Tudo está girando. Abro os meus olhos, continua girando, então fecho-os imediatamente, como se adiantasse de alguma coisa. Estou na minha cama, tenho total certeza disso. Começo a abrir os olhos devagar, ao que tudo indica, já é quase dia. A minha roupa molhada... já não está mais no meu corpo, meu cabelo, parcialmente seco. Também sinto que tem alguém sentado na cama. A questão agora é só uma: o que foi real e o que não foi?
Minha cabeça dói muito, além de tudo. Chego a emitir um gemido na minha primeira tentativa de me erguer, fracasso. Na segunda, tenho o mesmo resultado. Portanto, me contento em virar um pouco para, ao menos ver se de fato tem alguém aqui ou se eu estou maluco.
Minha visão não foca, e tenho mil motivos para achar que ainda estou sonhando. Eu o reconheceria em qualquer lugar! Mesmo estando de costas, sentado na ponta da cama. Henri está comigo mais uma vez, rezo pra que seja real, mesmo que eu não saiba se acredito em algo para que possa rezar. As dores no meu corpo e vontade de vomitar são reais...
Está com os cotovelos apoiados nos joelhos, possivelmente encarando o espelho a frente. Com absolutamente força nehuma, tento me erguer de vez, nota que despertei, pois vira-se, mas não por completo, sequer chega a olhar para mim... apago novamente.*
-Eu acho que você estava tentando me matar de preocupação.-Callie me ataca assim que abro os meus olhos, mais uma vez. Meu olhar corre por todo o cômodo, eu não o vejo... e não sei se deveria. Minha amiga, está de braços cruzados próxima a porta.-Eu fiz todo mundo te procurar, tem noção disso?
De quando "despertei" mais cedo para agora, parece que apenas pisquei e o tempo correu. Meu quarto já está totalmente iluminado pelos raios solares do dia, pois alguém abriu as cortinas, diferente de antes. Mas eu continuo do mesmo jeito, sem a roupa molhada, estando de cueca, e morrendo de dor de cabeça. Porém, agora já consigo me erguer um pouco.
-Que horas são?-Pergunto, quase voltando a me deitar.
-Oito e meia. Eu preciso correr, a vovó vai acordar logo.
Tenho algumas perguntas, mas com certeza Callie não saberia as respostas de todas elas, então opto por poupa-la. Puxo parte dos lençóis que me cobrem, revelando meus joelhos ralados superficialmente, por conta de algumas quedas ontem.
-Valeu por me trazer.-Levanto para vestir uma roupa.
-Que? quantos comprimidos você tomou?-Questiona, me deixando um pouco confuso... e esperançoso.-Droga... eu sei, eu deveria ter avisado. Que amiga filha da puta eu sou.
Acabo de vestir uma calça de moletom e qualquer camiseta que encontro.
-Então eu...
-Exatamente! você voltou sozinho, olha o seu celular, depois de quase matar todo mundo do coração você me avisou que estava em casa.-Explica como se tudo fosse muito óbvio.-Olha! você até dobrou a roupa que estava usando, só pode ter sido você. Tudo bem?!
-Ah, claro..-Digo, fingindo lembrar.
-Até mais tarde, drogadinho. Ah, e o Oliver tá aí em baixo.
Mais uma surpresa, e não diferente das outras, com essa eu também não posso lidar. Eu não estava contando com vê-lo tão cedo, então não pensei se deveria lhe dar uma dica sobre o que presenciei. Não quero me intrometer em nada, mas também acho que ele não deve sofrer! É literalmente uma das únicas pessoas com quem eu gosto de conversar, ele é empático e sensível, na medida certa, isso me faz imaginar o que mais Nelly procura em alguém.
Apanho o meu celular, na mesinha de cabeceira e vou diretamente olhar as mensagens. De fato, "eu o fiz", avisei para Callie que não precisava se preocupar. A parte curiosa é que não me lembro... bem, lembro do meu dedo tocando-o para desbloquear, mas não de ver a tela enquanto digitava. Entretanto, em hipótese alguma posso descartar a hipótese de que eu tenha o feito.
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Frenesi
RomanceSEQUÊNCIA DE "BULLYING". "Eu não posso esquecer de quem eu sou... Onde você está? Por que não volta para mim, para então podermos resolver toda essa bagunça? E se... eu acabar me interessando por outra pessoa? (...) para o nosso bem, eu não posso es...