Frenesi

Capítulo 13 - Deriva

Permaneço incrédulo. Todo o meu corpo treme, e não consigo tirar os meus olhos dos seus. Quando penso em fazer isso, o meu corpo enfraquece, fortes emoções me causam tontura, então há grandes chances de eu desmaiar aqui e acordar questionando a realidade... eu não quero que isso aconteça.
Sabe que não vou expor que está aqui e colocar tudo a perder, mesmo que eu não saiba porque está, mas até que faz sentido, por que a polícia procuraria o "criminoso" na cena do crime?. Já não está mais com a sua mão sobre a minha boca, porém aguarda a minha resposta, e essa é a parte complicada... as palavras. Eu mal consigo pensar, muito menos me expressar.

-Escuta...-Diz, podendo reparar nos meus olhos marejados que tenho dificuldade para formar uma frase sequer.-Vocês precisam cair fora daqui.

Ergo a minha mão mais uma vez para tocá-lo e procurar a certeza de que isso é real. Não me restam dúvidas! A emoção me domina e acaba com todas as minhas reações. Eu pensei tanto em como agiria nesse momento... foram infinitas situações nas quais nos encontrávamos, na minha mente, e agora que aconteceu... tudo o que faço é transbordar de emoção através dos meus olhos e me tremer.

-Eu... preciso de você.-Digo, as demais palavras não saem.

-Porra, Kody! Não me diz que foi embora e me largou aqui, eu te mato! Cadê você?!-Callie já está na escada, o que me faz escapar da minha epifânia e abaixar para pegar o meu celular no chão.

Enxugo as minhas lagrimas com as mãos enquanto levanto-me, já podendo dar de cara com ela e sua lanterna que me deixa meio que cego por um segundo. Imediatamente olho ao meu redor, não tem mais ninguém por perto. Eu poderia revirar toda essa casa a procura dele agora mesmo, mas se Callie souber, todos vão saber, e eu tenho certeza de que ele não quer isso.

-Eu já estava indo.-Digo. Ela assente, meio desconfiada.

-O que rolou? parece que andou vendo fantasma.-Questiona, iluminando todo o corredor a procura de algo que nem sabe o que é.-Vem, eu finalmente encontrei o porão secreto desse lugar e é mais legal do que eu imaginei.

Espero que vá na frente e desca logo as escadas para que eu finalmente a siga. Ainda estou tentando colocar tudo no lugar, o que vai demorar um pouco. Meu coração continua como se eu tivesse corrido quilometros sem parar.
Quando chego até a escada pra descer, viro-me para trás.

-Eu te coloquei nessa e vou te tirar. Pode me odiar o quanto quiser por eu ter feito isso, eu aguento... só quero te deixar saber a verdade.-Digo, num sussurro, esperando ser ouvido por ele, seja lá onde esteja. Eu vou dar um jeito no que fiz, mesmo que esteja, neste momento, planejando como acabar comigo agora que conhece a verdade.

Me sinto preparado para tudo. Que sentimento pode ser pior do que o que a sua ausência me causa?

*

A sensação de estar nessa casa... sabendo que ele também está aqui, e que não posso mais vê-lo, é diferente de qualquer coisa que imaginei que poderia sentir hoje. O meu pensamento não sai dele em momento nenhum, tudo o que quero é voltar correndo lá em cima para passarmos o resto da noite juntos, mas não acho que seja isso o que quer.

-Eu saí pisando mais forte no chão como uma doida pra encontrar a porra porão.-Reclama Callie, enquanto eu a sigo para dentro de uma dispensa. Lá dentro, encontro no chão um carpete que fora rasgado dando acesso a uma espécie de passagem para o subsolo. Bom, um porão que foi escondido por um carpete.

-Pode ir sozinha, eu tô bem, e meus pulmões também.-Comento.

Também não consigo imaginar quais espécies de animais e insetos nojentos que há lá dentro, o que acaba complicado tudo. Callie é tão sem noção as vezes.