó Zélia, e  minha irmã começou a trabalhar cedo, aos 12 anos, ajudando na lojinha da nossa vizinha, a mãe da Ana, para não deixar nada faltar para nós. — Ela soltou um suspiro sentindo-se envergonhada.

— Tenho muito orgulho e admiração por ela.

— Compreendo.

— Quando fiz dezoito anos ela comprou nossa casa. E colocou no meu nome, mas foi morar de aluguel quando minha mãe apareceu.

Carol pegou o lenço que Suele a oferecer, percebendo que já não segurava mais suas o choro emocionada.

— Porque ela foi embora, se tinha comprado uma casa? — Suele perguntando, tirando os fones de ouvido, curiosa com a situação.

— Ela não perdoou minha mãe por ter nos deixado. — Carol responde limpando as lágrimas com o lenço. — Ela terminou os estudos e pagou a faculdade tudo por conta própria.

— Sua irmã parece ser uma mulher incrível. — Suele falou, colocando os fones novamente.

— Ela é. — Carol concordou  num sorriso tímido. — É  a pessoa mais maravilhosa,  guerreira que conheci na minha vida. — Confessou. —  É  acabou se tornando minha melhor amiga.

Enquanto Carol relatava seu carinho por Dany, uma pequena e singela lembrança de sua infância se desenrolava em sua mente.

A pequena Carol, de apenas seis anos de idade, brincava correndo com sua amiga Ana, pelo quintal da casa modesta onde ela e sua irmã mais velha, Dany, viviam com sua avó Zélia. Dany, com seus doze anos, estava sentada em um banco de madeira, lendo um livro enquanto supervisionava elas  brincando.

— Olha, sou uma princesa. — Avisou Carol toda empolgada.

— Prefiro ser uma modelo. — Afirmou Ana andando de um lado para o outro com sua mãozinha na cintura.

— Vocês estão lindas. — Dany berrou de longe.

—Obrigada. — Disseram em um coro.

Carol arrumou seu vestido e rodopiou alegremente.

— Você ficou bem de princesa. — Ana elogiou observando dona Zélia trazer uma bandeja deixando sobre a mesinha do quintal.

— Vamos lanchar? — Ana sussurrou empolgada.

Carol confirmou rindo.

—  Por isso somos amigas. — Brincou correndo. — Quem chegar por último é a mulher do padre. — Disse correndo na frente.

— Hein... — Ana correu atrás da amiga rindo.

Carol olhando para trás, acabou  tropeçando em uma pedra e cai no chão, lágrimas começam a brotar em seus olhos. Imediatamente.

— Carol. — Dany percebeu sua irmã ao chão e  largou o livro e se levantou desesperada, correndo para o lado da irmã mais nova. Ela a levantou do chão e a envolveu em um abraço protetor.

— Você está bem, Carolzinha? — Dany perguntou com carinho.— Não se machucou?

— Eu cai...— Snifando, Carol disse mostrando o pequeno arranhão a irmã.

— Você está bem mana? — Ana perguntou preocupada.

Carol confirmou limpando as lágrimas.

— Não se preocupe, eu estou aqui.— Dany garantiu, com um sorriso gentil. — Vamos limpar esses joelhos e logo você estará correndo de novo.

Carol olhou para sua irmã mais velha com admiração nos olhos, sentindo-se segura e amada.

De volta ao presente, um sorriso nostálgico se espalhava pelo rosto de Carol enquanto ela se lembrava dos muitos momentos em que Dany cuidou dela com tanto carinho durante sua infância. Essas memórias fortalecem o vínculo especial que as duas sempre compartilhavam.

— Você a ama muito. — Suele disse olhando as imagens que surgiram na tela.

— Ela sempre cuidou de mim com tanto carinho. — Disse limpando as lágrimas.

— A amizade de vocês é linda, algo raro de ser ver. — A loira admitiu com um sorriso terno.

À medida que as perguntas eram feitas, Carol respondia com sinceridade, confiante de que não tinha nada a esconder.

OLHOS NEGROS ( Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora