Capítulo 27 - (Re)começo

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Passaram-se dias como se fossem séculos, enquanto vi todas as noites se tornarem dia. Uma semana desde a última vez em que o vi, oito dias desde a sua prisão. Nunca estive tão ansioso, e posso dizer isso com segurança.
Não tenho nehuma informação sua, além do que vejo na TV e do que o primo de Nelly a deixa saber, que consequentemente é passado para mim. Ele foi transferido para outro presídio dias atrás, onde aguardará o julgamento, que não deve acontecer tão cedo. Se meteu numa briga recentemente e não pôde encontrar o advogado, que provavelmente sequer iria lá.

As coisas não aconteceram como mágica, como eu cheguei a pensar que seria. E... por que seria? ainda é a porra da minha vida, e nada vem fácil além de decepções.
A depressão me pegou e não vai soltar tão cedo, eu mal tenho saído de casa, e tenho faltado nas consultas. Na última vez em que fui, a doutora me sugeriu um grupo de apoio para vítimas de relacionamentos abusivos, e por isso desceu no meu conceito. Eu tenho plena noção do que o meu relacionamento com Henri era, mas não é por isso que eu quero encontrar com pessoas que acham que estão na mesma para competir sobre quem está mais fodido emocionalmente. Eu não sei como isso pode ajudar alguém.

Enquanto permaneço no meu estado de vegetação vendo filme de comédia romantica e comendo cereal na frente da TV, aguardando ansiosamente por alguma notícia ruim sobre ele, sinto o meu celular vibrar em algum lugar do sofá. Se não for Callie fazendo mais reclamações sobre como é chato ter os seus pais de volta em casa ou a minha mãe me pedindo para sair e tomar um sol, eu vou ficar surpreso. Se trata de Nelly, o que desperta o meu interesse imediatamente. Espero que tenha alguma novidade.

"Perdi o meu celular numa viagem, como você tá?"

Oliver. Só pode ser ele. Levanto-me, sentindo as minhas costas estralarem por mudar de posição depois de tanto tempo. Não seria nem um pouco de exagero se eu admitisse que é a única pessoa com que eu gostaria de conversar nesse momento, ele andou sumido por alguns dias, o que me deixou confuso e preocupado. Da última vez em que nos vimos, eu dei um milhão de motivos para se afastar de vez. Também não tive muito contato com Nelly, pelo que fiquei sabendo está ocupada com algo no estágio.

As minhas opções são limitadas. A minha mãe vai querer arrastar a doutora Susan até aqui quando chegar e me ver nessa situação, e eu sinceramente não quero que isso aconteça. Não quero conversar com ninguém que não tenha notícias para me dar sobre o que está acontecendo.

"Tô indo aí" respondo.

*

Sair de casa sabendo que não vou largar o meu celular por um só segundo, e que não tirarei os meus olhos dos sites de notícias é uma tarefa meio arriscada. Tentei pensar sobre o que estou fazendo o mínimo possível, no banho, eu repetia na minha mente que eu estava, por um momento na vida, fazendo o que é melhor para mim, mas isso meio que nem serve de consolo, então tentei simplesmente lutar contra mim mesmo. E quando fui me dar conta, já estava dentro do meu carro. Tendo uma crise de ansiedade.

No exato momento em que piso os meus pés na entrada do campus, acabo dando de cara com a Cami. E a pior parte é que ela dá de cara comigo também. Começa a cutucar as suas amigas, como se eu não pudesse ver, e então se aproxima um pouco, tirando os seus óculos de sol.

-Kody! que bom te ver, você está bem?!-Questiona, mesmo sabendo a resposta ao ver as minhas olheiras e que estou muito mais pálido do que nunca. Ela tem mais um milhão de perguntas para fazer.

-Sim...-Assinto.-Muito bem.

Seu sorriso some.

-Fiquei sabendo que o Henri foi preso, eu quero dizer que sinto muito e que você tem o meu total apoio. Pode contar comigo para o que precisar.-Não vejo nem um pouco de sinceridade no seu olhar.

FrenesiOnde histórias criam vida. Descubra agora