Capítulo 30 - Dentro

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Na manhã seguinte, acordo agradecendo a mim mesmo por ter deixado o meu celular no silencioso. A ligação de Nelly as sete da manhã, há algumas semanas atrás, me faria atender num piscar de olhos, agora, só me deixa meio apreensivo mesmo. Tenho quase certeza de que é para me pedir para convencer o Henri a fazer alguma coisa, o que provavelmente não acontecerá.
Ele ainda dorme... isso é um grande alívio para mim, que estou mais do que acostumado a acordar sozinho sempre que dormimos juntos, o que sempre é seguido por um trauma diferente.
Tento escapar dos seus braços, com um pouco de dificuldade. Não quero que acorde antes que eu tenha um plano para fugirmos dessa bagunça.

Levanto-me e caminho em meio aos pedaços de objetos no chão, eu provavelmente vou arrumar isso também para não acabar com o dia da pessoa que fizer o serviço de quarto. Entro no banheiro e fecho a porta cuidadosamente.

-Bom dia! como vocês estão?-Pergunta, no exato momento em que toco o botão de atender.

Encosto-me na parede e vou deslizando até sentar no chão.

-Bem... eu acho.-Digo.-Aconteceu alguma coisa?

Ouço o barulho do transito do outro lado da linha.

-Ainda não... mas vai acontecer, se você convencer o Henri a falar ao vivo com a imprensa.-Dito e certo, como imaginei antes. Ela sequer titubeia antes de falar, mas o que a faz achar que eu faria isso? Se o Henri não falou até agora, ele provavelmente não vai, não sou eu quem vai mudar isso, e se fosse, não seria o que quero para ele.-É sério... tem muita gente interessada nessa história, já temos vinte e duas editoras famosas interessadas em publicar um livro e também propostas de um documentário...

-De jeito nenhum!-Tento sussurrar, mas na verdade eu queria dizer em alto e bom som.-Isso não é o que o Henri quer! por que não podem simplesmente esquecer isso tudo?! ele não está bem!

Ouço-a respirar fundo.

-Veja bem, Kody... Isso tudo, como você diz, está fazendo a carreira de muitas pessoas, como a minha, por exemplo. Eu finalmente terei chances que nunca antes teria, e tudo isso porquê decidi te ajudar cegamente e acreditar em você enquanto todo mundo estava vendo o seu namorado como um assassino...

-Isso não significa que eu tenho que contribuir com isso e colocar a saúde mental dele em risco...-Interrompo-a.

Faz-se silêncio por alguns segundos.

-Você pode ligar a TV, por favor?-Pede. Custo a perceber que ainda está falando comigo.

Levanto-me e abro a porta, caminhando cuidadosamente e passando pela divisória para apanhar o controle e ligar a TV, só para que me deixe em paz o mais rápido possível.

Assim que aperto o botão para ligar, o jornalista fala sobre a mesma coisa que nós. "E agora, mais sobre o caso que recentemente chocou o país. O serial killer disfarçado de doutor que fez mais ou menos 28 vítimas!" Diz ele.

-O que você quer dizer?-Questiono.

-Muda de canal. Vai mudando...

Aperto os demais botões.

"Novos corpos são encontrados na região onde o assassino em série, Sean West, fazia suas vítimas"
"Última companheira do assassino em série, decidiu não se identificar e se recusa a dar entrevista, também abrindo mão dos seus bens"
"Saiba mais sobre o caso que enganou todo o mundo, filho que empurrou pai da escada, na verdade se defendia de serial killer".

Diferentes canais, o mesmo assunto. O breve pânico que sinto me faz desligar a TV de imediato. Volto o meu olhar para Henri, que ainda dorme, antes de acordar para viver um pesadelo.

FrenesiOnde histórias criam vida. Descubra agora