Capítulo 5 - Passado

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Me certifiquei de que estava tudo certo em casa antes de sair. Minha mãe ficou mais feliz do que eu, pelo fato de eu estar indo numa festa com pessoas da minha idade.
Enquanto eu, fiquei num dilema sobre quantos suéteres idênticos eu tenho. Preto, azul escuro e vinho. Essas cores se repetem inúmeras vezes. Eu não sei porque, mas isso me deixou meio que estressado.
Optei pelo vinho hoje. Tem poucos minutos que estou aguardando Callie, na frente da sua casa. Através do parabrisa do meu carro, observo que alguém acertou em cheio com, possivelmente, uma pedra em uma das janelas da antiga casa do Dr. West. Não julgo a pessoa que estava revoltada o suficiente ao ponto de fazer isso. Talvez eu também fizesse...

De repente, Callie sai devagar de sua casa e fecha a porta. Fazendo um grande esforço para manter o silêncio, acho que alguém não deveria estar saindo agora... ela continua odiando regras, é claro, nem tudo mudou.

-Fuga bem sucedida?-Pergunto, assim que abre a porta do carro.

Suspira, meio aliviada.

-Meus pais não podem nem disconfiar. Tenho que voltar antes que a vovó acorde, ou tô fodida.

Isso não será problema, pois não tenho planos de demorar por lá. Tive tempo pra elaborar respostas para as perguntas sem noção de Cami; "não sei" para todas elas. Portanto, tô um pouco mais tranquilo do que quando fui "convidado".

-Pode pensar em algumas desculpas durante o caminho...-Sugiro.

-Porra, Kody, valeu por ser tão otimista!

Dou de ombros.

-Tô tentando te convencer a não beber.-Digo, pois sim, nas muitas vezes em que vi Callie bêbada, eu só conseguia me questinar em onde eu havia me metido.

-Relaxa, tá bom? eu só quero tirar o atraso! você deveria fazer o mesmo. Tô sentindo que tem muito homem gostoso naquele campus.

Meu sorriso forçado é automático, mesmo que esteja muito ocupada tentando dar um jeito no seu cabelo no espelho.
A verdade que mais tento evitar é que, eu não sinto que teria capacidade de conhecer alguém agora... e também que... eu não me vejo com mais ninguém além dele.
Que droga!

*

É evidente que não fui em muitas festas do colegial, mas já tenho uma grande noção para perceber diferenças e semelhanças entre estas e o ambiente em que estamos agora. Tem gente bêbada e desesperada por sexo em ambas, não surpreendendo ninguém. Aqui, o que notei primeiro foi uma névoa de fumaça; maconha para todo lado. Nas festas da escola, a polícia já estaria lá. Bom, acho que os universitários necessitam disso. Aqui, tem meio que grupinhos de pessoas da mesma "categoria", entre muitos outros detalhes.

Callie me arrasta por meio da casa de fraternidade enorme. Ficou em êxtase desde que descemos do carro e o cheiro da fumaça invadiu nossos narizes.
A minha teoria de que Camille pode localizar pessoas com o poder da mente parece cada vez mais real, já que acaba de surgir em meio a multidão e vir de encontro a gente, expondo uma alegria imensa. Tá escrito na sua testa que está forçando reação.

-Que saudades! Como vocês estão?! Callie, você está cada dia mais linda!-Diz, tentando superar a música alta para que possamos ouvir. Ainda com um sorriso forçado, seu olhar desce e sobe em mim. Imagino que deve pensar "e você cada dia mais parecido com um vampiro com essas olheiras e pele pálida".

-Eu digo isso sempre que me olho no espelho, mas obrigada, amiga! Cadê as bebidas?!-Questiona Callie, passando um olhar de 360 graus por toda a sala. Ela realmente está disposta a me deixar sozinho com Camille por alguns minutos, achei a idéia totalmente desnecessária.

A rainha da história mal contada aponta para onde deve ficar a cozinha, fazendo Callie correr para lá, logo após avisar que volta já.
Só de pensar em encarar a multidão, desisto de ir junto.

FrenesiOnde histórias criam vida. Descubra agora